sexta-feira, setembro 22, 2023

Ricardo Reis: “Quando a recessão chegar, o BCE não vai poder baixar os juros”

O professor na London School of Economics considera que o Banco Central Europeu não terá grande margem de manobra, pois ainda estará a combater a inflação. Para o especialista em macroeconomista, o organismo liderado por Christine Lagarde pecou por ter atuado tarde demais. O fiscalista Ricardo Reis apresentou a sua visão sobre os erros que o Banco Central Europeu cometeu no combate à inflação. Apesar desses erros, os mercados estão a confiar na ação do organismo liderado por Christine Lagarde e não estão a castigar as economias europeias: “Como consequência das medidas implementadas, pela primeira vez num ano, os mercados estão a confiar no BCE”.

Na palestra organizada pela Axians e a APDC, o especialista em macroeconomia traçou um cenário mais negro para o futuro: “A próxima recessão, que poderá começar em 2024, tem origem na crise energética despoletada pela invasão da Ucrânia. Esta não é a recessão com origem no BCE, como muitos querem fazer crer”. Para o professor na London School of Economics and Political Science, o Banco Central Europeu pecou por ter atuado tarde demais.

“Se o BCE tem alguma responsabilidade, é pelo facto de só ter atuado em meados de 2022, quando devia ter começado a implementar medidas de contenção da inflação no último trimestre de 2021”. O consultor académico do Banco de Inglaterra e da Reserva Federal de Richmond sublinha que a recessão que virá está ligada não só à invasão da Ucrânia, mas também por causa dos efeitos da pandemia e da maneira como as economias responderam.

“Quer queiramos quer não, esta será uma recessão ainda com origem no pós-pandemia. A recuperação foi demasiado rápida, a atuação do BCE foi demasiado lenta e, em 2024, quando a recessão chegar e for preciso baixar as taxas de juro, o BCE não vai poder fazê-lo, pois ainda estará a combater a inflação”.

Quanto ao objetivo de baixar a inflação para os 2%, o fiscalista acredita que só daqui a dois anos, o que, considera, será tarde: “Voltar aos 2% só será possível na segunda metade de 2025, mais de quatro anos depois do desvio inicial, o que me parece tarde” (Novo, texto do jornalista João G. Oliveira)

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