quarta-feira, dezembro 27, 2023

Maior visibilidade pública e reforço da resposta à evolução digital são desafios da Comissão Nacional de Eleições

Conclusões constam do “Estudo de Identificação e formulação de estratégias para resposta aos desafios atuais e futuros da CNE – Comissão Nacional de Eleições”, apresentado esta terça-feira na Assembleia da República. Uma maior visibilidade pública e o reforço na resposta à evolução digital estão entre os principais desafios da Comissão Nacional de Eleições (CNE), identificou o Centro de Estudos de Gestão (CEGE) do ISEG num estudo recente. Numa nota emitida a propósito da apresentação pública do documento, é destacado que existe “uma perceção maioritariamente positiva da CNE”. Contudo, o “Estudo de Identificação e formulação de estratégias para resposta aos desafios atuais e futuros da CNE – Comissão Nacional de Eleições” alerta para a “necessidade de reforçar a notoriedade e imagem da Comissão como garantia histórica da fiabilidade e confiabilidade dos atos eleitorais, bem como para aumentar o conhecimento público acerca das suas atribuições e responsabilidades”.

Em percentagens, 68% dos inquiridos admitem conhecer bem ou muito bem a atividade desenvolvida pela CNE e 72% dos inquiridos concordam que a CNE transmite confiança à sociedade. Sobre o conhecimento público das competências da CNE, metade respondeu afirmativamente.

O voto eletrónico, presencial ou à distância foi uma das questões mencionadas no relatório. “O estudo aponta para a necessidade de reforço das competências digitais da CNE, preparando-a para um cenário em que passe a estar disponível alguma modalidade de voto eletrónico, presencial ou à distância”, refere o comunicado, acrescentando que, “em qualquer destes cenários”, a CNE deverá “garantir a fiabilidade do voto e que não ocorra a exclusão de cidadãos eleitores pelo menor domínio que possam ter dos instrumentos tecnológicos”.

No domínio do digital, acrescenta a nota da CNE, deverá ser “aposta de curto prazo” a “digitalização dos cadernos eleitorais e o recurso às tecnologias para comunicar com cidadãos e eleitores”.

Perante a disseminação de fake news e dado o “seu potencial de introduzir desigualdades entre candidatos e candidaturas, salienta-se o contributo que a CNE deverá ter para minimizar essa realidade através de mecanismos de esclarecimento público”.

Quanto às sinergias com os órgãos de comunicação social, o estudo releva “a necessidade de reforço e sistematização das regras referentes à propaganda eleitoral”, bem como “um reforço da articulação com a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC)”.

Passando à organização eleitoral, outra das quatro principais áreas de intervenção da CNE, “embora nem todas as medidas decorram diretamente da iniciativa e atividade da CNE, o estudo aponta para a importância do envolvimento da Comissão no que diz respeito a formas de organização/consolidação do voto antecipado, do voto em mobilidade e do voto não presencial”.

Sobre o ato de abstenção eleitoral, o estudo levanta a continuação dos esforços para a redução da mesma como um dos desafios da Comissão. “A CNE deverá dar o seu contributo atendendo a realidades como o envelhecimento da população e os desafios que tal aporta ao exercício do direito de voto, as dinâmicas tecnológicas associadas à desmaterialização dos cadernos eleitorais, o voto eletrónico e a prevenção de riscos associados à digitalização”.

Publicado a poucos meses das celebrações dos 50 anos da Revolução do 25 de Abril, o documento foi dado a conhecer esta terça-feira, na Assembleia da República, numa sessão na qual estiveram presentes o Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, o presidente da CNE, José Vítor Soreto de Barros, bem como os autores do estudo Vítor da Conceição Gonçalves (coordenador), Ricardo Rodrigues e João Nuno Borges.

O estudo teve por base um questionário que abrangeu 1965 participantes que estiveram presentes em mesas de voto, e numa componente qualitativa, materializada a partir de 12 entrevistas com cidadãos reconhecidos pelas suas intervenções políticas, cívicas e académicas (Jornal Económico, texto da jornalista Inês Amado)

Sem comentários: