quarta-feira, setembro 20, 2023

Expresso: Entrevista a Alberto João Jardim. E o regresso de Passos? “Diga-me qual é o país onde tenho de me exilar”

Alberto João Jardim recebeu o Expresso na casa onde nasceu, que é hoje o seu escritório e onde também trabalha para o instituto ao qual preside. Repete várias vezes, para Albuquerque ouvir: “Chega nunca, nunca, nunca.” Alberto João Jardim considera o acordo de coligação do PSD com o CDS a única saída possível, “sem dramas”, embora admita “tristeza”. O homem que governou a Madeira durante quatro décadas não tem problemas em que “o turismo seja elitista”, o problema é “o turismo de massas”. Quanto ao PSD, lembra que houve uns “renovadinhos” que tentaram cortar com o seu passado. E deixa avisos a Montenegro-

Diz que perdoa tudo, mas não esquece nada. Talvez por isso, sem precisar que lhe perguntem, faz referências a algumas pessoas com quem teve embates ao longo da vida política, mesmo (ou sobretudo) as do seu partido, o PSD.

Fá-lo nas palavras e nos atos. Alberto João Jardim recebeu o Expresso na casa onde nasceu, que hoje usa sobretudo como escritório (é presidente do Instituto Autonomia e Desenvolvimento da Madeira), e que está repleta de fotografias de encontros que teve ao longo da vida, com pessoas próximas da sua área política e do seu gosto pessoal - de Cavaco Silva e Durão Barroso a Jacques Chirac - e de mais distantes, de Mário Soares (“sempre nos demos bem”) a Hugo Chávez (”este que está lá agora [Nicolás Maduro] não conheço nem quero conhecer”). E outros, como Pedro Passos Coelho?, arrisca o Expresso. “Quem não está é porque não merece estar.”

Presidente do Governo regional durante praticamente 40 anos, diz-se satisfeito com a vida que leva hoje - “estou como o [Pablo] Neruda: confesso que vivi” - e vai encandeando as histórias umas nas outras. Conta que esta casa, no centro do Funchal, numa rua com nome autoexplicativo, “Quebra Costas”, foi herdada dos avós, bombardeada na 1ª Guerra Mundial e que tem detalhes que contam histórias da família, como os ferros a tapar a janela do quarto que foi da sua mãe. “O meu avô, quando soube que ela namorava, disse ‘podem namorar, mas só através das grades'”.

A conversa era para ser sobre as eleições da próxima semana da Madeira, mas passou por Cavaco, Marcelo, Passos, Durão. E como Alberto João vê a direita hoje.

Pergunta (P): Sente-se confortável que o CDS, que foi seu adversário, agora esteja coligado com o PSD?

Resposta (R): O CDS chateava-me mais que o PCP. Mas estou confortável porque é a única [solução] que permite ao PSD continuar o meu trabalho. O conforto vem daí. Claro que tenho uma certa tristeza de ver o partido a quem eu tinha dado dez maiorias absolutas [entre 1978 e 2011] ter essa necessidade. Mas também tenho a noção que os tempos mudam, as gerações são diferentes, não há nenhum drama. E quando toda a gente esperava que eu fosse um tipo chato da coligação, eu disse ‘não: enquanto é preciso a coligação, não se discute mais, ponto final’. É o meu pragmatismo de sempre.

P: Coligações implicam cedências?

R: Cedências? Não vi nada de especial. O Miguel [Albuquerque, presidente do Governo regional] é uma pessoa com uma formação diferente da minha. Eu sou republicano, o Miguel é monárquico, eu sou da pequena burguesia, o Miguel é da alta burguesia, etc. Não há duas pessoas iguais, a esquerda é que julga que primeiro está a liberdade, depois a igualdade, que é um mito que se criou.

