sexta-feira, março 28, 2025

Nota: Balanço? Para quê?

Fazer um rescaldo ao acto eleitoral de domingo, em jeito de balanço, é algo que neste momento, quase uma semana depois, me parece desnecessário. Mas há sempre espaço para umas notas, até porque a vitória surpreendente do PSD-Madeira, pela inesperada dimensão - não acredito que exista alguém que garantisse, antes de domingo, que os social-democratas cresceriam 13 mil votos e ficariam a menos de 500 votos da maioria absoluta.

Eu sei que na oposição não gostam que se fale de Albuquerque como vencedor, até pelo tipo de discurso que PS e JPP - e outros mais - usaram repetidamente durante a campanha eleitoral (até vimos antigos arguidos e potenciais futuros arguidos perorarem sobre outros arguidos...) e que lhes custou, no caso do PS e do Chega, uma clara penalização nas urnas. Se bem que por outros motivos também. Eles sabem disso melhor do que ninguém. O que é facto é que Albuquerque, como o PSD e como os 62 mil eleitores que neles votaram, são vencedores. Ponto!

Mas o líder do PSD-Madeira pela resistência, pela campanha realizada, pela forma como contactou as pessoas, naturalmente, sem complexos, sem medo, desvalorizando as campanhas eleitorais por "encomenda" promovidas por quase todos os demais partidos a pensar no espaço mediático e menos ou nada nas pessoas - quantas mensagens não terão distribuídas nesta campanha eleitoral aos responsáveis pelos média e a jornalistas... (a propósito, para que não fiquem dúvidas, a carteira profissional nº 134, devidamente actualizada, pertence-me...) – foi um claro vencedor.

O PSD-Madeira terá beneficiado de voto útil oriundo da imensa mancha do chamado eleitorado flutuante que vota em função de circunstâncias, do momento e sem compromissos com partidos em concreto? Indiscutivelmente que sim. Tal como o PS foi penalizado pela flutuação de eleitorado num espaço partilhado com a JPP, PAN e outros partidos à esquerda.

O PSD-Madeira beneficiou dos apelos à estabilidade política e governativa regionais e ao voto naqueles que garantiam mais competência no exercício dessa governação? Obviamente que sim. Os números e os mandatos falam por si.

Os eleitores votaram ou pronunciaram-se sobre questões de natureza judicial, algumas delas que se arrastam sem evolução “arquivadas” em órgãos judiciais de investigação - desde 2020, e não envolvendo o PSD... - que a seu tempo serão clarificadas e concluídas? Obviamente que não porque sabem o que se passa, sabem que as pessoas são hoje, mais do que nunca, altamente escrutinadas, e que a justiça não se pode imiscuir na política e vice-versa. E mais. Que a justiça dispensa "cornetas" que passam uma campanha eleitoral a falar de matérias cuja resolução não tem nada a ver com eles, com partidos ou com a política em geral.

Portanto, e compreendendo a frustração natural dos derrotados ou daqueles que andaram a sonhar com um "paraíso imaginário", insisto que o pior que se pode fazer é insultar o eleitorado na sua liberdade, mostrar desprezo pelas suas escolhas e pelo voto, é procurar arranjar falsas justificações, diria doentias justificações sobre as quais recuso pronunciar-me, para a forma como os cidadãos votaram e votam. Mais do que mau perder estamos perante uma falta de carácter e de dignidade.

No caso do PSD-Madeira, concluído o acordo com o CDS, parceiro natural dos social-democratas, a Região tem condições para uma estabilidade governativa e política para a Legislatura de 4 anos.

Não haverá desculpas para assim não acontecer. O programa de governo para 4 anos e o orçamento para este ano, são instrumentos fundamentais para os próximos tempos e para que a Madeira seja recolocada nos carris da normalidade. Negociar com a oposição? Sem dependências, sem fobias, sem receios. Eventualmente aceitando algumas ideias válidas que a oposição tenha, mas sem valorizar a obrigatoriedade de diálogos com quem teve uma atitude de agressão permanente ao PSD e a Albuquerque, fomentando um sentimento de diabolização de pessoas, julgando-os nos locais impróprios e com métodos perfeitamente rafeiros e criminosos. Claro que ninguém sabe o futuro, não tenho uma bola de cristal - se tivesse usava noutras coisas... - nem sou bruxo. Mas acredito que as coisas "penduradas" serão resolvidas, em devido tempo, com justiça e na justiça e que a política, nacional ou regional, não pode ficar refém dos mecanismos judiciais que, ao invés do que muitos sustentam, não podem também beneficiar de forma libertina da obrigação de aplicarem prazos e sobretudo do tempo adequado para resolução dos assuntos pendentes que tenham de resolver. Não acredito que juízes gostassem de andar a ser julgados na praça pública, nas redes sociais ou fora delas, ou que as suas famílias sofressem com tudo isso, independentemente do grau de culpabilidade, seja ele qual for, e se existir. Muito menos quando reclamam inocência, repetidamente.

Ao PSD-Madeira e a Albuquerque recomendo cautela, o escrutínio é hoje maior do que nunca, pelo que haverá decisões, escolhas e opções que, mesmo contrariado, terão de ser feitas, para que não se deite tudo a perder, não se pisem linhas vermelhas e para evitarmos o regresso a um clima de desconfiança. Depois, lá para a frente, quando tudo se esclarecer, haverá tempo para reparar as feridas e as injustiças feitas contra pessoas. Mas não arrisquemos demasiado, não provoquemos ninguém, porque não é preciso nada disso. Boa sorte, bem precisamos dela nos tempos que correm (LFM, artigo publicado no Tribuna da Madeira de 28.3.2025, versão completa)

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