segunda-feira, novembro 26, 2012

Catalunha: nova maioria soberanista ameniza desilusão da CiU

Segundo o jornalista do DN de Lisboa, João Lopes Marques, "surpresa e estupefação, eis como muitos catalães reagiram ao enfraquecimento de Artur Mas, presidente da Generalitat e candidato da Convergência e União (CiU) nas eleições regionais de ontem. "É um momento excecional, confesso-te que hoje sorteei com a minha companheira em quem ia votar", confessa David Berga, 43 anos. Ou Candidatura de Unidade Popular (CUP) ou Esquerda Republicana da Catalunha (ERC). Ainda pensou em votar CiU, acredita na liderança de Artur Mas, mas isso agora é passado. "O que importa é que o nosso processo de libertação do Estado espanhol começou esta noite", afirma David. "Queremos a construção de um Estado tal como Portugal ou a Dinamarca", repete. Faz questão de pronunciar o chavão catalão que muitos independentistas empregam: "La autonomia que ens cal es la de Portugal ("A autonomia que nos serve é a de Portugal")." Lluc Salellas, 27 anos, votou CUP e está igualmente otimista. Acha que um mínimo de 50% de independentistas no Parlamento catalão é mais do que suficiente para convocar um referendo, e mostra-se longe de estar triste com a derrota relativa de Artur Mas: "Se a esquerda tem mais força, a pergunta do referendo será mais concreta e independentista." No calor da noite, há quem confesse penitenciar-se por não ter votado em Artur Mas. Acreditam que seria um líder mais sólido no caminho para o desejado referendo, perante Madrid e Bruxelas, mas é tarde demais, e também há quem, apesar de defender a causa independentista, nem sequer tenha ido às urnas. "Acabei de jantar com o meu avô há pouco, ele disse-me que hoje era um momento irrepetível: a independência é agora ou nunca", afirma Pol Fonts, 21 anos. "A verdade é que não fui votar e sinto-me mal..." As urnas já fecharam há horas. Agora vê a goleada de 4-0 do FC Barcelona ao Levante e joga à bisca no El Cercle, um dos vários bares independentistas de Girona. Quanto a acompanhar os resultados das eleições, está longe de ser uma curiosidade. "A nossa geração é a mais afetada pela crise económica", sublinha Marina Font, de 22 anos, parceira na cartada. "Em Espanha temos mais de 50% de desempregados com a minha idade e muitos dos meus amigos preferem ir trabalhar para um bar de Londres", justifica. "Acredito na democracia e estou a favor da independência da Catalunha, talvez pagássemos até menos impostos do que pagamos agora ao Estado espanhol, mas um futuro Governo catalão também não me dá a mesma confiança do que Madrid", afirma Melchior Llorens, 24 anos, natural de Girona. Os catalães Marina, Pol e Melchior até são independentistas. No entanto, isso não é prioridade das suas vidas. Ou, como explica Marina, "há muita frustração com o dinheiro que gastámos e com o investimento académico que fizemos". "Quando chegar a casa logo saberei o resultado das eleições", remata"