A competência para a formação do novo Governo Regional, depois das negociações que garantam ao partido mais votado e ao seu líder, a necessária maioria absoluta, e consequente estabilidade governativa e institucional, é da exclusiva competência de Miguel Albuquerque, vencedor inequívoco das eleições regionais do passado domingo - mais 13 mil votos e mais 4 deputados que em 2024 dispensam mais comentários! Contudo, e realçando sempre o meu estatuto de "outsider" relativamente a tudo o que se passa no PSD-Madeira, do qual sou apenas militante com quotas pagas, acredito que Miguel Albuquerque não vai arriscar e vai reflectir muito, vai aconselhar-se com o seu núcleo duro, vai recolher opiniões, vai querer ter a percepção de determinadas decisões que terão que ser tomadas, de escolhas que devem ser feitas e que não se podem confundir com relações pessoais ou de amizade, tudo para tornar o futuro executivo menos fragilizado, menos exposto que o antecedente e politicamente mais forte.
Tem faltado nos últimos governos de Albuquerque uma componente politica inequívoca, até porque a política regional se tem vindo a radicalizar, mais do que a bipolarizar-se. Acredito que uma remodelação governamental, se for essa a opção natural de Albuquerque, poderá porventura ser maior do que a imaginada. Mas a opção será sempre determinada pela evolução de acontecimentos recentes, pelo seu impacto desgastante no partido e na política regional - e que precisa de ser estancada rapidamente - e pela necessidade de, aos olhos da opinião pública e em defesa da imagem política e pessoal do Presidente do Governo, ser mantida uma lisura e uma imagem de liderança que não dê margem a polémicas, especulações e dúvidas que seriam demasiado desgastantes. E passíveis de gerar muita desconfiança e provocar instabilidade política.
O conselho que daria a Miguel
O conselho que daria a Miguel Albuquerque, não apenas como correligionário mas como amigo, seria o de remodelar, inequivocamente que sim, escolhendo sempre pessoas da sua confiança, mas também tomar uma opção política de tornar mais político um governo regional que tem que enfrentar uma oposição reduzida, na sua representação parlamentar, mas agreste no discurso e que se pavoneias com o rei na barriga, como se tivesse sido ela a ganhar eleições e como se tivessem sido esses partidos, dispersos, os mais votados nas urnas.
Jaime Filipe Ramos
Neste quadro de especulação, todos especulam, Jaime Filipe Ramos seria uma excelente opção para número dois do Governo, caso Albuquerque entendesse retomar a figura de Vice-presidência, chamando a si (JFR) a coordenação política do governo e a ligação política e institucional necessária entre o Governo e o parlamento. Não me parece, salvo melhor opinião, que no actual contexto exista para MA, que ainda por cima tem uma boa relação pessoal com JFR, outra alternativa forte.
E vou dizer uma outra "enormidade" neste quadro de especulação pessoal, de divagação descontrolada da minha parte, e acreditando eu que MA vai cumprir o seu último mandato na liderança do Governo Regional e do PSD-Madeira, acho normal que no âmbito da preparação da sua sucessão partidária - embora isso seja prerrogativa dos militantes do PSD-M - o protagonista de JFR num papel governamental essencialmente político, abriria caminho a uma transição normal protagonizado por uma pessoa com larga experiência e tarimba nas lides políticas e partidárias.
Rafaela Fernandes
E no parlamento quem poderia ocupar o lugar de JFR na liderança de um grupo parlamentar que ficou com mais 4 lugares que o anterior? Não tenho dúvidas que a pessoa adequada, pelo percurso parlamentar, pela experiência política, pelo discurso, pela assertividade, pela forma como vai a combate, seria naturalmente Rafaela Fernandes. Alias, não terá sido um acaso o facto de ter sido ela a única pessoa do Governo Regional ainda em funções, para além de MA, a candidatar-se ao parlamento nestas eleições, embora tudo dependesse, como é óbvio dos resultados eleitorais.
Rubina Leal
Finalmente, deixando o CDS a presidência do parlamento regional, que obviamente deve ser entregue a um deputado social-democrata, considerando a institucionalidade da função, a componente de relações públicas que o cargo exige, a experiência política e parlamentar e o facto de ter estado sempre com Miguel Albuquerque, desde os tempos em que era vereadora da Câmara do Funchal, Rubina Leal é a candidata natural. Mais do que ser uma das Vice-Presidentes da Assembleia a sua eleição permitiria que, pela primeira vez, uma senhora assumisse a liderança do principal órgão de governo próprio da Autonomia regional, algo que em meu entender há muito que tarda acontecer na RAM. E que já aconteceu tanto no parlamento dos Açores como na Assembleia da República. Acredito mesmo que Rubina Leal poderia ter uma votação expressiva caso seja essa a opção - para mim inevitável - do PSD-Madeira (LFM)
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