Irrita-me essa treta de que a justiça tem o “seu” tempo,
que ninguém mais pode falar do assunto, que a justiça pode investigar, acusar,
alimentar fugas de informação para a rua, que colocam em causa o segredo de
justiça e a própria presunção de inocência, tudo isto para, propositadamente,
deixar que a especulação seja alimentada nos meios de comunicação e nas redes
sociais, como se o ónus da prova estivesse do lado dos acusados e não dos
acusadores. E, depois de tudo isso, ei-la a lavar as mãos como Pilatos e, como
se não tivesse nada a ver com uma questão demasiado séria para ser objecto de
manipulação e hipocrisia.
Não, a justiça tem
um tempo, que não é seu nem o de ninguém. É o tempo que uma justiça célere,
respeitada e justa precisa, o tempo adequado para cumprir escrupulosamente evitando
protelamentos e indignidades aos visados. É o tempo que o processo de investigação
atribuído à justiça precisa para que ela se faça respeitar, cumprindo atempadamente
todos os passos e procedimentos exigíveis e legais, desde a investigação ao
julgamento, passando pela acusação garantido
deste nodo que a Justiça é respeitada por todos, em todos os diferentes domínios
de actuação e protagonistas.
O que se pede à
justiça é celeridade na resolução dos casos por ela investigados e julgados, alimentando
a especulação e condicionando deste modo que a lentidão se “justifica”,
indiferente ao “justicialismo” popularucho nas redes sociais, regra geral sob a
capa do anonimato cobarde e bandalho. Deixem-se da treta do tempo da justiça
porque vale zero. A justiça tem a obrigação, diria o dever, de investigar,
acusar, julgar, condenar ou inocentar os visados cumprindo prazos que deviam
ser impostos se para tal existisse a coragem política de legislar nesse sentido.
Não podemos à boa maneira da inquisição imolar pessoas na praça publica,
culpadas ou inocentes, ninguém sabe, e depois não formalizar acusações por
falta de provas. O caso Sócrates é a maior vergonha do protelamento impune na
justiça e a prescrição de alguns processos no âmbito do processo do ex-BES e de
todas a teias de corrupção, mentira e manipulação a ele associadas, é uma bandalhice
inadmissível. Portanto, a justiça, a celeridade que se deseja para todos, a
falta, sim ou não, de recursos financeiros, a falta de recursos humanos, sim ou
não, tudo isso tem que ser prioritário nos dias que correm na certeza que tudo
o que for corrupção comprovadamente praticada, e todos aqueles que se envolverem
em casos de corrupção no âmbito de funções públicas, devem ser em devido
tempo, e com a celeridade recomendada, julgados e condenados. Não podemos é tolerar
uma justiça lenta, por vezes ineficaz, que se refugia na treta do “tempo da
justiça”. E que, demorando os processos, deixando que alguns deles se arrastem
nos gabinetes ou nas gavetas das secretárias, alguns deles durante anos, acha que
cumpre eficazmente o seu trabalho, sobretudo quando permite os desvios que todos
conhecemos em termos de fuga ao segredo de justiça (LFM)
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