quinta-feira, julho 14, 2022

Renegociação de créditos à habitação dispara com fim das moratórias


Renegociações por incumprimento aumentaram 26,6% face a 2020 e montante foi superior aos números pré-pandemia. Pagamento apenas do valor da prestação representou maior número de pedidos. O fim das moratórias fez disparar a renegociação dos créditos à habitação. O pagamento apenas do valor da prestação em dívida – sem juros – foi o pedido com mais registos, segundo o Relatório de Acompanhamento do Mercado de Crédito, publicado nesta quinta-feira pelo Banco de Portugal. Em 2021, foram registadas 35.203 renegociações de crédito à habitação, mais 36,3% face a 2020 e mais 16,76% em comparação com 2019. No último ano, houve 33.639 empréstimos renegociados, no montante de 3,067 mil milhões de euros (mais 24% face ao valor de 2020 e mais 9% em relação a 2019).

“Os aumentos do número de renegociações e do montante de crédito renegociado podem estar relacionados com o baixo número de renegociações verificado em 2020, devido à vigência do regime da moratória pública, e com a antecipação da cessação deste regime, que ocorreu em setembro de 2021 para a generalidade dos contratos de crédito à habitação”, justifica o Banco de Portugal no documento. Grande parte dos clientes que pediu para renegociar os créditos (88,8%) não apresentava qualquer situação de incumprimento. O principal motivo das renegociações realizadas em 2021 (29,6%) serviu para alterar apenas o período de carência de capital, ou seja, o período em que apenas é paga a prestação; 11,5% alteraram, ao mesmo tempo, o spread e outras condições com efeito financeiro.

Mais reembolsos antecipados

Em 2021, também dispararam os reembolsos antecipados, em todo ou em parte, dos empréstimos para a compra de casa. Houve mais 28,4% de devoluções dos créditos face a 2020 (132.375 contra 103.072). O valor dos reembolsos atingiu os 5,763 mil milhões de euros, mais 29,7% face a 2020. Os reembolsos totais representaram mais de dois terços das devoluções de capital (67,6%), no valor total de 5,347 mil milhões de euros. Na maioria dos retornos de dinheiro à banca (51,2%), o valor foi inferior a 50 mil euros; em 29,9% dos processos, o montante foi igual ou inferior a 25 mil euros. Os reembolsos parciais corresponderam a 416 milhões de euros. Em 50,4% dos créditos, o montante entregue foi inferior a 2.500 euros; em 14,7% dos casos, a verba foi superior a 17.500 euros (ECO digital, texto do jornalista Diogo Ferreira Nunes)

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