quinta-feira, maio 16, 2013

Eurogrupo sabe que taxa sobre pensões é para deixar cair



Diz o Económico, pelo jornalista Luís Reis Pires, que o "ministro apenas garantiu que vai cumprir os limites quantitativos acordados com a ‘troika’. Medida que ameaçou a coligação vai ser substituída. O ministro das Finanças garantiu no Eurogrupo que Portugal cumprirá os limites quantitativos que acordou com a ‘troika' na sétima avaliação, mas não propriamente com a taxa sobre as pensões. Vítor Gaspar comprometeu-se a encontrar uma alternativa de valor idêntico, deixando cair uma medida que chegou a ameaçar o fecho do sétimo exame regular. A contribuição de sustentabilidade sobre as pensões "apenas será tomada em caso de absoluta necessidade" e "o Governo está colectivamente empenhado na identificação atempada de alternativas para que a medida possa ter uma forma completamente diferente ou substituída por outra medida que seja considerada menos gravosa", disse Vítor Gaspar aos jornalistas, na segunda-feira, em Bruxelas. Antes, já tinha dito mais ou menos o mesmo aos ministros das Finanças dos países da zona euro, credores de Portugal. Ao que o Diário Económico apurou, foi isso que Gaspar explicou aos seus homólogos europeus: a medida deixou de ser ‘benchmark' (ver caixa ao lado), porque será substituída por outra de valor idêntico, que permita atingir os objectivos de corte de 4,8 mil milhões de euros. Ou seja, a meta mantém-se, mas o caminho para lá chegar vai ser algo diferente. Uma estratégia à qual não foram levantadas objecções, uma vez que o Eurogrupo confia que Gaspar e o resto do Governo vão encontrar outra forma de poupar os 436 milhões de euros que vale a taxa. Além disso, tal como o ministro terá frisado em Bruxelas, a substituição desta medida é crucial para se manter a união do Executivo, já que o CDS ameaça romper a coligação se a taxa for para a frente. Na sexta-feira passada, o Governo e a ‘troika' deixaram fechado o guião de medidas obrigatórias da sétima avaliação. E já depois do Conselho de Ministros extraordinário, em que o CDS ameaçou o fim da coligação, foi necessário voltar a entrar em contacto com as autoridades internacionais para que a medida deixasse de ser um ‘benchmark' e as poupanças pudessem ser encontradas de outra maneira. A ‘troika' aceitou pela mesma razão que em Bruxelas se fez "vista grossa": as autoridades internacionais receiam que a quebra no consenso em torno do programa, que está cada vez mais marcada entre o Governo e a oposição, se estenda ao seio do próprio Executivo. O_fosso interno poria em causa a reforma do Estado, uma vez que as medidas para o próximo ano terão de ser legisladas no Orçamento para 2014. Além disso, a ‘troika' considera que até poderá ser preferível uma alternativa à taxa, uma medida do lado da receita, caso passe por corte de despesa.
Mota Soares "convicto" de que a medida não vai avançar
Em Lisboa, entretanto, mantêm-se as garantias de que a taxa não avança. "Estou pessoalmente convicto de que a medida não será para avançar", garantiu ontem o ministro da Solidariedade e Segurança Social, durante o debate parlamentar de carácter potestativo, pedido pelo PS. Um dia depois do aviso de Cavaco ao Governo e à ‘troika' sobre os "limites de dignidade que não podem ser ultrapassados", Mota Soares voltou a frisar que a chamada TSU sobre os pensionistas não é para avançar. Este "foi o compromisso assumido pelo Governo e com o Presidente da República", assegurou, acrescentando que o compromisso passa por "fazer todos os esforços - ministério a ministério, instituto público a instituto público, empresa pública a empresa pública, parceria público-privada a parceria público-privada, renda excessiva a renda excessiva do Estado, verba a verba -, sem qualquer concessão a interesses instalados, para que esta medida não venha a ser tomada".