Segundo o Publico, num texto da jornalista Sofia Lorena, "a direita, no poder, não conseguiu a maioria absoluta que pedira nestas eleições antecipadas. Esquerda Republicana impõe-se como segunda força. O líder catalão Artur Mas vai continuar na presidência da Generalitat mas ficou muito longe da maioria absoluta que pediu para fazer avançar o projecto de um estado próprio e terá de encontrar parceiros para governar. O Parlamento da Catalunha vai continuar dominado pelo conjunto das forças políticas soberanistas. À decisão de antecipar eleições tomada por Artur Mas em plena subida do apoio independentista e batalha aberta com Madrid por causa do pacto fiscal aprovado pelo Parlamento regional, seguiu-se uma campanha ocupada pelo debate sobre a relação da Catalunha com Espanha. A taxa de participação confirma a sensação de uma a ida a votos histórica e foi a mais alta da democracia, com 69,5% dos 5,4 milhões de eleitores nas urnas e filas que chegaram aos 40 minutos nalguns locais. Apesar do tema da soberania ter sido dominante, a Convergência e União (CiU) de Artur Mas não deixou de ser castigada pela política de austeridade e cortes. Não só não conseguiu “a maioria excepcional” que pedira, como perdeu 12 deputados em relação às eleições de Novembro de 2010, descendo de 62 para 50 lugares no parlamento de 135. “Não há governo que não passe pela CiU”, disse Artur Mas, quando apareceu para falar aos apoiantes no Hotel Magestic do Passeig da Gràcia de Barcelona, já passava das 23h (22h em Lisboa). “Não poderemos ser responsáveis únicos. Vou assumir a responsabilidade da presidência nos próximos anos, mas não temos a força suficiente para liderar o governo e o processo [para a realização de um referendo sobre a soberania]. Tem de haver co-responsáveis.” Se Artur Mas não desistir da intenção de convocar o referendo sobre a autodeterminação – ilegal de acordo com a Constituição espanhola, que o Governo de maioria absoluta do Partido Popular rejeita alterar – terá de se apoiar na Esquerda Republicana da Catalunha, o grande vencedor do escrutínio, que subiu de 10 deputados para 21 e de quinta para segunda força política. “Estou alegre pelo partido, mas preocupado pelo país, pelas pessoas, pelo futuro e pela economia”, afirmou o líder da ERC, Oriol Junqueras, na sede do partido, entre apoiantes eufóricos que gritavam “Oriol presidente, Catalunha independente”. “O processo do caminho pela independência saiu reforçado destas eleições”, felicitou-se Junqueras. Depois, respondeu a Artur Mas: “A ERC estará à altura da sua responsabilidade e do que o país necessita”. Confirmando a descida que sondagens e analistas antecipavam, o Partido Socialista da Catalunha perde oito deputados, passando de 28 para 20 e de segunda para terceira força. Ao início da noite, responsáveis socialistas apontavam a polarização entre a CiU e o PP, representando a opção pró-independência e a opção pró-Espanha, como motivos para a descida. “Numas eleições tão tensas e radicalizadas, a nossa mensagem de sensatez chegou à cidadania da Catalunha”, disse mais tarde o líder do PSC, Pere Navarro, que foi a votos oferecendo aos eleitores a via federalista e prometendo “Catalunha sim, Espanha também”. “Temos de melhorar as nossas explicações e temos de continuar a trabalhar”, admitiu.
Voto fragmentado
Quem acaba por subir a sua votação é o PP, que consegue eleger mais um deputado do que os 18 de 2010. Artur “Mas fracassou no tempo que teve para governar e fracassou nestas eleições, creio que Mas e a CiU são os grandes perdedores de umas eleições antecipadas de que ninguém precisava”, sublinhou a líder dos conservadores catalães, Alicia Sánchez-Camacho. No próximo Parlamento catalão estarão ainda outras três forças políticas: a ICV-EUiA (que junta a Iniciativa Catalunha Verdes – soberanista – à Esquerda Unida – federalista), com 13 deputados, mais três do que em 2010; o partido Cidadãos (centristas não nacionalistas), que também regista uma subida muito significativa, passando de três para nove deputados; e a grande novidade destas eleições, a Candidatura de Unidade Popular (CUP), independentistas de esquerda que apesar de terem uma presença significativa em algumas cidades nunca se tinham apresentado a votos numas eleições autonómicas. O Parlamento catalão que sai desta ida às urnas tem uma clara maioria soberanista, mas este voto fragmentou-se agora entre quatro partidos de ideologias muito distintas: CiU, ERC, ICV e CUP"