quarta-feira, dezembro 27, 2023

Todas as regiões cresceram acima dos valores pré-pandemia em 2022, à boleia do turismo

O Algarve e a Madeira, ambos com aumentos do PIB em torno de 20%, são as regiões que mais cresceram em 2022, mas Lisboa e Norte continuam a concentrar o maior nível de riqueza do país. Todas as regiões portuguesas viram o produto interno bruto (PIB) crescer, em 2022, acima dos valores que eram registados antes da pandemia, graças, sobretudo, ao impulso dado pelo turismo. Algarve e Madeira destacam-se como as regiões com o maior crescimento, mas são a Área Metropolitana de Lisboa e o Norte que concentram o maior nível de riqueza, respondendo por quase dois terços do PIB nacional.

Os dados, ainda provisórios e divulgados nesta segunda-feira, são do Instituto Nacional de Estatística (INE), que dá conta de que, em 2022, o PIB do país registou um crescimento nominal de 12,2%. Já em termos reais (isto é, levando em conta a inflação), o crescimento cai para 6,8% (uma revisão em alta face à primeira estimativa) ao nível nacional. Ao todo, o PIB nacional fixou-se em 242.341 milhões de euros no final do ano passado.

Mesmo assim, tanto em termos nominais como em termos reais, a economia cresceu acima dos valores que eram registados em 2019, antes da pandemia, em todas as regiões. Considerando o crescimento nominal, o Algarve destaca-se, com um crescimento anual superior a 21%, seguido pela Região Autónoma da Madeira, cujo PIB cresceu 19,8% no ano passado. A Madeira destaca-se, ainda, por ter sido a região que mais cresceu em relação ao período pré-pandemia, com um aumento nominal do PIB de 17,4% face a 2019.

Saudades da política feita por senhores, da política com valores, com ética e para as pessoas



Opinião alheia: "O apêndice do PSD"

É louvável que o PSD abra espaço na sua bancada, com os custos internos que isso pode vir a ter, para albergar dois ou mais deputados do CDS. É um alto patrocínio a um velho fiel parceiro que terá, assim, a garantia de voltar ao Parlamento sem um esforço descomunal que lhe seria exigido de outra forma. É uma boa acção natalícia de Luís Montenegro e um presente no sapatinho de Nuno Melo.

Ainda não se sabe em que distritos os centristas integrarão as listas do PSD e há muitos detalhes que só serão finalizados nos próximos tempos, mas esta coligação não é igual a nenhuma outra que alguma vez tenha existido entre os dois partidos para concorrerem a eleições legislativas – e a história é longa e cheia de peripécias, desde a primeira Aliança Democrática (AD), de Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral, em 1979, à última, que juntou Pedro Passos Coelho e Paulo Portas sob a sigla Portugal à Frente (PàF), em 2015.

Embora nas anteriores alianças, os dois partidos sempre tenham tido pesos eleitorais distintos, a verdade é que havia um historial de resultados nas urnas que permitia negociar lugares: se o CDS partia de uma base de 15 deputados, sabia que não deveria esperar muito mais do que isso.

Desta vez, com os centristas fora da Assembleia da República desde 2022, a única base de trabalho são as sondagens e a boa vontade dos sociais-democratas. E isso muda tudo. Por força do contexto político actual, esta coligação é menos inspirada nas AD do passado e mais próxima do que tem sido a união entre PCP e PEV debaixo do chapéu da Coligação Democrática Unitária (CDU), na qual os deputados ecologistas mantiveram sempre uma espécie de cordão umbilical que os liga ao partido maior. Mas é assim que funciona uma coligação pré-eleitoral.

A grande vantagem para o CDS — e para a democracia — é regressar ao hemiciclo do Palácio de São Bento. O grande risco é ser engolido pelo abraço de urso do PSD. Nuno Melo, ou quem for eleito, ficará entalado entre o agradecimento profundo aos sociais-democratas e a necessidade de se libertar deles, para se afirmar como líder de um partido cuja agenda faz falta na Assembleia.

