Há duas coisas que não me podem impedir, gostem ou não. Do meu direito à minha indignação e do meu direito à preservação da minha coerência política. Quando não quiserem, digam-me porque saio rapidamente pela mesma porta por onde entrei. Ainda mais rapidamente do que entrei. Recuso enfileirar por qualquer encenação. Não tolero responsabilidades políticas pelo atual estado em que o país se encontra e deixem de andar a falar em Sócrates porque já mete nojo. Não me esqueço de tudo o que se passou na campanha eleitoral para as regionais de Outubro de 2011, das pressões, das dificuldades., dois boicotes, das insinuações; não me esqueço de tudo o que se passou na noite do dia das eleições regionais na Madeira e do contraste com o que aconteceu com os Açores este ano, já depois da vergonhosa derrota eleitoral; não me esqueço das patifarias nas negociações do programa de ajustamento financeiro; não me esqueço da vergonhosa chantagem e das ameaças aquando da votação do orçamento de estado para 2013 e noutras situações. Não esqueço da suspensão de verbas, das pressões para que a Madeira pague aos bancos em vez dos pequenos fornecedores. Nem da "esmola" recente dos 1,1 mil milhões de euros – montante da dívida regional que a Madeira continua obrigada a pagar já que apenas se tratou de uma operação financeira com alguns benefícios temporais, nomeadamente no pagamento de menos encargos com juros – e que não me faz alterar a minha maneira de pensar. Até porque vejo o sofrimento a que os madeirenses estão sujeitos tal como os demais portugueses. Não contam comigo para branqueamentos. Para aplausos hipócritas a quem responsabilizamos pelo estado em que o país se encontra no tempo presente. Na política não tenho, recuso ter, inimigos. Era o que faltava. Tenho adversários, alguns deles abjeto. E há outros adversários que nem o facto de estarem temporalmente no exercício de funções partidárias ou públicas, das quais em breve serão postos a andar, que não me obrigam a qualquer tipo de submissão. Não me vergo.
Ressalvo que compreendo, aceito e percebo que protocolarmente o meu partido tinha que fazer o que fez. Mas cheguei a uma situação em que perdi toda a tolerância, perante um poder mentiroso, ladrão e ilegítimo. Um poder que mente aos cidadãos, que chegou lá graças a um monumental embuste, de contradições, promessas, ilusões, falsidade, oportunismo e hipocrisia demagógica que faz o contrário do que prometeu, ed que aos poucos destrói um povo e um país para agradar aos capitalistas, aos mercados e à Alemanha de Merkel de quem não passam de submissos serviçais. De sopeiros asquerosos e repugnantes. Recuso apoiar um poder de subterrâneos, que foge dos cidadãos "como o diabo da cruz", que se rodeia de segurança por todos os lados e que se pavoneia nesta Europa medíocre sem nos trazem mais-valias, incapaz de nos defender e ao país como lhe competia; um poder que sabe que em 2013 o país não se livrará de uma crise política porque o povo vai revoltar-se, quer Cavaco Silva ou a mafiosa Europa gostem ou não. Nem mesmo com as mentiras e as ilusões que este poder vende aos cidadãos - como é o caso do IMI pago em prestações, do subsídio pago em 12 prestações, para esconder a brutal carga fiscal, melhor dizendo, a monumental roubalheira na qual este governo de coligação ilegítimo insiste, a vergonha do desemprego que vai continuar a aumentar, etc.
Comigo não contam. A mim não me obrigam a ser bem educado mesmo que preze a educação que recebi na minha infância e na linha juventude. A tolerância ante a bandalhice tem limites. Os meus esgotaram-se.