Percurso pessoal
Hoje o meu texto é da autoria não de um
comentador que apesar das suas convicções tem que ser isento - deixando às
pessoas a retirada de conclusões que apenas a elas dizem respeito - não de uma
pessoa que abandonou definitivamente a política activa onde esteve quase 20
anos, mas sim de um militante do PSD-Madeira desde Maio de 1974 que sempre
assumiu livremente as suas opiniões, que não se arrepende do que fez ou disse
nesse percurso de vida e que, sobretudo isso, não tem qualquer vergonha do seu passado. Desde os 8 anos, até
aos dias que correm em que, inesperadamente, por contingências da vida que não
se deseja a ninguém, ficou órgão. Sucede que, agora, com felicidade reforçada,
assume o estatuto de avô babado, na certeza que sou uma pessoa para quem a vida
- depois de ter sido bem sucedida a neutralização de uma inesperada tentativa
de destruição por uma doença reles como as cobras, maleita essa que me levou
inevitavelmente à quimioterapia e à radioterapia - vale muito mais do que as
pretensas "guerras" entre pessoas, a politiquice idiota ou a
valorização de coisas ridículas que tantas vezes dividem as pessoas e estragam
amizades essenciais à nossa vida.
Lembrei-me nessa altura do meu pai, médico
de formação e profissão, conhecedor de tudo o que penaliza a vida de um
cidadão, que morreu em Lisboa, já lá vão seis dezenas de anos, vítima de um
cabrão de um cancro no pulmão, devido ao cigarro e ao facto de não ter
resistido aos seus efeitos mortais, num tempo em que a medicina não tinha
atingido os patamares de evolução, eficácia, prontidão, assertividade e
modernidade que hoje a caracteriza. 40
anos é cedo demais para se morrer!
Fica-me, hoje como ontem, a satisfação de que
não ficou sozinho muito tempo, lá para onde foi e onde certamente estará, porque pouco tempo
depois, nem um ano sequer, chamou a sua mulher, esposa e mãe, que tinha deixado para trás,
mesmo que isso tenha significado deixar sozinhas 3 crianças com 8 e menos anos de idade,
entregues à solidariedade de familiares - que nunca esqueço - aos quais muito devo, e que recusaram, entre outras coisas, a separação das crianças.
Tempo de eleições e de convicções
Mas este meu texto de hoje, depois das questões pessoais muitas delas nunca antes tinha partilhado, é também o texto opinativo de um eleitor
convicto das suas escolhas, que não confunde a árvore com a floresta, que é
incapaz de trair as suas convicções e que recusa andar a desperdiçar votos em
soluções que não a sua, escolhida convictamente. Este meu texto, mais do que
partilha mais do que porventura devia, é o texto de um eleitor, mas sobretudo
de uma pessoa que, faça temporal ou faça sol, vai votar a 23 de Março em quem
sempre votou, que se recusa a julgar pessoas ainda não acusadas pela justiça,
independentemente do que tenham feito, realidade que me leva a desejar
fortemente que a justiça rapidamente esclareça tudo, de alto abaixo, o que
tiver para ser esclarecido. A presunção de inocência é um direito sagrado de
qualquer pessoa, mas infelizmente esta campanha eleitoral foi desastrosa nesse
aspecto, chegando-se ao ponto, diria ao cúmulo, de ouvirmos antigos arguidos e
potenciais futuros arguidos - se a justiça acelerar e se comportar com todos
como deve e não ser selectiva - julgarem na praça pública, acredito que sem
sucesso e para irritação dos eleitores, arguidos que o são por decisão própria,
mesmo que não tenham sido ouvidos nem tenham sido acusados de nada em concreto.
Queira Deus, colmo costumamos dizer, que todos aqueles que escolheram esse
caminho indigno e intolerante, apenas por causa da mais descarada caça ao voto
de que tenho memória e da manipulação dos eleitores, não venham a confrontar-se
com a justiça, no caso de alguns deles, bem mais cedo do que julgam... Queira
Deus que nenhum de nós, que nada temos a temer com a justiça porque nada
fizemos de mal nem cometemos qualquer ilegalidade, sejamos confrontados com
"julgamentos populares" nas redes sociais ou alimentados por
políticos medíocres que são indignos do voto, da confiança e do apoio de todas
as pessoas que prezam a coerência, a seriedade da argumentação e a verdade.