Essa tarefa de se distanciar ma non troppo do PSD vai consumir muita energia ao CDS, mas será fundamental para a sua sobrevivência enquanto partido com representação parlamentar. Caso contrário, nunca mais passará de um apêndice (Editorial do Publico, da jornalista Sónia Sapage, com a devida vénia)

Coligações pré-eleitorais entre PSD e CDS: uma história que começou em 1979

PSD e CDS entram em 2024 com uma coligação pré-eleitoral que se vai estender a três actos eleitorais e, em certa medida, às autárquicas de 2025. A primeira vez em que PSD e CDS se aliaram numa coligação pré-eleitoral foi em 1979. Na época, a aliança contou com o PPM (Partido Popular Monárquico) e tinha como protagonistas Sá Carneiro, Freitas do Amaral e Ribeiro Telles. Desde então, PSD e CDS formaram mais sete coligações: duas para eleições legislativas, duas para europeias, uma em eleições para a assembleia legislativa dos Açores e uma em eleições para a assembleia legislativa da Madeira. E junta-se agora a recém-anunciada aliança, que se estenderá a três actos eleitorais e que abre a porta a coligações, em função de "entendimentos de base local", para as autárquicas de 2025.

A coligação pré-eleitoral Aliança Democrática (AD) surgiu em 1979, a propósito das legislativas, e uniu PSD (com Francisco Sá Carneiro), CDS (com Diogo Freitas do Amaral) e PPM (com Gonçalo Ribeiro Telles). A coligação estendeu-se também às eleições autárquicas desse ano, concorrendo a várias autarquias, mas não a todas. Desde então, o historial mostra que PSD e CDS fizeram várias coligações pré-eleitorais a nível local, mas nunca enquanto aliança para todos os municípios – aliás, tal como o acordo agora anunciado para uma nova AD, em que a decisão sobre eventuais coligações caberá aos dirigentes locais.

Venezuela acusa Reino Unido de provocação ao enviar navio de guerra para a Guiana

A Venezuela acusou o Reino Unido de provocação ao anunciar o envio de um navio de guerra para participar em exercícios militares conjuntos com a vizinha Guiana, numa altura de crescentes tensões entre ambos países pelo diferendo territorial pelo Essequibo. “Um navio de guerra em águas a delimitar? E o compromisso de boa vizinhança e de convivência pacífica? E o acordo de não ameaçar nem usar a força uns contra os outros em circunstância alguma?”, questionou no domingo o ministro da Defesa da Venezuela na sua conta da X [antigo Twitter].

Na mesma rede social, Vladimir Padrino López sublinhou que “continuamos atentos a estas provocações que ameaçam a paz e a estabilidade das Caraíbas e da nossa América!”. A imprensa venezuelana divulgou, no sábado, uma notícia da BBC dando conta que o Reino Unido prepara o envio de um navio de guerra para a Guiana, num gesto de apoio à antiga colónia britânica. Segundo o diário venezuelano Últimas Notícias, o Ministério da Defesa do Reino Unido confirmou que o navio HMS Trent participará, depois do Natal, em exercícios militares conjuntos com a Guiana

Cardeal do Vaticano condenado a cinco anos e meio de prisão

O cardeal Angelo Becciu estava acusado de causar um “buraco” superior a 130 milhões de euros nos cofres da Santa Sé. O Cardeal Angelo Becciu, de 75 anos, que, com outras noves pessoas, estava acusado de fraude, foi, este sábado, condenado a cinco anos e meio de prisão. O Cardeal italiano era um antigo conselheiro próximo do Papa Francisco e foi o mais alto funcionário da Igreja Católica, até agora, a ser presente perante o Tribunal Penal do Vaticano – sistema da justiça civil do Estado da Cidade. O cardeal foi condenado a uma pena de cinco anos e meio de prisão e o pagamento de uma multa de oito mil euros, sendo que a procuradoria do Vaticano defendia uma pena de sete anos e três meses de prisão, bem como uma multa mais elevada, de dez mil euros.

“Respeitamos o veredito, mas não deixaremos de interpor recurso”, anunciou já Fabio Vignone, advogado do cardeal italiano. Angelo Becciu estava acusado de ter estado envolvido em transações financeiras da Santa Sé que terão causado um “buraco” superior a 130 milhões de euros nos cofres do Vaticano. O cardeal terá comprado um edifício no centro de Londres, através Secretaria de Estado do Vaticano, quando Becciu era responsável pelos Assuntos Gerais (2011-2018). Era um edifício na Sloane Avenue, antiga sede dos grandes armazéns Harrods, no bairro exclusivo de Chelsea. A acusação alegava que o edifício tinha custado à Santa Sé cerca de 350 milhões de euros, mas foi posteriormente vendido pelo Vaticano por 186 milhões de libras (cerca de 214 milhões de euros) (Jornal i)


