domingo, maio 12, 2013

Os muitos riscos do plano do Governo para cortar na despesa

Li no Sol que "três riscos de inconstitucionalidade, desconfianças pontuais da troika, crítica cerrada dos sindicatos, oposição do PS à maioria das medidas – e até uma linha vermelha do CDS. O plano do Governo para cortar na despesa do Estado tem riscos substantivos. E ainda vários pontos em aberto. Negociações vão ser duras.

Corte na CGA 

O Governo está a estudar um corte médio de 10% nas reformas do Estado até 2005 – para resolver a diferença na fórmula de cálculo face ao sector privado. Isto inclui as pensões que já estão atribuídas, o que o PS criticou fortemente. Já os sindicatos querem recorrer ao Tribunal Constitucional (TC). No Governo, Portas cedeu, alegando que não conseguiria comprar duas guerras com Gaspar – mas concordando que a diferença entre pensões do Estado e do sector privado têm que merecer tratamento. Portas, como Passos, já admitiu em privado que pode haver problemas de constitucionalidade. 

Valor: 740M€ 

Contra: Problema no TC; oposição geral; risco eleitoral (limitado)

Vantagem: Receita garantida 

Idade da reforma 

Vai ser alterada a fórmula do factor de sustentabilidade, que adequa o valor da pensão à evolução da esperança média de vida. A intenção do Governo é que a idade de passagem à reforma, sem penalizações no valor da pensão, seja de 66 anos. Portas, no domingo, falou de uma solução negociada, para evitar subida directa para os 67 anos, defendida por Gaspar. A crítica da oposição e dos sindicatos é geral. 

Valor: 270M€ 

Contra: Potencia desemprego jovem; contestação

Vantagem: Não há riscos no TC 

Taxa nas reformas 

Já foi classificada como ‘TSU dos pensionistas’ e consiste numa taxa progressiva sobre as pensões da CGA e do regime geral da Segurança Social. Os valores não foram revelados. Passos Coelho revelou apenas que as pensões mais baixas estariam a salvo, e que a nova contribuição seria feita com base na actual Contribuição Extraordinária de Solidariedade, que reduziu as pensões acima de 1.350 euros. Portas não aceita e os sindicatos também não, começando na UGT. Será a primeira a cair. 

Valor: 436M€ 

Contra: Oposição do CDS, mas não só; abrange três milhões de pessoas

Vantagem: Receita garantida 

40 horas de trabalho 

A semana de trabalho dos funcionários públicos tem actualmente 35 horas. A intenção do Governo é aumentar para 40 horas, o que deverá gerar poupanças a nível de horas extraordinárias de professores, por exemplo. As regras podem diferir por sectores. Portas apoia. Seguro não criticou. 

Valor: 204M€ 

Contra: Oposição sindical

Vantagem: Apoio do CDS, talvez até do PS 

Rescisões no Estado 

Em Setembro terá início um programa de rescisões amigáveis no Estado, que deverá abranger entre 10 mil e 20 mil trabalhadores. A mobilidade especial será convertida num sistema de requalificação, em que o salário do trabalhador é reduzido a cada seis meses, até chegar a 33,4%. Ao fim de 18 meses, o funcionário dispensado passa automaticamente a uma licença sem vencimento, com ‘salário zero’. Portas está de acordo. Os sindicatos e o PS ameaçam ir para o TC. 

Valor: 448M€ 

Contra: Crítica sindical; riscos no TC; desemprego

Vantagem: Apoio do CDS, talvez até do PS 

Consumos intermédios 

Os tectos de despesa dos ministérios vão ser alvo de reduções adicionais. Será iniciada uma segunda fase do programa de fusões e extinções de organismos, para encontrar redundâncias na despesa. Foi trabalhado por Portas e Moedas, para ter margem para cortar a taxa das pensões. A troika duvida dos efeitos reais. 

Valor: 280M€ 

Contra: Difícil de concretizar; troika desconfia

Vantagem: Evita austeridade 

Medidas sectoriais 

Cada ministério terá um caderno de encargos a seguir, no que diz respeito à redução de despesa. O mais exigente é o do Ministério da Educação, que terá de cortar 325 milhões de euros. 

Valor: 1100M€ 

Contra: Difícil de concretizar; medidas ainda desconhecidas

Vantagem: Metas substantivas"