A minha formação é muito do personalismo cristão. Tenho uma construção mental que assenta primeiro na pessoa humana: o Estado da região, as autarquias e todas as restantes instituições estão ao serviço da pessoa humana, ao contrário dos totalitarismos, de direita ou de esquerda, em que a pessoa está ao serviço do Estado. Isto e a autonomia são os dois pilares da construção da Madeira. Enquanto o Miguel estiver nesta linha, do personalismo cristão e do primado da autonomia, conta comigo. Obviamente que fez bem ir em coligação a eleições, não se dizia agora [ao CDS] para irem embora, que podíamos não precisar deles.

P: Mas o PSD podia não precisar.

R: É uma questão de honra, de ética política.

P: Acha que não há o objetivo de o PSD se ‘libertar’ do CDS daqui para a frente?

R: Não acredito. Se alguém tem isso na cabeça, está louco. Eu às vezes digo aos tipos do CDS o seguinte: vocês estão numa área política perto do PSD, que é uma social-democracia, não de base sindical, como as nórdicas, mas mais resultante de doutrinas sociais da Igreja Católica. E aproximam-se do pensamento cristão, embora amarrados a preconceitos conservadores. Mas vocês perderam eleitorado, porque enquanto os vossos quadros se aproximam mais da doutrina social-cristã, as vossas bases são de extrema-direita. E estão todas no Chega. O CDS era o partido mais à direita, a partir do momento em que aparece o Chega, vão todos para o Chega.

P: Então o que vale o CDS hoje?

R: Estou convencido que é um partido de quadros. As bases do CDS estão no Chega.

P: O PSD consegue ir buscá-las?

R: O PSD, a nível nacional, de um partido popular, do tempo do Sá Carneiro e do Cavaco [Silva], até agora vai numa correria louca, transformando-se num partido de quadros e de interesses.

P: Por que diz isso? Quer concretizar?

R: Digo isto porque não vejo as manifestações populares à volta do partido que via no século passado, [vejo] sem entusiasmo popular, até o próprio discurso. Eu tenho dito isso ao Montenegro. ‘Você tem de ter um discurso como o do Chega, sem dizer os disparates do Chega’. Mas eles andam ali em pezinhos de lã.

P: E o conteúdo do discurso do PSD?

R: O discurso perdeu força. O PSD era um partido de massas, perdeu as massas. E o PSD era um partido regionalista, de base local e regional, e [agora] vai atrás das ideias centralistas do PS. Enquanto o PSD não for um partido anti-sistema constitucional de 1976, [propondo] uma revisão constitucional democrática, ao contrário do Chega, e enquanto não for um partido da descentralização política do país... Estive na comissão de descentralização, o projeto está pronto, o próprio diploma está na Assembleia da República, foi o último trabalho do professor Freitas do Amaral. Está tudo pronto para regionalizar o país.

P: Mantém que Chega nunca?

R: O Chega... eu comecei a estranhar. Logicamente, o Chega, sendo de extrema-direita, era contra a regionalização e as autonomias. E eu comecei a pensar “já basta a loucura de o PS ser contra a autonomia e defender Lisboa”. Até quando o Cavaco [Silva] era primeiro-ministro e eu tive alguns problemas com Lisboa, eles [PS na Madeira] punham-se ao lado do PSD contra a região. Já lhes disse [ao PS], vocês só vão ganhar a Madeira quando forem mais autonomistas que o PSD e tiverem quadros superiores.

P: Esteve quase a acontecer em 2019.

R: Não tinham quadros. O Paulo Cafôfo é fraco [foi candidato do PS e roubou a maioria absoluta ao PSD, pela primeira vez na história].

P: Então como é que o PS quase chegou ao Governo?

R: O PSD ainda era muito dividido há quatro anos. Hoje está mais unido e penso que fiz o que estava ao meu alcance.

Alberto João Jardim, na casa onde nasceu, junto a um dos painéis de fotografias que guarda dos encontros que teve com figuras da política nacional e internacional

P: Foram erros de Miguel Albuquerque que levaram o PSD aí?

