sexta-feira, dezembro 08, 2023

Sondagem Expresso: Carneiro perto do eleitor médio, Pedro Nuno melhor no do PS

Os entrevistadores que foram, porta a porta, fazer esta sondagem no final de novembro levaram desta vez não um, mas dois boletins de voto: um tinha associado ao PS o nome de Pedro Nuno Santos, o outro tinha junto ao mesmo símbolo socialista o nome de José Luís Carneiro. As respostas recolhidas foram, porém, iguais em 91% dos inquiridos, pelo que o resultado final tem diferenças insignificantes (e totalmente dentro da margem de erro). Em síntese, seja qual for o escolhido pelos militantes daqui a uma semana, nas eleições diretas, nada nesta sondagem indica que seja alterada a intenção de voto no PS. Não, pelo menos, por este fator.

Os resultados brutos apurados pelo ICS-ISCTE indicam 22% para o PS, 4 pontos a mais do que recolhe o PSD. E, mesmo após a distribuição de indecisos, a vantagem socialista a três meses das legislativas varia de 3 a 5 pontos percentuais. Tendo em conta que o PSD tem o seu candidato a líder escolhido, o ponto de partida não parece ser mau para os socialistas. É inegável que o desgaste da maioria teve peso: face à sondagem pré-legislativas de 2022, o PS está com menos 6 pontos nas intenções de voto (menos 8% após distribuição de indecisos). Mas a crise política e a demissão de António Costa parecem não ter tido, por agora, impacto especial: em setembro deste ano, antes da Operação Influencer, o PS tinha exatamente a mesma intenção de voto do que agora.

Há, contudo, neste inquérito mais dados relevantes para a disputa interna socialista. O mais significativo será o das diferenças entre os simpatizantes do PS e a generalidade dos eleitores.

Primeiro, relativamente à pergunta sobre qual dos candidatos — Pedro Nuno Santos ou José Luís Carneiro — conseguiria um melhor resultado eleitoral: se entre os mais próximos do PS Pedro Nuno Santos leva uma vantagem (ligeira) de 5 pontos — 37% para 32% —, entre o total de inquiridos a diferença estreita-se para 2 pontos, um empate técnico (26% contra 24%). Note que, em qualquer caso, a diferença não é estatisticamente significativa e que 50% disseram não saber ou não haver diferença entre os dois.

Em segundo lugar, a diferença entre os eleitorados revela-se no posicionamento ideológico dos dois candidatos. Os simpatizantes do PS colocam-se muito perto da posição que atribuem a Pedro Nuno Santos (3,7 numa escala de 0 a 10, em que o zero é a ponta mais à esquerda), enquanto a amostra total de inquiridos se posiciona ideologicamente mais perto daquela que atribui a José Luís Carneiro, ou seja, do centro político.

Dito de outra forma, se a sintonia ideológica fosse critério para as próximas eleições, Pedro Nuno Santos teria mais facilidade em mobilizar o eleitorado socialista, enquanto José Luís Carneiro conseguiria ­maior tração entre o eleitorado de centro, não necessariamente ligado ao PS. Vale a pena anotar, porém, que nada nesta sondagem indica este fator como crucial, por agora.

O que não é diferente é a avaliação das características pessoais de Pedro Nuno Santos e de José Luís Carneiro. Os inquiridos como um todo e a subamostra de simpatizantes do PS concordam em elogiar mais José Luís Carneiro na maioria das características avaliadas, nomeadamente na “ponderação”, “simpatia” e “honestidade”. Por outro lado, Pedro Nuno Santos é visto como sendo mais “experiente”, “disposto a dizer o que pensa” e “forte”. Depois há um quase empate em duas categorias: “preocupação com as pessoas” e “competência”, com ligeira vantagem para o atual ministro da Administração Interna.

A dúvida, claro está, é quais destes fatores os militantes do partido vão entender como decisivos para escolherem o sucessor de António Costa.

NÚMEROS

  • 3,7 é a posição ideológica em que os simpatizantes do PS colocam Pedro Nuno Santos numa escala de 0 (esquerda) a 10 (direita)
  • 3,8 é a posição ideológica em que os simpatizantes do PS se autoposicionam numa escala de 0 (esquerda) a 10 (direita)
  • 4,2 é a posição ideológica em que os simpatizantes do PS colocam José Luís Carneiro numa escala de 0 (esquerda) a 10 (direita) (Expresso, texto dos jornalistas DAVID DINIS e SOFIA MIGUEL ROSA)

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