Aeroportos: Uma década dourada para a Vinci

Não será por falta de capacidade de investimento que a ANA — Aeroportos de Portugal, controlada pela francesa Vinci, não avançará para obras mais profundas no Aeroporto Humberto Delgado (AHD). A antiga Portela tem permitido à Vinci, hoje uma das maiores concessionárias do mundo, um encaixe generoso, com receitas e lucros a disparar, puxados pelo turismo. Desde o início do contrato de concessão, que completou uma década na passada quinta-feira, a ANA soma lucros de €1,437 mil milhões e meios libertos (cash-flow) de mais de €3 mil milhões, revelam dados da análise económico-financeira da Comissão Técnica Independente (CTI), num estudo coordenado por Fernando Alexandre, da Universidade do Minho. O recorde foi batido em 2022, ano em que a concessionária obteve um lucro de €324 milhões. Em 10 anos, houve apenas um com prejuízo, 2020, o ano da pandemia: -€72 milhões. De resto, foi sempre a crescer, desde 2013, ano em que o lucro foi de €11 milhões.

A ANA tem-se defendido afirmando que é o resultado de uma boa gestão e de algo que não se podia prever em 2012, na altura da privatização — o crescimento exponencial do turismo. Aponta também o encaixe de €3 mil milhões na privatização, num momento em que o país, sob intervenção da troika, desesperava por investimento estrangeiro e entrada de capital. Os números mostram uma realidade animadora, houve uma quase duplicação dos passageiros nos aeroportos portugueses, que saltaram de 29,5 milhões em 2013 para 55,7 milhões em 2022 (mais 88,4%). Este ano, só em Lisboa estão estimados 34 milhões de passageiros, mais de dois milhões do que em 2019. A procura traduziu-se, naturalmente, em mais negócio. Nas receitas o crescimento mais que duplicou, passou de €377,7 milhões para €847,3 milhões em 2022. Os gastos com os trabalhadores são, porém, menos exuberantes: em 2013 os custos com pessoal ascendiam a €54,4 milhões, dez anos mais tarde eram de €73,4 milhões. E o número de trabalhadores manteve-se estável (Expresso, texto da jornalista ANABELA CAMPOS)

Dissidentes da IL estão a colaborar com Chega

Foi um breve período de nojo. Sete meses após deixar a Iniciativa Liberal (IL), o ex-líder da ala dos liberais clássicos, Nuno Simões de Melo, aderiu ao Chega e está a ajudar a escrever o programa eleitoral do partido para as legislativas, apurou o Expresso. Mas há mais transferências. O ex-cabeça de lista da IL por Setúbal, Diogo Prates, também se juntou na última semana ao partido de André Ventura. Os ex-liberais pertencem às duas vagas de saídas da IL, sob a liderança de Rui Rocha, anunciadas a 25 de abril e 25 de novembro, respetivamente. Ambos eram da ala mais conservadora do partido e apoiaram Carla Castro na disputa interna.
Ao Expresso, fonte oficial da Direção Nacional do Chega confirma que o coronel na reserva, que saiu da IL em abril por divergências sobre a questão da identidade de género nas escolas e o rumo do partido, já é militante do partido de André Ventura: “Também podemos confirmar que Simões de Melo está a contribuir para o programa eleitoral das próximas legislativas”, acrescenta a mesma fonte, sem especificar a área. O Expresso sabe, contudo, que o ex-deputado municipal da IL em Mafra está a contribuir sobretudo para as áreas da Defesa e Segurança. “Tenho alguma disponibilidade para ajudar no programa e continuarei a querer ser útil para o partido”, diz ao Expresso.

Política: País vai de novo a eleições com maioria das lideranças partidárias renovadas

O próximo ano arranca em clima de pré-campanha e legislativas marcadas para março, altura em que a grande maioria dos partidos irá a votos com lideranças renovadas face às eleições de 2022. Cerca de dois anos passados desde as últimas legislativas, o país vai de novo às urnas e os socialistas fecham um ciclo: sai António Costa e entra Pedro Nuno Santos como secretário-geral e candidato a primeiro-ministro. Com o legado da conquista da maioria absoluta e após oito anos de governação do ainda primeiro-ministro, da qual fez parte, Pedro Nuno Santos tem o desafio de levar os socialistas a eleições depois da demissão de António Costa na sequência de uma investigação judicial em que é visado.

