sexta-feira, abril 05, 2024

Nota: erros, nomeações e exonerações

O mote terá sido dado, não sei se inadvertidamente, na própria noite da vitórias nas directas do PSD-Madeira por Miguel Albuquerque, quando afirmou haver pessoas que estiveram contra a sua candidatura e que porventura deviam abandonar os cargos de nomeação política que desempenhavam na estrutura governativa, em diferentes patamares. Sobre as exonerações sugeridas depois das directas no PSD-Madeira começo por salientar que este assunto só me dá razão quando recomendo ao PSD-Madeira a urgente elaboração de um código de conduta para ser aplicado e rigorosamente observado pelos nomeados para cargos públicos que dependem de confiança pessoal e política dos nomeadores, bem como a todos os eleitos em função do voto dos eleitores em listas partidárias de que façam parte.

Eu divido a análise ao assunto, polémico e nada consensual, em dois itens: uma coisa é o aspecto pessoal, da relação entre titulares do governo e pessoas por si nomeadas para funções de gabinete, de confiança pessoal ou política, que decidiram apoiar propostas ou pessoas que concorreram contra a lógica institucional imposta pela direcção de Albuquerque. Quando uma pessoa escolhe para trabalhar no seu gabinete pessoas da sua confiança pessoal e política, obviamente que essa confiança não pode ser alterada por decisões dos nomeados, sem que estes percebam limitações mais do que óbvias e sem que se esforcem por entender que tem que haver uma conduta consentânea e que no exercício de determinados cargos, há condicionamentos que neutralizam certas lógicas e manifestações públicas. Ou seja, os nomeados para lugares de confiança pessoal ou política – portanto, passam a fazer parte de um todo, neste caso de um Governo ou de uma autarquia com estruturas de direcção políticas definidas, hierarquizadas e definidas, não podem ignorar que lhes foram traçadas, enquanto se mantiverem nessas funções, linhas vermelhas que outros não têm.

A outra questão é institucional: acham mesmo que num gabinete governamental, existe a garantia de confiança e de unidade entre os seus membros, assente num quadro de divisão generalizada de apoios pessoais divididos por duas ou mais candidaturas partidárias? Não me gozem. O problema é a falta de um código de conduta que devia ser obrigatório no PSD-Madeira, clarificando regras claras e procedimentos que impeçam a repetição destas cenas que nada têm a ver com os 50 anos da democracia, com a liberdade nem com o 25 de Abril.

As pessoas são livres de fazerem escolhas, mas devem fazê-lo num quadro político que saber ter regras, quadro esse que não é compatível com jogos duplos, vaidades pessoais e com a ânsia de protagonismos mediáticos, esquecendo tudo o resto, ainda por cima quando o voto é secreto havendo deste modo, e sempre, a oportunidade de cada um votar e escolher quem entende dever apoiar, sem ruídos e confusões. Já os militantes sem funções públicas nem nomeações assentes na confiança política ou pessoal, não têm restrições.

Costumo dizer que são todos democratas e adeptos da livre decisão e da liberdade de expressão, até que uma pedra lhes esbarre o caminho ou que a polémica lhes caia em cima. Se tudo isso acontecer na casa do vizinho, comentam, esfregam as mãos de contentamento, ignoram até. Mas quando nos toca a nós, a concepção de democracia altera-se. Não há volta a dar, seja na esquerda seja na direita.

Finalmente uma nota ao PS-Madeira e à sua hipocrisias e manipulação demagógica do costume: afinal o saneamento político de Carlos Pereira atirado para  a candidatura por Lisboa - porque assim aconteceu - e afastado da lista da Madeira pelo simples facto de ser oposição a Paulo Cafofo e à sua côrte foi o quê? Saneamento pessoal e político? Obviamente que sim, um descarado saneamento pessoal e político de uma pessoa que desconfio que nunca na vida quererá alguma coisa com Paulo Cafofo e que não esconde isso. Como é que uma madame – que até devia ter algum tento... – vem apontar o dedo acusatório ao PSD-Madeira por estas lamentáveis e dispensáveis situações agora ocorridas, ainda por cima num governo regional a prazo, de gestão, a caminho do fim do mandato? (LFM)

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