R: Houve um período mau. Apareceram muitos candidatos ao meu lugar, todos muito diferentes [em 2014]. O Miguel Sousa talvez o mais inteligente, o Miguel Albuquerque talvez o mais culto, o [João] Cunha e Silva talvez o mais bem preparado, mas com um feitio complicado, e havia o Manuel António [Correia], que tinha sido meu secretário-geral, que não era melhor em nada, mas reunia os índices todos, e que foi à final [segunda volta] com o Miguel Albuquerque. E ainda havia o próprio Jaime Ramos, que foi um excelente secretário-geral [além de Sérgio Marques, ex-deputado europeu, de quem Alberto João não quer falar].

Os que apoiavam o Miguel Albuquerque eram os que eu tinha demitido, ou pessoas do partido de quem eu nunca gostei, por isso nem lhes ligava. Eles diziam que o Governo do PSD era do Alberto João, que metia lá dentro quem queria e não ligava ao cartão partidário. E não ligo. Costumo dizer que os partidos são um instrumento, não são um fim.

Eles foram os grandes apoiantes do Miguel [Albuquerque]. Muitos deles ficaram conhecidos pelos “renovadinhos”, porque o slogan deles era “renovação”, iam renovar não sei o quê. Ora, entre 2015 e 2017, meteu-se na cabeça que dizer mal do Alberto João e de todos os colaboradores do Alberto João [ia fazer] a oposição votar neles. Entre 2015 e 2017, o PSD ficou partido. As eleições autárquicas de 2017 são uma catástrofe para o PSD e então vai para o Governo o Pedro Calado [hoje presidente da Câmara do Funchal] e começa a pôr ordem naquilo, o partido sobe e hoje está composto: o Miguel Albuquerque é inequivocamente o líder, não há qualquer contestação.

P: Voltando ao Chega, se não conseguir a maioria absoluta, o que deve fazer o PSD?

R: Nunca, nunca, nunca o Chega. Tive elementos do Chega a pedir documentação sobre autonomia, eu dei, e eles nunca falaram de autonomia. Sei de gente lá dentro que não quer sequer ouvir falar em descentralização política e autonomia. Ora, toda a minha vida foi uma luta pela autonomia, até contra o meu próprio partido, no tempo do Cavaco.

P: Como está a ver a campanha eleitoral?

R: Uma chachada. Não discutiram mais autonomia, a revisão constitucional que está na Assembleia da República é um insulto aos madeirenses e açorianos, é uma visão reacionária e conservadora de todos os partidos, a começar no Chega e a acabar no PCP, passando sobretudo pelo PS e pelo PSD. Acho que o PSD Madeira não pode subscrever o projeto, é limitativo da autonomia.

P: Já disse isso a Luís Montenegro?

R: Já lhe disse. E eles riem-se. Eles sentem-se seguros, porque o sector a que se chama “renovadinhos” aqui no PSD Madeira é muito colado ao Montenegro e apoiou-o sempre. Ele sente-se seguro enquanto o Governo da Madeira for da tendência dele. Não é que o partido esteja dividido, quando se trata de regionais, é um por todos, todos por um.

P: Miguel Albuquerque é um “renovadinho”?

R: Miguel Albuquerque liberta-se, mas não consegue disfarçar, porque todos os “renovadinhos” estão metidos na linha atual do PSD nacional, que não é a minha. A minha é Sá Carneirista.

P: Albuquerque não é um bom herdeiro de Alberto João?

R: Aqui não há herdeiros. Passados estes oito anos, e tirando os dois primeiros, considero que Miguel Albuquerque, na sua geração e no seu tempo, está a conduzir bem o trabalho que eu deixei.

P: Estava a falar sobre o que não se falou na campanha.

R: Ninguém falou da dívida pública da Madeira. Dizem que temos dívida, depois de, durante cinco séculos e meio, dois terços do solo do povo madeirense ter sido extorquido para o continente. Não se falou da zona franca, não se falou da lei de finanças regionais, não se falou da Universidade da Madeira, nem das comunicações, não se falou de ligações aéreas. É a estradinha aqui, o subsídio acolá. Tudo isto foi uma campanha de grande mediocridade.

Presidente do Governo regional da Madeira durante quase 40 anos, Alberto João considera que os tempos que Miguel Albuquerque, seu sucessor, enfrenta "são muito diferentes"

P: Falou-se muito de habitação. A Madeira tem falta de habitação?

