sábado, dezembro 30, 2023

Sondagem: Avaliação aos oito anos de Governo de Costa é positiva

António Costa chega ao fim do seu tempo como primeiro-ministro com saldo positivo entre os portugueses. De acordo com uma sondagem da Aximage para o DN, JN e TSF, são mais os que dão boa nota (41%) aos seus oito anos de Governo, do que os que fazem uma avaliação negativa (36%). São também em maior número (39%) os que acreditam que o seu desempenho terá um efeito positivo nos resultados do PS, mesmo que a maioria (48%) entenda que não deve participar na campanha.

O país foi abalado por uma inédita crise política a 7 de novembro. Na sequência de uma investigação do Ministério Público, o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, prontamente aceite pelo Presidente da República, que haveria de optar, poucos dias depois, pela dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições antecipadas para 10 de março. Tudo apontava, então, para o fim da longa carreira política de António Costa. Uma morte que talvez tenha sido prematuramente anunciada. De então para cá, o ainda primeiro-ministro desdobrou-se em entrevistas, proclamações oficiais e intervenções avulsas. E parece ter virado a maré a seu favor.

Sem unanimidade

Da última vez que o barómetro da Aximage para o DN, JN e TSF mediu o desempenho do então primeiro-ministro, em outubro passado, o saldo era de 22 pontos negativos (mais avaliações negativas do que positivas). António Costa esteve no vermelho desde julho de 2022 (escassos seis meses depois de ter conseguido uma maioria absoluta nas urnas) e a avaliação agravou-se ao longo do último ano. Mas, quando se pergunta, agora, que balanço fazem, já não dos últimos 30 dias, mas do conjunto dos oito anos de Governo, o saldo é positivo.

Quando se analisam os diferentes segmentos da amostra, percebe-se, no entanto, que não há unanimidade. A avaliação ao consulado de Costa é mais generosa nos dois escalões mais velhos, em particular entre os que têm 65 ou mais anos (saldo positivo de 23 pontos); e mais cáustica nos dois escalões mais novos, em particular nos que têm 18 a 34 anos (saldo negativo de 14 pontos). Ao nível regional, o saldo é negativo na Área Metropolitana do Porto e no Centro (dois pontos) e o melhor resultado é o do Sul e Ilhas (saldo positivo de 20 pontos). Quando a análise incide nos segmentos partidários, não há surpresas: os mais satisfeitos são os que votam à esquerda (sobretudo os socialistas), enquanto os eleitores à direita fazem uma avaliação bastante negativa.

Positivo para o PS

Tanto António Costa, quanto o seu sucessor, Pedro Nuno Santos, já deixaram claro que, nas eleições de 10 de março, também é o legado destes oito anos que vai a votos. E são mais (39%) os que acham que isso terá uma influência positiva no resultado eleitoral do PS, do que os que acham que terá repercussões negativas (30%). Entre o primeiro grupo destacam-se os que vivem a Sul, os homens, os mais velhos e os eleitores socialistas; no segundo avultam os mais jovens e os que votam nos três principais partidos à direita.

Finalmente, são também 39% os que querem ver António Costa ao lado de Pedro Nuno Santos na campanha eleitoral dos socialistas. Um desejo que o primeiro-ministro já expressou mais do que uma vez, e que o novo líder do PS acolheu. Mas são mais ainda os que pensam que não é uma boa ideia (48%), em particular os que vivem no Porto, os mais jovens e as mulheres (53%).

O Presidente está em queda desde outubro. Já só lhe sobram os eleitores do PSD .

Adivinhava-se que poderia acontecer e o barómetro de dezembro da Aximage para o DN, JN e TSF confirma: Marcelo Rebelo de Sousa regista, pela primeira vez, um saldo negativo na avaliação dos portugueses (mais notas negativas do que positivas). O único segmento da amostra em que o Presidente se mantém acima da linha de água é entre os eleitores do PSD.

Depois de um pico de popularidade, em julho passado, na sequência do conflito com António Costa e do "deplorável" episódio que envolveu João Galamba, o Presidente começou a acusar o desgaste. Perdeu fôlego na avaliação de outubro e, em novembro, depois de decidir dissolver a Assembleia da República e antecipar as eleições, só conseguiu quatro pontos de saldo positivo. Em dezembro, com o caso das gémeas luso-brasileiras a marcar a agenda mediática, passa para um saldo negativo de 17 pontos.

Quando se analisam os segmentos geográficos, Marcelo está no vermelho em todas as regiões: o Centro continua a ser o terreno mais favorável (saldo negativo de dois pontos) e o Porto o mais cáustico (saldo negativo de 34 pontos). A tendência para uma menor tolerância entre os homens volta a confirmar-se (saldo negativo de 26 pontos), mas a novidade deste barómetro é que também as mulheres fazem agora uma avaliação negativa do Presidente da República (saldo negativo de 10 pontos).

Se se tiver em conta as preferências partidárias dos eleitores, Marcelo só se mantém à tona entre os sociais-democratas (embora com uma erosão significativa, de 37 para 7 pontos de saldo positivo). Os eleitores socialistas, que foram o principal pilar da popularidade do Presidente, abandonaram-no definitivamente (de 46 pontos de saldo positivo em outubro, para 20 pontos de saldo negativo em dezembro).

FICHA TÉCNICA

Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 805 entrevistas efetivas: 688 entrevistas online e 117 entrevistas telefónicas; 390 homens e 415 mulheres; 174 entre os 18 e os 34 anos, 209 entre os 35 e os 49 anos, 230 entre os 50 e os 64 anos e 192 para os 65 e mais anos; Norte 277, Centro 175, Sul e Ilhas 122, A. M. Lisboa 231. Técnica: aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para pessoas com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 18 e 23 de dezembro de 2023. Taxa de resposta: 72,22%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio (DN-Lisboa, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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