Defensor dos resultados da solução política da “geringonça”, Pedro Nuno Santos não se comprometeu com qualquer cenário pós-legislativas, rejeitando apenas a possibilidade de viabilizar um governo minoritário do PSD. Do lado social-democrata, o principal protagonista em cena também muda: após a demissão de Rui Rio na sequência da derrota do PSD nas últimas legislativas, Luís Montenegro vai a votos como candidato à chefia do Governo.

Montenegro já assumiu que só será primeiro-ministro se vencer as eleições, recusou repetidamente alianças com o Chega – “não é não” – e afirmou que está “aberto a dialogar e ponderar” coligações pré-eleitorais com o CDS-PP e o PPM. O Chega é dos poucos partidos que deverá manter a liderança face às últimas legislativas, uma vez que, até agora, André Ventura é o único candidato ao cargo de presidente, que será eleito na convenção de janeiro, em Viana do Castelo. Apesar do “não” de Montenegro, Ventura já afirmou que está disponível para formar Governo com o PSD, rejeitando um acordo de incidência parlamentar sem integrar o executivo.

domingo, dezembro 17, 2023

Eleições: especulando sobre a lista do PS-Madeira

 

Será que a coligação PSD-CDS na Madeira, para as legislativas nacionais - nas eleições regionais perdeu votos e mandatos - vai acabar por dar um deputado na Assembleia da República ao Chega, pelo círculo da Madeira? Começo a desconfiar que esse desfecho tem potencialidades para se tornar uma inevitabilidade, devido ao "deserto" em que PSD e CDS transformaram, desnecessária e erradamente, o campo eleitoral da direita na Região.

Qual foi a evolução eleitoral do Chega e da Iniciativa Liberal, partidos recentes e com reduzido historial eleitoral na RAM até ao momento e porque motivo o Chega alimenta a esperança de eleição de um deputado a Lisboa (há dias um conhecido militante e dirigente deste partido garantia-me que, cautelosamente, o Chega-Madeira até não exclui a possibilidade de dois eleitos na Região...)

Chega

Regionais

2019 - 619 votos, 0,4%

2023 - 12.028 votos, 8,9%, 4 deputados

Legislativas

2019 - 911 votos, 0,7%

2023 - 7.727 votos, 6,1%

Iniciativa Liberal

Regionais

2019 - 762 votos, 0,5%

2023 - 3.555 votos, 2,6%, 1 deputado

Legislativas

2019 - 922 votos, 0,7%

2023 - 4.241 votos,3,3%

Espero que este quadro explique melhor a situação, usando os resultados mais recentes das regionais e das legislativas nacionais.


É factual que depois desta negociata das coligações na direita, um eleitor - e acreditem que existem parcelas significativas de pessoas nessa situação -  que recuse votar no PSD-Madeira ou no CDS-Madeira, quando coligados, talvez porque nunca votou antes nesse modelo eleitoral, alimentado por uma lógica construída ao longo de 40 anos de política regional jardinista que transformou o CDS - que na Madeira até já fez coligação com o PS em autárquicas - numa espécie de inimigo do PSD-Madeira, e vice-versa, que alternativas tem ao seu dispor, que opções existem à direita susceptíveis de obterem o seu voto de protesto? Apenas a abstenção ou, não a querendo, apenas o Chega, que temo que vá vai continua a capitalizar os efeitos do descontentamento popular e, no caso das legislativas nacionais de Março de 2024, acrescido pelos "contributos" mais directos e que nos levaram a esta crise política que teve o PS e Costa no seu epicentro.

Já na esquerda, com o PS-Madeira de novo liderado por Paulo Cafofo, a dúvida é apenas uma: vão os partidos, todos, ser capazes de manter sem grandes variações, os eleitores conseguidos nas regionais de Setembro deste ano ou, pelo contrário, Cafofo vai repetir as "dentadas" dadas nas regionais de 2019 a todos eles, que ou perderam votos e deputados ou foram mesmo afastados do parlamento regional como foi o caso do Bloco? Essa é uma dúvida pertinente, que legitimamente pode e deve ser colocada, embora pessoalmente considere que o Cafofo de 2024, para legislativas nacionais, nada tem a ver com o Cafofo de 2019 para as eleições regionais. São disputas diferentes, motivações diferentes, eleitorados que decidem de formas diferentes, propósitos distintos, votações diferentes, enfim, uma panóplia de factores que podem impedir que o PS-Madeira seja capaz de "engolir" eleitorado à esquerda como fez em 2019.

