sexta-feira, março 21, 2025

Um texto, pessoal e político, no último dia da campanha eleitoral. Que não para para todos nem para agradar a todos

Percurso pessoal

Hoje o meu texto é da autoria não de um comentador que apesar das suas convicções tem que ser isento - deixando às pessoas a retirada de conclusões que apenas a elas dizem respeito - não de uma pessoa que abandonou definitivamente a política activa onde esteve quase 20 anos, mas sim de um militante do PSD-Madeira desde Maio de 1974 que sempre assumiu livremente as suas opiniões, que não se arrepende do que fez ou disse nesse percurso de vida e que, sobretudo isso, não tem qualquer  vergonha do seu passado. Desde os 8 anos, até aos dias que correm em que, inesperadamente, por contingências da vida que não se deseja a ninguém, ficou órgão. Sucede que, agora, com felicidade reforçada, assume o estatuto de avô babado, na certeza que sou uma pessoa para quem a vida - depois de ter sido bem sucedida a neutralização de uma inesperada tentativa de destruição por uma doença reles como as cobras, maleita essa que me levou inevitavelmente à quimioterapia e à radioterapia - vale muito mais do que as pretensas "guerras" entre pessoas, a politiquice idiota ou a valorização de coisas ridículas que tantas vezes dividem as pessoas e estragam amizades essenciais à nossa vida.

Lembrei-me nessa altura do meu pai, médico de formação e profissão, conhecedor de tudo o que penaliza a vida de um cidadão, que morreu em Lisboa, já lá vão seis dezenas de anos, vítima de um cabrão de um cancro no pulmão, devido ao cigarro e ao facto de não ter resistido aos seus efeitos mortais, num tempo em que a medicina não tinha atingido os patamares de evolução, eficácia, prontidão, assertividade e modernidade que hoje a caracteriza.  40 anos é cedo demais para se morrer!

Fica-me, hoje como ontem, a satisfação de que não ficou sozinho muito tempo, lá para onde foi e onde certamente estará, porque pouco tempo depois, nem um ano sequer, chamou a sua mulher, esposa e mãe, que tinha deixado para trás, mesmo que isso tenha significado deixar sozinhas 3 crianças com 8 e menos anos de idade, entregues à solidariedade de familiares - que nunca esqueço - aos quais muito devo, e que recusaram, entre outras coisas, a separação das crianças.

Tempo de eleições e de convicções

Mas este meu texto de hoje, depois das questões pessoais muitas delas nunca antes tinha partilhado, é também o texto opinativo de um eleitor convicto das suas escolhas, que não confunde a árvore com a floresta, que é incapaz de trair as suas convicções e que recusa andar a desperdiçar votos em soluções que não a sua, escolhida convictamente. Este meu texto, mais do que partilha mais do que porventura devia, é o texto de um eleitor, mas sobretudo de uma pessoa que, faça temporal ou faça sol, vai votar a 23 de Março em quem sempre votou, que se recusa a julgar pessoas ainda não acusadas pela justiça, independentemente do que tenham feito, realidade que me leva a desejar fortemente que a justiça rapidamente esclareça tudo, de alto abaixo, o que tiver para ser esclarecido. A presunção de inocência é um direito sagrado de qualquer pessoa, mas infelizmente esta campanha eleitoral foi desastrosa nesse aspecto, chegando-se ao ponto, diria ao cúmulo, de ouvirmos antigos arguidos e potenciais futuros arguidos - se a justiça acelerar e se comportar com todos como deve e não ser selectiva - julgarem na praça pública, acredito que sem sucesso e para irritação dos eleitores, arguidos que o são por decisão própria, mesmo que não tenham sido ouvidos nem tenham sido acusados de nada em concreto. Queira Deus, colmo costumamos dizer, que todos aqueles que escolheram esse caminho indigno e intolerante, apenas por causa da mais descarada caça ao voto de que tenho memória e da manipulação dos eleitores, não venham a confrontar-se com a justiça, no caso de alguns deles, bem mais cedo do que julgam... Queira Deus que nenhum de nós, que nada temos a temer com a justiça porque nada fizemos de mal nem cometemos qualquer ilegalidade, sejamos confrontados com "julgamentos populares" nas redes sociais ou alimentados por políticos medíocres que são indignos do voto, da confiança e do apoio de todas as pessoas que prezam a coerência, a seriedade da argumentação e a verdade.

