Li aqui que “o Governo sul-africano está atualmente a gastar 1,4 mil milhões de rands (125 milhões de euros) em obras e a redecorar várias residências de ministros e do Presidente da República, noticia hoje o jornal "Beeld". Estes números, fornecidos ao jornal pelo próprio executivo, são divulgados numa altura em que cresce no país a indignação em torno do alegado abuso de fundos públicos pela Presidência, que estará a gastar 248 milhões de rands (22,14 milhões de euros) em obras de expansão e renovação da residência privada de Jacob Zuma em Nkandla, província do Kwazulu-Natal, onde nasceu o Presidente. Uma caravana da oposição, na qual se incluía a líder da Aliança Democrática (AD), Helen Zille, foi impedida no passado fim-de-semana de se aproximar da propriedade do Presidente em Nkandla pela polícia e por um numeroso grupo de militantes do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder), quando pretendia fazer um protesto no exterior do complexo onde estão a ser gastos os fundos públicos. As obras incluem a construção de novas estradas de acesso ao complexo e a modernização de várias residências, onde vivem Zuma e as suas quatro esposas, bem como dos sistemas de segurança do complexo.
Segundo o "Beeld", os números fornecidos pelo Ministério das Obras Públicas indicam que dos 1,4 mil milhões de rands, 404 milhões estão a ser gastos em renovações nas residências oficiais de 17 membros do Governo situadas no complexo governamental de Fernwood, 192 milhões na residência oficial do chefe do Estado, designada por Mahlamba Ndlopfu, em Pretória (uma das duas ao dispor de Zuma). Os gastos incluem ainda 13,7 milhões na residência oficial do vice-presidente Kgalema Mothlante, designada por Oliver Tambo House, e 105 milhões na construção de uma nova residência de luxo para VIP's na capital. Confrontado com as verbas, o deputado da Aliança Democrática (AD), Anchen Dreyer, disse ao jornal que elas demonstram o quão distante o Governo de Zuma está das preocupações diárias dos seus cidadãos. Dreyer questionou como é possível gastar perto de 14 milhões de rands (1,25 milhões de euros) a renovar uma só residência ministerial quando na África do Sul esse montante permite comprar "um palácio".Os dirigentes do ANC, partido que controla o Governo desde 1994, têm sido alvo de críticas crescentes de todos os setores da opinião pública pelo estilo de vida proporcionado aos governantes e detentores de cargos públicos em geral, num país em que a pobreza e as desigualdades continuam a afetar o país 18 anos após a queda do regime do "apartheid".
