quinta-feira, setembro 21, 2023

Sondagem: Maioria culpa Governo por não responder a docentes

Mais de 60% dos inquiridos considera que o Executivo "não fez o suficiente para se aproximar das reivindicações" dos professores e 45% concorda com as greves no início das aulas. A maioria (62%) dos portugueses considera que o Governo "não fez o suficiente para se aproximar das reivindicações dos professores". Na sondagem feita pela Aximage para o DN, JN e TSF, 45% dos inquiridos respondeu concordar com as greves convocadas para o início do ano letivo. Uma manifestação de apoio à classe, ainda assim inferior aos 65% que, em fevereiro, afirmaram aprovar a contestação.

Após um ano letivo de intensa contestação e de negociações falhadas, a pergunta confrontava os inquiridos com o diploma que o Governo classifica de "acelerador da carreira" e que irá permitir, garante o ministro da Educação, que mais de 60 mil professores consigam chegar ao topo da carreira. Ou seja, cerca de metade da classe docente. Interpelados se o Governo fez o suficiente para se aproximar das reivindicações dos professores, 62% responderam que não e apenas 28% consideraram que sim.

O "acelerador" começou por ser vetado pelo presidente da República, em julho, por fechar totalmente a porta à recuperação do tempo de serviço (a principal reivindicação dos professores) e criar desigualdade com os docentes das ilhas, onde essa contagem está a ser feita. O Governo, recorde-se, voltou a aprovar o decreto no dia seguinte à sua devolução, tendo acrescentado ao texto a possibilidade de a recuperação do tempo ser negociada em futuras legislaturas. Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma em agosto. E foi mais uma acha numa fogueira que arde há muito e não dá sinais de diminuir intensidade. Todos os sindicatos contestam o diploma, por não permitir a recuperação de nenhum dia congelado e criar novas disparidades.

Mais de 90 mil sem aulas

O ano começou, como prometido pela organizações, com novas greves. A porta entreaberta à recuperação do tempo de serviço, pedida pelo Presidente, rapidamente foi fechada pelo ministro ao assumir que não irá apresentar nova proposta negocial e que o Governo, com o acelerador, já foi mais longe do que o previsto no seu programa.

Mário Nogueira garante que a Fenprof não vai marcar greves "por atacado", mas não irá desistir do tempo. "Não é uma bonificação. Foi tempo cumprido. Não vamos abrir mão. Dê por onde der", avisou, repetindo que só estão disponíveis para negociar uma recuperação faseada.

Na sondagem, 45% responderam que concordam com as greves (17% "totalmente"), enquanto 36% afirmaram discordar (16% "totalmente"). Por idades, é abaixo dos 50 anos que se apoiam mais as greves. Ou seja, a maior parte continua a apoiar a contestação. Ainda assim, noutra sondagem da Aximage, realizada em fevereiro, 65% concordava com as greves, 32% "totalmente". A presidente da Confap, Mariana Carvalho, avisou que este ano os pais não iriam aceitar "greves à la carte".

De acordo com as estimativas da Fenprof, com base nos horários por preencher em oferta de escola, esta semana começou com mais de 90 mil alunos sem todos os professores. Há agrupamentos onde faltam mais de 20 docentes e turmas sem aulas a seis disciplinas. "Está a ser um dos arranques mais complicados dos últimos anos", alerta Mário Nogueira.

FICHA TÉCNICA

Sondagem de opinião realizada pela Aximage para DN/JN/TSF. Universo: Indivíduos maiores de 18 anos residentes em Portugal. Amostragem por quotas, obtida a partir de uma matriz cruzando sexo, idade e região. A amostra teve 804 entrevistas efetivas: 696 entrevistas online e 108 entrevistas telefónicas; 380 homens e 424 mulheres; 181 entre os 18 e os 34 anos, 210 entre os 35 e os 49 anos, 225 entre os 50 e os 64 anos e 188 para os 65 e mais anos; Norte 281, Centro 177, Sul e Ilhas 123, A. M. Lisboa 223. Técnica: Aplicação online (CAWI) de um questionário estruturado a um painel de indivíduos que preenchem as quotas pré-determinadas para os indivíduos com 18 ou mais anos; entrevistas telefónicas (CATI) do mesmo questionário ao subuniverso utilizado pela Aximage, com preenchimento das mesmas quotas para os indivíduos com 50 e mais anos e outros. O trabalho de campo decorreu entre 14 e 18 de setembro de 2023. Taxa de resposta: 71,52%. O erro máximo de amostragem deste estudo, para um intervalo de confiança de 95%, é de +/- 3,5%. Responsabilidade do estudo: Aximage, sob a direção técnica de Ana Carla Basílio (DN-Lisboa, texto da jornalista Alexandra Inácio)

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