segunda-feira, abril 08, 2024

Famílias portuguesas viram prestação da casa paga ao banco subir 79% desde 2022

A subida das taxas Euribor tem sido ‘uma cruz’ para muitas famílias portuguesas, que têm visto as prestações ao banco aumentar sucessivamente, apesar do ligeiro alívio sentido nos últimos três meses. Feitas as contas, as famílias portugueses tiveram um aumento de 79% na sua prestação nos últimos dois anos. Para quem tem um contrato de crédito à habitação, as boas notícias que possam permitir reduzir o “mais forte e mais imediato” impacto financeiro sofrido nos bolsos dos portugueses num passado recente teimam em chegar. Nesse sentido, falámos com Nuno Rico, especialista da DECO-PROTeste, para comparar a evolução das taxas até ao presente. E os números são esclarecedores das dificuldades atuais das famílias portuguesas. Utilizando um contrato tipo de um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos, com um spread (margem comercial do banco) de 1% de referência, para efeitos de comparação, e utilizando a taxa Euribor a seis meses – “atualmente a taxa mais utilizada em Portugal mas também por ser um valor intermédio entre a de 3 e 12 meses”, apontou Nuno Rico -, ‘regressou-se’ a janeiro de 2022, altura em que registaram recordes negativos das taxas Euribor, e o pico registado nesta fase recente de subida (em novembro de 2023) para tirar as seguintes conclusões:

– em janeiro de 2022, a prestação para um contrato tipo como o do exemplo era de 445,83 euros, com uma média de Euribor negativa de 0,545%. Já em janeiro de 2024, o mesmo crédito custava 798,55 euros, com uma taxa média de 3,927% – ou seja, em dois anos, esta prestação agravou-se em 352,72 euros, um aumento de 79%.

– se for comparado janeiro de 2022 com o pico de novembro de 2023, a Euribor subiu 4,66 pontos percentuais, o que colocou esta prestação em 815,81 euros, com uma média de 4,115% da Euribor de 6 meses – uma subida de 369,98 euros, mais 83% em apenas 22 meses.

– desde então, do pico de novembro de 2023 para a atualidade (abril de 2024), os portugueses viram a prestação baixar 20,18 euros, menos 2,5%, sendo que a média atual é de 3,895%.

Mas há mais dados:

– comparando uma prestação média entre janeiro de 2022 e uma de janeiro de 2024, o agregado das famílias portugueses suportavam um custo mensal com o seu crédito à habitação de 216 milhões de euros a mais do que há dois anos.

– de acordo com dados do Banco de Portugal, a prestação média de janeiro 2024 estava estabelecida em 426 euros, de todos os contratos ativos, sendo que em janeiro de 2022 foi de 282 euros.

Esta subida encontra paralelo no último grande aumento das taxas Euribor? Não. Recuando a outubro de 2008, quando foi registada a taxa mais alta de sempre da Euribor a 6 meses, como se comportaram as taxas nessa fase ascendente? Temos os números.

– o valor mais baixo foi registado em agosto de 2005, com uma média de 2,135% e uma prestação de 643,38 euros. Em outubro de 2008, atingiu-se o pico de 5,219%, que resultou numa prestação de 920,55 euros.

A conclusão, referiu Nuno Rico, é que apesar de se ter atingido um valor de prestação muito superior, entre estes dois pontos a prestação subiu apenas 277,17 euros, ou seja, um aumento de 43%. Entre o pico mais alto e o pico mais baixo, o crescimento foi de 3,08 pontos percentuais em 38 meses, ao contrário dos 4,66 pp em 22 meses.

“Traduzindo-se para o orçamento das famílias, o impacto foi muito maior em termos de amplitude e isto em quase metade do tempo”, indicou o economista. “Para percebemos doutra forma, o ritmo de subida da Euribor foi agora 2,6 vezes mais rápido do que tinha sido entre 2005 e 2008”, concluiu (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)

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