quinta-feira, junho 10, 2021

Covid-19. Hospitais voltam a estar sob pressão: “Ontem ventilámos um doente com 27 anos”

 

O alerta volta a soar depois de vários hospitais terem começado a registar nos últimos dias um aumento de doentes covid internados. Muitos são jovens. O número de internamentos está a aumentar. Os peritos pedem uma revisão urgente da matriz de risco e das etapas de desconfinamento. Informação a que o Expresso teve acesso revela que alguns dos maiores hospitais do país voltam a estar sob pressão. Durante o último fim de semana, os internamentos covid duplicaram no Fernando da Fonseca, na Amadora. Embora ainda reduzidas face ao histórico, as admissões aumentaram de uma média diária de 7 a 8, para 15.

No Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, o cenário é idêntico e já foi necessário reabrir uma enfermaria. Muitos dos doentes são jovens e, mesmo assim, quase todos com “pneumonias extensas”, revela uma médica. “Ontem ventilámos um doente com 27 anos.” E há outro caso alarmante: uma idosa, com 80 anos, e com as duas doses vacinais concluídas a 17 de março, está internada com covid e com “critérios de gravidade”.

O aumento de infetados, muitos deles em estado grave, repete-se fora de Lisboa. Em Coimbra, por exemplo, os hospitais da universidade têm a enfermaria de doenças infecciosas com 70% de lotação e 50% na enfermaria covid nos Covões. Um médico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra adianta que “a administração pondera já abrir uma terceira enfermaria”.

Perante o atual diagnóstico, são vários os peritos que pedem às autoridades de Saúde uma revisão urgente da matriz de risco e das próximas etapas de desconfinamento. Subscrevem as recomendações feitas pelo Gabinete de Crise para a Covid-19 da Ordem dos Médicos enviadas ao Governo.

Assentar a matriz de risco apenas na incidência - o número de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias - deixa de fora "critérios de gravidade" que consideram essenciais. No caso, o RT, a taxa de positividade nos testes covid, a pressão nos internamentos, o impacto das variantes e a taxa de vacinação. E alertam: não é possível continuar a olhar para números absolutos nas enfermarias e nos Intensivos. É preciso saber em detalhe qual é o movimento de doentes: admissões, altas e mortalidade ao dia (Expresso, texto da jornalista Vera Lúcia Arreigoso)

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