A Região apresenta especificidades próprias
de um território insular e ultraperiférico que adicionadas à própria orografia,
condicionam a Região Autónoma da Madeira em matéria de infraestruturação do
território em termos de acessibilidades, interna e externa, dificultando a eficiência
dos sistemas de transportes e condicionando fortemente a mobilidade de pessoas
e bens. O Plano Integrado Estratégico dos Transportes da Região Autónoma da
Madeira para o período 2015 - 2020 (PIETRAM) desenvolve uma abordagem global e
integrada do sistema de transportes da RAM, tendo como ponto de partida a
avaliação da realidade do setor e dos seus subsistemas e tendo como produto
final a definição de uma estratégia materializada num plano de ação, contendo
as medidas e ações e os objetivos e metas a alcançar. Este Plano continua a constituir
um documento orientador da ação do Governo Regional e um instrumento de articulação
da atividade do Governo com a de outras entidades com capacidade de intervenção
no setor dos transportes (aéreos, marítimos e terrestres).
As orientações estratégicas do Governo
Regional para a intervenção no setor dos transportes nesta legislatura são as
seguintes:
·
Manter as Indemnizações Compensatórias aos
operadores de transporte terrestre de passageiros na RAM.
·
Promover Incentivos à mobilidade urbana e
interurbana mantendo os preços dos passes sociais, (atualmente: 30€ no Funchal
e 40€ para os interurbanos), a comparticipação do passe sub-23, assim como, a
gratuitidade do passe social criança e passe social pensionistas, estudando-se
ainda a hipótese de alargar o primeiro até aos 18 anos, desde que o
beneficiário, comprovadamente, frequente um estabelecimento de ensino.
·
Melhorar as acessibilidades externas,
aéreas e marítimas, para passageiros e carga, de modo a promover a maior
competitividade da Região.
·
Melhorar as acessibilidades e a mobilidade
de pessoas e bens entre as ilhas da Madeira e do Porto Santo, com maior
comodidade e menores custos.
·
Melhorar a mobilidade terrestre de pessoas
e bens, promovendo o transporte público e a redução da poluição emitida pelos
veículos automóveis.
·
Melhorar a eficiência e a racionalidade da
utilização e valorização das infraestruturas aeroportuárias, portuárias e viárias
da Madeira e do Porto Santo.
Transportes e mobilidade aérea
Conforme já referido, as características
insulares e ultraperiféricas condicionam a Região Autónoma da Madeira em
matéria de transportes aéreos, fazendo com que, quer a população, quer a sua
economia, e em particular o Turismo, tenham dificuldades endógenas e
estruturais na mobilidade externa, na atratividade das companhias aéreas e
passageiros, na exportação e escoamento de bens produzidos localmente. Por
conseguinte, mesmo sendo certo que o Estado, no âmbito das suas obrigações constitucionais,
deveria ser o primeiro a assegurar o princípio da continuidade territorial, suportando
esses custos, a Região Autónoma da Madeira, pode e deve, depois de
avultadíssimos investimentos regionais em infraestruturas, mas também por “de
juris”, ter autonomia governativa e administrativa para tal efeito,
designadamente para delinear, implementar e otimizar estratégias que
possibilitam a criação de ganhos e valias nos transportes, com claros benefícios
para economia, população e turistas.
Orientações Estratégicas
·
Reforçar a ligação e cooperação com as
entidades públicas e privadas envolvidas na operacionalidade do Aeroporto
Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo, de modo a conseguir uma melhoria
na sua utilização e eficiência.
·
Aumentar a oferta nas ligações aéreas com o
território nacional e o estrangeiro, fortalecendo, desta maneira, a economia
regional.
·
Fazer cumprir, por parte do Estado, o
princípio da continuidade territorial, sem discriminação, entre as Regiões
Autónomas.
·
Assegurar a revisão do atual modelo de
Subsídio Social de Mobilidade, aplicando o previsto na Lei n.º 105/2019,
permitindo que os cidadãos residentes paguem o valor do custo final das viagens
entre a RAM e o Continente (86,00 EUR para residentes, 65,00 EUR para
estudantes) e entre a RAM e RAA (119,00 EUR para residentes e 89,00 EUR para
estudantes).
·
Manter o Programa Estudante Insular, até à
aplicação do novo modelo de Subsídio Social de Mobilidade, permitindo que os
estudantes paguem apenas o valor do custo final das viagens, cabendo ao Governo
Regional o adiantamento do montante do Subsídio às agências de viagens.
·
Estudar a criação de um serviço de apoio à
mobilidade, que possibilite dar resposta integrada a todas as questões dos
cidadãos sobre mobilidade aérea e marítima e em interligação direta com outros serviços
regionais e nacionais.
·
Acompanhar a execução e o lançamento do
novo contrato de concessão da linha aérea entre a Madeira e o Porto Santo, na
defesa do interesse da população residente.
Transportes e mobilidade marítima
Os condicionalismos próprios de ser
território insular e ultraperiférico, a que acresce a grande dependência da
economia da Região em relação ao exterior, leva a que as acessibilidades exteriores
marítimas assumam um papel determinante no transporte regular de mercadorias entre
o Continente e a Região, por forma a assegurar o abastecimento regular de
produtos e mercadorias, bem como o escoamento dos produtos regionais. Efetivamente,
cerca de 95% das mercadorias importadas são efetuadas por via marítima, num mercado
de reduzida dimensão e com insuficiente massa crítica, sendo as infraestruturas
portuárias de utilização universal e plataforma de ligação e continuidade
territorial entre a Madeira e o Continente, contribuindo, assim, para a coesão
económica, social e territorial. Os portos são, pois, as principais portas de
entrada e saída de mercadorias de e para a Região, mas têm também um papel
incrementador no turismo náutico e de cruzeiros e apoiam o desenvolvimento
local através de pequenos cais e portos, concorrendo igualmente para a sustentabilidade
do turismo regional. Neste sentido, é fundamental assegurar a implementação de
medidas de consolidação das condições de operação no domínio
marítimo-portuário, de reforço da vocação da Região no mercado dos cruzeiros e
melhoria da mobilidade externa por via marítima.