R: O que talvez tenha falhado tanto no continente como aqui, embora não goste de falar das minhas políticas, foi ter parado a habitação. A política de habitação está a ser mal conduzida em todo o país. Como se equilibra a habitação? Como os governos do Alberto João fizeram. Fazendo uma grande quantidade de habitação pública, uma percentagem social, outra para casais jovens. Equilibrar o mercado com iniciativa de habitação da parte pública. E depois criar proprietários, para outros objetivos, já não tem nada a ver com o preço da habitação.

P: A habitação pública demora tempo a criar. Não é um problema?

R: Eu nunca parei. A habitação correu mal em todo o país, porque houve uma tendência de abrandar em todo o país. E agora estão essas leis todas e a culpa é do alojamento local [irónico].

P: O que se pode fazer agora?

R: Eu não tinha estado à espera do dinheiro do PRR - agora têm mais dinheiro do que no meu tempo - tinha continuado a política de habitação pública a acompanhar o mercado privado.

P: E permitia vistos gold e regimes especiais para nómadas digitais?

R: Deixava-os fazer à vontade os vistos gold. É gente que não compete no mercado com o vulgar cidadão à procura de casa. E o nómada digital nem tem dinheiro para pagar. O que é preciso é ter cuidado com o turismo de massas. Porque quando há um turista que não vai aos restaurantes e vai ao supermercado comprar o mesmo que a classe média e o proletariado compram, aí temos inflação e subida do custo de vida.

P: Como é que controlaria o turismo?

R: Nas autorizações de hotéis. Eu só autorizava hotéis de 4 e 5 estrelas.

P: Isso não é tornar o turismo ainda mais elitista?

R: Estou-me nas tintas [para] que o turismo seja elitista. Desde que não me impeçam de ir onde quero, nem nenhum madeirense de ir onde quer. A Madeira não é uma casa de caridade. E, portanto, se só os ricos podem vir à Madeira, paciência. Eu quero é os madeirenses a viver bem. A política não é o exercício da moral, é o exercício da ética.

P: A oposição queixa-se também de que o PSD usa os meios do Governo para fazer campanha. Concorda?

R: Isso é a conversa do costume. Nós temos três excrescências ‘sovietizantes’ da nossa Constituição. Uma é a CNE [Comissão Nacional de Eleições], formada pelos próprios partidos, basta quererem ‘lixar’ um partido que podem. Outra é a ERC [Entidade Reguladora para a Comunicação]: as questões da comunicação social que se decidam no tribunal, não é em comissões eleitas pelos partidos. Em terceiro lugar, o Tribunal Constitucional, que é um escândalo que quem decide são juízes eleitos pelos partidos. E a Madeira foi muito prejudicada.

P: Na campanha não tem de haver separação entre o que é do Governo regional e o que é dos partidos?

R: Isto é tudo muito simples. Quem critica tem o direito de criticar, e quem fez [obra] tem o direito de mostrar o que fez. Ponto final.

P: Vários partidos pedem uma descida de impostos. Há impostos a mais na Madeira?

R: Em Portugal.

P: Passemos para o plano nacional então. Como tem visto as aparições mais constantes de Cavaco Silva?

Está no seu direito. Cada um tem o seu estilo, mas [os ex-Presidentes] não deixaram de ser cidadãos. Eu saí do Governo, mas quando me apetece dizer alguma coisa, digo.

R: E sobre o conteúdo?

P: Subscrevo a 100%. Para o Durão estar lado a lado, alguma coisa se passa.

P: NO PSD?

R: No PSD e no país.

P: Como tem visto o segundo mandato de Marcelo Rebelo de Sousa?

R: Melhor que o primeiro, mas o problema do país é que o Marcelo tem um ego muito pronunciado. No fundo, a política de Marcelo gira à volta de Marcelo.

P: Tem servido de contrapoder ao Governo?

R: Não acho. Ainda agora, toda aquela graxa que deu ao Governo no Canadá, pouca coisa mudou.

