sábado, junho 11, 2022

Expresso: TAP está a contratar, mas não chega

Há uma bomba-relógio prestes a explodir na TAP: a dificuldade em criar condições para ter a operação a funcionar no verão a 90% dos valores de 2019 com menos cerca de três mil trabalhadores do que nesse ano — e com uma grande parte destes ainda em part-time e a recusar-se a trabalhar em férias e folgas. É um grande desafio e a solução está longe de estar à vista a menos de um mês do início da temporada forte do verão. Não é, admitem fontes sindicais, a contratação de 270 tripulantes nos últimos meses que vai resolver o problema. Christine Ourmières-Widener, presidente da TAP, admitiu esta semana no Parlamento que serão recrutados mais tripulantes de cabina para fazer face ao aumento de capacidade no verão, mas não disse quantos.

As forças sindicais estão a mexer-se. Num ato raro, os nove sindicatos da TAP juntaram-se para encontrar uma solução conjunta e na semana passada reuniram-se durante longas horas com o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e a gestão da TAP. Querem repor parte dos cortes sala­riais, recusam-se a fazer horas extra sem se mexer nos acordos de emergência e opõem-se à saí­da da sede da Portela, por temerem que este seja o primeiro passo para vender os terrenos. Esta quinta-feira voltam a encontrar-se com a presidente da TAP. As conversas ainda estão numa fase de exposição do problema. Christine Ourmières-Widener admite que a reposição dos cortes salariais negocia­dos com os sindicatos em 2021 poderá acontecer mais cedo do que o previsto, embora tenha afirmado que “talvez” seja “demasiado cedo” para fazer essa negociação. Ninguém quer falar do teor das conversas com o ministro e a TAP, e todos defendem que terão de ser construídas pontes, a bem de todos e da companhia. Mas a TAP está atada a um plano acordado com Bruxelas, que prevê um corte de massa salarial de €1,4 mil milhões até 2024. Porém, sem os trabalhadores ao lado da companhia o verão está perdido e isso poderá ser fatal. Um imbróglio (Expresso, texto da jornalista ANABELA CAMPOS)

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