"Sinceramente, não acredito que a troika exija um corte de 10 por cento em todas as pensões de reforma. Pode ser que queira baixar a despesa das prestações sociais, pode ser que exija baixar essa despesa, mas não penso que diga com a exatidão de um diretor-geral que é desta e daquela maneira.
Sinceramente, não acredito que a troika encolhesse os ombros e não quisesse saber do assunto, caso Vítor Gaspar e Passos Coelho dissessem à troika que o Governo caía com uma medida assim.
Sinceramente, não acredito que Paulo Portas pretendesse deitar o Governo abaixo mesmo que esta medida fosse para a frente.
Sinceramente, não acredito que Passos, caso acreditasse que o Governo ia cair com este corte, não tivesse capacidade de gerar outro de igual valor e de convencer a troika, em nome da estabilidade, cujo valor no PIB e no défice é imenso, de que valia a pena a troca.
Sinceramente, não acredito senão nisto. É preciso cortar. É preciso colocar uma taxa de sustentabilidade nas pensões, ou a conjugação da demografia, da esperança de vida e das regras atualmente estabelecidas tornam-nas um sorvedouro imparável. Vai ser necessário alterar estruturalmente os cálculos de pensões e reformas ou elas passarão a ter um peso excessivo nos gastos. E toda esta agitação é uma antecâmara desse momento. Que pode (ou não) ser já no Orçamento de 2014. Mas que vai ter de ser.
A proverbial falta de coragem para assumir medidas estruturais difíceis - desculpem, senhores reformados, mas vamos ter de os diminuir; desculpem senhores futuramente reformados, mas nunca vão ganhar o que vos prometemos; desculpem jovens ainda no desemprego, não vão ter pensões praticamente nenhumas - a falta de coragem, dizia, leva a estes arrufos. E a este tipo de desculpas: a melhor e mais fácil, porque tem as costas largas, é dizer que a troika exige.
Um dia, mais tarde ou mais cedo, quando tudo for mais evidente, lá teremos o corte nas pensões. Para dar razão a Medina Carreira, que há cinco anos anda a dizer às pessoas da minha geração que vão ter apenas uma reforma simbólica.
E escusam de fazer comentários a dizer que é um roubo. Claro que é! Que é uma machadada na confiança. Claro que é! Que é isto e aquilo, porque de facto é tudo o que quiserem. O problema é que chamar nomes não resolve os problemas; e eu oiço chamar muitos nomes, mas ainda não ouvi ninguém que gritasse uma solução" (texto de Henrique Monteiro, Expresso com a devida vénia)
Sinceramente, não acredito que a troika encolhesse os ombros e não quisesse saber do assunto, caso Vítor Gaspar e Passos Coelho dissessem à troika que o Governo caía com uma medida assim.
Sinceramente, não acredito que Paulo Portas pretendesse deitar o Governo abaixo mesmo que esta medida fosse para a frente.
Sinceramente, não acredito que Passos, caso acreditasse que o Governo ia cair com este corte, não tivesse capacidade de gerar outro de igual valor e de convencer a troika, em nome da estabilidade, cujo valor no PIB e no défice é imenso, de que valia a pena a troca.
Sinceramente, não acredito senão nisto. É preciso cortar. É preciso colocar uma taxa de sustentabilidade nas pensões, ou a conjugação da demografia, da esperança de vida e das regras atualmente estabelecidas tornam-nas um sorvedouro imparável. Vai ser necessário alterar estruturalmente os cálculos de pensões e reformas ou elas passarão a ter um peso excessivo nos gastos. E toda esta agitação é uma antecâmara desse momento. Que pode (ou não) ser já no Orçamento de 2014. Mas que vai ter de ser.
A proverbial falta de coragem para assumir medidas estruturais difíceis - desculpem, senhores reformados, mas vamos ter de os diminuir; desculpem senhores futuramente reformados, mas nunca vão ganhar o que vos prometemos; desculpem jovens ainda no desemprego, não vão ter pensões praticamente nenhumas - a falta de coragem, dizia, leva a estes arrufos. E a este tipo de desculpas: a melhor e mais fácil, porque tem as costas largas, é dizer que a troika exige.
Um dia, mais tarde ou mais cedo, quando tudo for mais evidente, lá teremos o corte nas pensões. Para dar razão a Medina Carreira, que há cinco anos anda a dizer às pessoas da minha geração que vão ter apenas uma reforma simbólica.
E escusam de fazer comentários a dizer que é um roubo. Claro que é! Que é uma machadada na confiança. Claro que é! Que é isto e aquilo, porque de facto é tudo o que quiserem. O problema é que chamar nomes não resolve os problemas; e eu oiço chamar muitos nomes, mas ainda não ouvi ninguém que gritasse uma solução" (texto de Henrique Monteiro, Expresso com a devida vénia)