sexta-feira, maio 03, 2013

O que é que o nº 2 do governo de coligação de Lisboa esconde?



O que o nº 2 do governo de coligação de Lisboa hoje anunciou foi um pacote muito genérico de intenções, de medidas, que representarão um corte de 4.800 milhões de euros na despesa pública, algumas delas desconfio que voltarão a ser inconstitucionais - há tipos que ainda não perceberam que há uma "coisa" chamada Constituição que existe e que, por muito que isso seja "chato", vivemos numa democracia constitucional onde existem regras e onde não cabe a bandalheira fascista de alguns energúmenos de pacotilha que por aí andam. As medidas mais concretas, essas ficaram para mais tarde.
Ou seja o colector de impostos Gaspar mandou o seu nº 2 no governo de coligação de Lisboa ler um discurso para fazer a vontade à troika, provavelmente por andar nervosa com tudo o que se tem passado à volta da tão falada sétima avaliação da tróica. Hoje, insisto, o essencial era a divulgação de um documento com a ementa das medidas. Curiosamente, ou já talvez não, o nº 3 do governo de coligação de Lisboa, Paulo Portas, voltou a remeter-se ao silêncio, mais do mesmo.
Ora as pessoas ouviram o nº 2 do governo de coligação de Lisboa botar faladura, perceberam que mais umas tantas roubalheiras estão a caminho, não sabem contudo como é que o roubo será feito, perceberam a patifaria dele dizer que não aumenta impostos, mas esconde que vai reduzir salários e reduzir rendimentos das famílias, que serão tanto maiores quanto maiores forem os cortes das despesas públicas.
Tudo isto será conhecido já com o orçamento rectificativo a ser divulgado até final deste mês.
Mas há um dado novo a considerar este governo está borrado de medo, teme a contestação na rua, teme o agravamento da crise social e política, teme os efeitos de uma radicalização política à esquerda dessa contestação e o impacto desse desastre na coligação, e que o CDS se limita a um papel absolutamente idiota nesta conjuntura. E não são as fugas de informação sobre o que se passa no conselho de ministros, a tentativa de endeusamento de um angelical Paulo Portas, vendido como pretenso líder da contestação interna à austeridade, que salvam a face e a cumplicidade do CDS que está tão metido na trampa como este PSD nacional que foi tomado de assalto por este gangue. Por isso o governo do Gaspar estende a mão ao PS, sem sinceridade, diga-se em abono da verdade, pintou o documento hoje lido como um conjunto de propostas não definitiva se alegadamente abertas a sugestões dos parceiros, mas todos sabemos que esta hipocrisia é uma canalhice, mais uma, porque as medidas foram negociadas com a tróica e mantidas em segredo desde Outubro do ano passado. Aliás, o PS hoje mesmo - apesar das responsabilidades criminosas que tem pela situação a que chegamos, devido ao desastre do governo anterior de Sócrates, reconheço alguma razoabilidade em propostas que tem sido apresentadas por Seguro quanto ao doseamento da austeridade, as quais e deviam ser acolhidas pelo governo do colector de impostos Gaspar. Portanto, meus amigos, tudo está a ser feito bem "limpinho" - citando Jorge Jesus - para enganar as pessoas, devagar, devagarinho, porque tudo o que de bem "sujinho" está ara vir e será aprovado - citando Vítor Pereira - já está decidido. A concertação social é hoje uma palhaçada onde o governo se limita a impor o que quer a reboque da cedência da UGT e do silêncio dos parceiros sociais muitos deles agora pretensamente preocupados com o desemprego vergonhoso e com a falta de rendimentos das famílias, mas que andaram anos a calar e a consentir com essa política governativa.