Confesso que não estava à espera de muitos acontecimentos de todos conhecidos, recuso comparações entre o PSD dos dias que correm, de uma nova geração de dirigentes, nos diferentes patamares, e de eleitos, porque acho que é melhor que essa comparação nem sequer seja tentada... Cada tempo é um tempo, cada momento é um momento, cada liderança é uma liderança, cada legado é um legado diferente, etc



Votar sem pressões e sem fantasmas ou medos

Gostei de ler - espero que não seja um acto de hipocrisia - os apelos ao voto no PSD-Madeira deixados por e Alberto João Jardim e Manuel António Correia, porque os tempos de eleições - e no passado era a mesmo lógica a ser imposta de forma bem dura e pouco tolerante... - não são tempos de divisões ou de "guerras" de alecrim e manjerona. Acresce que essa posição pública nada tem a ver com as insinuações, nas regionais de Maio de 2024, de que ambos terão alegadamente aconselhado o "desvio" de votos social-democratas para outros partidos apenas para que Albuquerque fosse penalizado e derrotado, numa espécie de ajuste de contas absolutamente absurdo e lamentável. Algo que sempre recusei sempre acreditar, mas que muitos, e confesso ser verdade, me tentaram convencer que terá acontecido.

Estou certo de que os madeirenses - mesmo que alguns façam o que Álvaro Cunhal, mítico secretário-geral do PCP, e numas inesquecíveis eleições presidenciais, recomendou que todos os militantes e simpatizantes do PCP tapassem a cara de Mário Soares no boletim de voto (Soares era uma espécie do "inimigo nº 1" do PCP...), mas que votassem nele na segunda volta para que Freitas do Amaral não fosse o eleito - vão pensar muito seriamente e vão votar de acordo com as suas convicções genuínas, vão escolher a estabilidade, independentemente de razões que queixa que possam ter mas que só o tempo vai esclarecer com verdade, não com partidarites.

Estas eleições não são um tribunal, não vão julgar ou condenar ninguém. Estas eleições dizem respeito à Madeira e ao seu Povo, à necessidade de estabilidade, a uma solução de governação estável e competente, num quadro parlamentar regional que se deseja estabilizado e que recuse qualquer forma de pressão, condicionamento ou chantagem sobre o futuro executivo regional. Só espero que os eleitores votem, que não fiquem em casa, que votem de acordo com as suas convicções, livremente, ignorando pressões ou as conversas idiotas que tivemos demais nesta campanha eleitoral que hoje termina - muitas delas por parte de pessoas sem autoridade moral e sem estatuto ético para apontarem o dedo acusador seja a quem for.

Espero e desejo que os eleitores se voltem para a frente, para o futuro, confiantes de que, aconteça o que acontecer, a Região não será nem pode ser prejudicada e certos que o PSD-Madeira, sempre que for preciso, será um partido responsável que coloca a Madeira e os Madeirenses à frente de tudo e que não tolerará nunca, porque é esse o seu ADN, pressões, condicionamentos internos, fome de poder, etc. Tudo o que não interessa nem credibiliza a política. Se (quando) for necessário, perante factos concretos e não idiotices inventadas por questões eleitoralistas e de caça ao voto que marcaram esta campanha eleitoral, o PSD-Madeira estará presente para decidir, tem de estar presente para decidir e honrar a sua história, o seu legado, a memória de Sá Carneiro, sobretudo isso. Se assim não for, então concluirei que o PSD-Madeira deixará de ser o meu partido.

Votemos pela estabilidade, sem inibições, sem medo, sem receios, sem fantasmas, sem manipulações. Votemos pela Madeira e por todos nós, escolhendo os mais competentes, os melhores numa fase difícil e com tantos desafios à porta num tempo e num mundo conturbados e de incertezas e ameaças. Contra os quais pouco ou nada podemos fazer. Não tenhais medo, não se deixem influenciar ou condicionar, o tempo de eleições é um tempo de liberdade (LFM)

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