Confesso que não estava à espera de muitos
acontecimentos de todos conhecidos, recuso comparações entre o PSD dos dias que
correm, de uma nova geração de dirigentes, nos diferentes patamares, e de
eleitos, porque acho que é melhor que essa comparação nem sequer seja
tentada... Cada tempo é um tempo, cada momento é um momento, cada liderança é
uma liderança, cada legado é um legado diferente, etc
Votar sem pressões e sem fantasmas ou medos
Gostei de ler - espero que não seja um acto
de hipocrisia - os apelos ao voto no PSD-Madeira deixados por e Alberto João
Jardim e Manuel António Correia, porque os tempos de eleições - e no passado
era a mesmo lógica a ser imposta de forma bem dura e pouco tolerante... - não
são tempos de divisões ou de "guerras" de alecrim e manjerona.
Acresce que essa posição pública nada tem a ver com as insinuações, nas
regionais de Maio de 2024, de que ambos terão alegadamente aconselhado o
"desvio" de votos social-democratas para outros partidos apenas para
que Albuquerque fosse penalizado e derrotado, numa espécie de ajuste de contas
absolutamente absurdo e lamentável. Algo que sempre recusei sempre acreditar,
mas que muitos, e confesso ser verdade, me tentaram convencer que terá
acontecido.
Estou certo de que os madeirenses - mesmo
que alguns façam o que Álvaro Cunhal, mítico secretário-geral do PCP, e numas
inesquecíveis eleições presidenciais, recomendou que todos os militantes e
simpatizantes do PCP tapassem a cara de Mário Soares no boletim de voto (Soares
era uma espécie do "inimigo nº 1" do PCP...), mas que votassem nele
na segunda volta para que Freitas do Amaral não fosse o eleito - vão pensar
muito seriamente e vão votar de acordo com as suas convicções genuínas, vão
escolher a estabilidade, independentemente de razões que queixa que possam ter
mas que só o tempo vai esclarecer com verdade, não com partidarites.
Estas eleições não são um tribunal, não vão
julgar ou condenar ninguém. Estas eleições dizem respeito à Madeira e ao seu
Povo, à necessidade de estabilidade, a uma solução de governação estável e
competente, num quadro parlamentar regional que se deseja estabilizado e que
recuse qualquer forma de pressão, condicionamento ou chantagem sobre o futuro
executivo regional. Só espero que os eleitores votem, que não fiquem em casa,
que votem de acordo com as suas convicções, livremente, ignorando pressões ou
as conversas idiotas que tivemos demais nesta campanha eleitoral que hoje
termina - muitas delas por parte de pessoas sem autoridade moral e sem estatuto
ético para apontarem o dedo acusador seja a quem for.
Espero e desejo que os eleitores se voltem
para a frente, para o futuro, confiantes de que, aconteça o que acontecer, a
Região não será nem pode ser prejudicada e certos que o PSD-Madeira, sempre que
for preciso, será um partido responsável que coloca a Madeira e os Madeirenses
à frente de tudo e que não tolerará nunca, porque é esse o seu ADN, pressões, condicionamentos
internos, fome de poder, etc. Tudo o que não interessa nem credibiliza a
política. Se (quando) for necessário, perante factos concretos e não idiotices
inventadas por questões eleitoralistas e de caça ao voto que marcaram esta
campanha eleitoral, o PSD-Madeira estará presente para decidir, tem de estar
presente para decidir e honrar a sua história, o seu legado, a memória de Sá
Carneiro, sobretudo isso. Se assim não for, então concluirei que o PSD-Madeira
deixará de ser o meu partido.
Votemos pela estabilidade, sem inibições,
sem medo, sem receios, sem fantasmas, sem manipulações. Votemos pela Madeira e
por todos nós, escolhendo os mais competentes, os melhores numa fase difícil e
com tantos desafios à porta num tempo e num mundo conturbados e de incertezas e
ameaças. Contra os quais pouco ou nada podemos fazer. Não tenhais medo, não se
deixem influenciar ou condicionar, o tempo de eleições é um tempo de liberdade (LFM)
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