P: Isso não era necessário para acalmar o ambiente depois da fricção com António Costa?

R: Uma pessoa que em política diz o que lhe apetece e o que entende que devia dizer, não tem de procurar acalmar seja o que for. Nunca procurei acalmar ninguém. Fui dos que mais zurziu, e nunca perdi uma eleição e nunca me viu voltar atrás.

P: Marcelo está a ter agora problemas acerca de intervenções públicas. Que conselho lhe daria…

R: [interrompe] Não dou conselhos a ninguém. Mas não vi nenhum problema com as intervenções públicas. O país está sem rei nem roque, cada um diz o que quer. Quer ver o que é um país sem rei nem roque, passe no aeroporto. Aviões que não cumprem horários, gente que não cabe lá dentro... Quer ver o que é o caos em Portugal? Se quiser ter um filho, arrisca-se a andar 40 e tal quilómetros à procura de um lugar para o miúdo nascer.

P: O país piorou? Desde quando?

R: Acho que o [António] Costa começou bem, apesar da geringonça. Os sócios dele na geringonça, de certo modo, portaram-se bem, porque entenderam que era a primeira oportunidade deles. Mas depois o segundo mandato do Costa é um desatino.

P: Quer dar exemplos?

R: O país está um caos, os professores, a saúde. Só que há um novo dogma, uma nova religião: chama-se socialismo. A Igreja Católica foi-se apagando, acho que o Papa Francisco até devia ter dado um puxão de orelhas à hierarquia da Igreja Católica.

P: Deu sobre os abusos sexuais.

R: A Igreja não tem hoje a força e a implantação que tinha. A Igreja, em vez de se preocupar com o pecado social, andou preocupada com o pecado sexual. E agora virou-se o feitiço contra o feiticeiro.

P: Perdeu implantação por culpa própria?

R: Por culpa própria e por desmobilização. Está desmobilizada em Portugal. As pessoas precisam de um novo dogma, e é o socialismo. As pessoas acreditam naquilo com uma certa fé. Podem viver muito mal, mas acham que se não for o socialismo, são os malandros dos capitalistas. Quando é ao contrário, no socialismo quem manda são os capitalistas.

Alberto João Jardim recebeu o Expresso na casa onde nasceu e onde vai praticamente todos os dias trabalhar, depois de "andar a pé e nadar" durante as manhãs

P: Não me respondeu sobre o que acha das últimas intervenções públicas de Marcelo.

P: Permita-me que faça esta observação: estivemos a falar de coisas tão importantes, porque é que me foi falar do Marcelo outra vez?

P: Quem gostava de ver suceder a Marcelo em Belém?

R: Não me meto nesse tipo de especulação. Nunca joguei à roleta, não é desta que vou jogar.

Nota: A meio da conversa, Alberto João cita o nome de Passos Coelho. O Expresso interrompe para perguntar também sobre Belém:

Acha que Passos Coelho vai voltar à vida política ativa? Para tentar a Presidência ou o Governo?

Se ele voltar, diga-me qual é o país onde tenho de me exilar.

Isso não é a opinião maioritária no PSD.

Está bem, eu durmo com a minha mulher, não durmo com o PSD. Há uma coisa que não lhe ficou bem [a Passos]. Ele nunca gostou das minhas posições antissistema, pró Sá Carneirista, e sempre quis arrastar o partido. E no Congresso da Madeira, em que passei as chaves ao Miguel [Albuquerque], fechei tudo e disse “a partir de agora, o Miguel é o meu líder e o meu presidente, está encerrado”. Nesse dia, um tipo como eu que deu 49 vitórias ao partido, que fez dez mandatos enquanto presidente do Governo, que por muitos defeitos, mudou a Madeira, e ele nem um ‘muitas felicidades’ e ‘obrigado’? Eu sabia que ele, na noite anterior, tinha dito à nova comissão política ‘daqui a 3 meses ninguém se lembra dele’ [Alberto João]. Vá à rua ver se eles [as pessoas] se lembram (Expresso, texto do jornalista João Diogo Correia e fotos de Duarte Sá)

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