terça-feira, maio 07, 2013

Imparidades no Brasil provocam prejuízos no Banif

Segundo o Económico, "o banco liderado por Jorge Tomé apresentou prejuízos de 69,2 milhões de euros entre Janeiro e Março deste ano. Ao todo o banco liderado por Jorge Tomés constituiu provisões e registou imparidades 17,2% acima do período homólogo, para 83 milhões. Só em Portugal as provisões e imparidades caíram 92,2%, mas a actividade internacional (destaque para o Brasil) foi responsável por 55,2 milhões de custos por perdas no crédito, mais 404% do que em Março de 2012. O Banif apresentou um prejuízo de 69,2 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, o que compara com -75,9 milhões de euros no primeiro trimestre de 2012. O banco liderado por Jorge Tomé explicou "que o resultado foi fortemente impactado pela necessidade de realizar ajustamentos extraordinários nas participadas no Brasil"."Para estes resultados contribuiu o reforço das dotações líquidas para imparidade de crédito no montante de 73,7 milhões de euros no final do 1.º trimestre de 2013, face aos 67,7 milhões de euros contabilizados no final do 1.º trimestre de 2012, sobretudo devido ao reforço líquido em entidades não residentes no montante de 78,5 milhões de euros (dos quais 78,1 milhões de euros para as actividades no Brasil)", explica o banco em comunicado. Em Portugal a evolução do negócio foi positiva, tendo o prejuízo líquido ascendido a 6,4 milhões de euros no final do 1º trimestre de 2013, uma melhoria expressiva em relação aos -49,1 milhões de euros registados no final do 1º trimestre de 2012. A nível internacional o Banif teve menos prejuízos do que no período homólogo do ano anterior. A performance do Banif, apesar da melhoria, foi ainda negativa. A margem financeira caiu 32,5% para 29,6 milhões de euros, tendo sido fortemente penalizada pela evolução dos principais indexantes do crédito, as taxas Euribor, para níveis mínimos, bem como pela redução muito significativa verificada no stock de crédito em 2012, cujo efeito se reflecte negativamente na margem activa em 2013, explicou a instituição. Ao mesmo tempo e no sentido inverso há a registar a redução do custo dos recursos de clientes e interbancários, "resultado de uma política de adequação do seu custo às condições do mercado". No entanto, o custo dos recursos foi, também, negativamente impactado pelo custo dos instrumentos de capital subscritos pelo Estado português. O Banif precisou de 1,1 mil milhões de euros, dos quais 700 milhões em CoCo´s subscritos pelo Estado. As comissões líquidas fixaram-se em 19,3 milhões de euros, menos 6,9% do que no primeiro trimestre de 2013. Com isto o produto bancário caiu 16,1% para 56,4 milhões de euros. O banco salientou a redução expressiva dos custos de funcionamento. Verificou-se uma redução dos custos de estrutura (Gastos Gerais Administrativos e Custos com Pessoal) de 16,2% face ao período homólogo, tendo passado de 72,3 para 60,6 milhões de euros. O rácio de transformação de depósitos em crédito no Banif subiu. "Em resultado da redução dos depósitos de entidades estatais e administração central (contrapartida da operação de recapitalização) e da redefinição da política de pricing dos depósitos inserida na estratégia de redução de custos de financiamento, registou-se uma redução de 5,6% do montante destes recursos em balanço", explica o banco. Neste contexto, apesar da redução verificada no Crédito Líquido a Clientes (-2,2% no trimestre), o rácio de transformação, que vinha registando uma tendência descendente nos últimos trimestres, registou um ligeiro aumento, tendo passado de 126,7% em Dezembro de 2012 para 131,2% em Março de 2013.
O rácio de capital Core Tier 1 situou-se em 10,5% no final do trimestre, tendo o rácio de solvabilidade total ascendido a 11,1%.
O rácio de capital Core Tier 1 foi negativamente afectado pelos resultados negativos obtidos no primeiro trimestre de 2013, que resultaram em grande medida do reforço de dotações para provisões e imparidades, maioritariamente originadas pelas operações no Brasil. Em termos de balanço, os recursos totais de clientes ascenderam a 8,3 mil milhões de euros, menos 4% face a Dezembro de 2012. O Crédito a clientes (bruto) caiu 1,2% para 10,7 mil milhões de euros e os recursos líquidos do BCE fixaram-se em 3,3 mil milhões de euros, que comparam com 2,8 mil milhões de euros em Dezembro de 2012. O Banif fez uma referência ao processo de negociação com a Direcção-Geral de Concorrência da Comissão Europeia, que está a decorrer de maneira a impor remédios ao banco por causa de ter recebido ajuda do Estado, no âmbito do processo de recapitalização que decorreu ao longo do primeiro trimestre. O plano de reestruturação final, cuja versão final ainda está por aprovar, conterá os elementos de reposicionamento concorrencial do Banif no sistema financeiro português"