Orientações Estratégicas
·
Adotar medidas efetivas para controlar
custos de transporte de mercadorias, no sentido de reduzir os custos da
operação portuária com benefício dos madeirenses e porto-santenses.
·
Promover a melhoria das condições da
operação marítimo-portuária através da revisão do atual modelo, que promova a
redução da fatura portuária.
·
Reabilitar e melhorar a eficiência dos
equipamentos portuários, de modo a dotar a
·
Região de um serviço marítimo portuário
competitivo.
·
Promover os portos da RAM, apostando na
captação de mais escalas, quer do mercado convencional, quer das novas
tendências.
·
Iniciar os procedimentos para ampliar o
Molhe da Pontinha, tendo em vista aumentar a competitividade do Porto do
Funchal no mercado de cruzeiros e requalificar e promover a internacionalização
da Marina do Funchal, bem como promover uma maior proteção da frente mar da
cidade do Funchal.
·
Prosseguir com os programas de
monitorização ambiental e de segurança marítima, dando igualmente continuidade
ao desenvolvimento de modelos de gestão integrada de todo o sector, amigos do
ambiente e indo de encontro às premissas do desenvolvimento sustentável 2030.
·
Otimizar a gestão das atividades da
comunidade portuária e da eficácia e eficiência do desempenho das funções da
autoridade portuária, designadamente na fiscalização das atividades
marítimo-portuárias, nos termos e limites definidos pela lei.
·
Participar em redes regionais, inter-regionais,
nacionais e internacionais, promovendo projetos de cooperação, nos domínios da
investigação, desenvolvimento tecnológico e inovação, na área da mobilidade e
transportes.
·
Reforçar a mobilidade marítima com o
Continente, garantindo através do financiamento do Estado a ligação ferry
regular ao longo de todo o ano, para o transporte de passageiros e carga
rodada.
·
Implementar o Subsídio Social de Mobilidade
da responsabilidade do Estado nas viagens marítimas entre a RAM e o Continente.
·
Implementar o novo modelo de Subsídio
Social de Mobilidade para passageiros residentes na Madeira, nas ligações
marítimas e aéreas Madeira-Porto Santo, permitindo que, nos meses de outubro a
junho, apenas paguem o valor do custo final da viagem, assumindo o Governo
Regional o valor do Subsídio.
Transportes Terrestres e Mobilidade Interna
No domínio das acessibilidades internas, os
transportes terrestres desempenham um papel de especial relevância. Nas últimas
décadas, registou-se uma melhoria significativa das acessibilidades rodoviárias
(VR e Vias Expresso) e os ganhos de acessibilidade alcançados no território
regional induziu o processo de crescimento das áreas suburbanas e periurbanas
do Funchal, favorecendo o crescimento registado nas deslocações interconcelhias
e contribuindo para a melhoria significativa da mobilidade da população. Por
conseguinte, tem vindo a ser efetuado um esforço de expansão da rede de
transportes coletivos, elevando a cobertura territorial e populacional dos serviços
de transporte rodoviários interurbanos, situação que continuará a merecer o
empenho do Governo Regional nesta legislatura. Ainda nos transportes terrestres, principal
consumidor de energia de origem fóssil onde a dinâmica para a mobilidade sustentável
é ainda muito incipiente, não pode ser descurada a preocupação com a transição
energética. Em relação à Mobilidade, e em particular nos transportes públicos,
será dada continuidade à política de promoção da mobilidade elétrica.
Orientações Estratégicas
·
Prosseguir com o Concurso Público
Internacional de Concessão do Transporte Público Rodoviário de Passageiros,
lançado em consonância com a legislação europeia, nacional e com o Plano
Integrado Estratégico de Transportes da Região Autónoma da Madeira.
·
Criar uma estrutura para acompanhar e
auxiliar os municípios na implementação do PIETRAM e do PAMUS e
consequentemente, a manutenção de comunicação contínua para assegurar o fluxo
de dados necessários à plataforma integrada dos transportes e respetiva
aplicação.
·
Promover o aproveitamento dos fundos
comunitários disponíveis para a renovação da frota da Horários do Funchal.
·
Criar Lojas da Mobilidade e uma Loja
Virtual da Mobilidade, visando a prestação de serviços e disponibilização de informação
sobre o sistema regional de transportes.
·
Implementar um sistema de informação ao
público, que disponibilize informação integrada (numa lógica de rede, em
detrimento de uma lógica por operador) em diferentes suportes, incluindo:
disponibilização de diagramas integrados de rede nos terminais rodoviários e
principais paragens; disponibilização de plantas da envolvente nos terminais
rodoviários e principais paragens; criação de um sistema de informação multioperador
a disponibilizar online (integrado na futura Loja Virtual da Mobilidade); implementação
de quiosques eletrónicos para disponibilização de informação integrada e
eventualmente venda de títulos de transporte.
·
Elaborar a estratégia regional para a
redução da sinistralidade rodoviária.
·
Implementar uma política ativa de
sensibilização e prevenção rodoviária, em estreita articulação com a estratégia
regional para a segurança rodoviária.
·
Manter o programa de incentivo à mobilidade
elétrica.
·
Promover uma maior acessibilidade dos
cidadãos com deficiência aos espaços públicos, aos meios de transporte e às
comunicações.
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