E será basicamente em função do que se vier a passar nestas duas distintas frentes de combate eleitoral, que dependerá a configuração dos mandatos da Madeira em São Bento - para uma Legislatura que duvido seja mantida tranquilamente durante os seus 4 anos de previsibilidade - e se PSD e PS vão ou não conseguir manter os actuais 3 mandatos que cada um deles tem ou se, como julgo inevitável, vão acontecer mudanças neste domínio. Mais adiante, apoiado pelos quadros eleitorais que elaborei, será mais facilmente perceptível porque motivo Chega e JPP sonham alto com São Bento - algo que seria inédito, ao nível do deputado que o Bloco elegeu na Madeira em 2015 com uma votação semelhante à obtida por aqueles dois partidos mas nas regionais deste ano.

Com base nos resultados das regionais deste ano, elaborei este quadro - método de Hondt - que ajuda a perceber a esperança do Chega e do JPP em elegerem pelo menos um deputado a São Bento, precisando para tal de pelo menos manterem a base eleitoral conquistada nas regionais de Setembro passado:

Recordo a evolução eleitoral do Bloco de Esquerda:

Regionais

2015 - 4.850 votos, 3,8%, 2 deputados

2019 - 2.489 votos, 1,7%, sem deputados

2023 - 3.036 votos, 2,2%, 1 deputado

Legislativas

2015 - 13,342 votos, 10,7%, 1 deputado

2019 - 6.806 votos, 5,2%

2022 - 4.109 votos, 3,2%

Quanto à JPP temos:

Regionais

2015 - 13.114 votos, 10,3%, 5 deputados

2019 - 7.830 votos, 5,5%, 3 deputados

2023 - 14.933 votos, 11%, 5 deputados

Legislativas

2015 - 8.671 votos, 8,9%

2019 - 7.125 votos, 5,5%

2022 - 8.721 votos, 6,9%


Eleições: um retrato das legislativas nacionais na Madeira (2011 a 2022)

Apesar de se constatar que PSD e CDS na Madeira perderam muito eleitorado, sobretudo comparando os resultados de 2022 com os de 2009 - estamos a falar de uma queda de mais de 30 mil votos e quase 20% do eleitorado naquele período - e que a queda registada entre 2019 e 2022 seja de menor dimensão (entre 4 a 6 mil votos), verifica-se contudo que PSD e o PS, os dois grandes partidos da política regional, no fundo os protagonistas de uma bipolarização mantida desde 1976 mas hoje claramente ameaçada pelo surgimento de novos partidos, à esquerda e à direita, que se "encaixaram" nos terrenos ideológicos e eleitorais, periféricos aos grandes partidos, e que verdadeiramente durante anos ninguém os ocupou com regularidade, mas que agora claramente são disputados aos "grandes" que, nalguns caos, se sentem ameaçados e começaram a perder votos por causa disso.

Este quadro mostra a evolução da abstenção na Madeira, nas Eleições Legislativas nacionais no período 2011 a 2022. O valor mais elevado, em termos absolutos, foi registado em 2015, ano de grandes alterações políticas no quadro nacional e na Madeira, embora em termos percentuais tenha sido registado em 2022.

Este quadro mostra os deputados à Assembleia da República pela Madeira, eleitos pelo PSD e pelo CDS, entre 2011 e 2022. Em 2022 PSD e CDS concorreram pela primeira vez em coligação que em termos eleitorais e de mandatos não representou mais-valia nenhuma.

Este quadro mostra os deputados eleitos à Assembleia da República pela Madeira, eleitos pelo PSD e pelo CDS, entre 2011 e 2022. Mas mostra também a oscilação, de votos e da percentagem total, registada pelo somatório dos dois partidos e para estas eleições em concreto. É evidente que a coligação não constitui mais-valia nenhuma e denota, mais do que o medo de irem sozinhos às urnas, sobretudo o CDS - ou existirá a "obrigação" por razões sobre as quais não vou especular neste momento... - o assumir de uma crescente fragilidade por parte dos dois protagonista se a dúvida sobre as suas capacidades e a dimensão do apoio dos cidadãos expresso nas urnas. O que é perigoso, e não só por gerar acomodamento de alguns...

Este quadro mostra os deputados eleitos à Assembleia da República pela Madeira, eleitos pelo PS entre 2011 e 2022. Mas mostra também a oscilação, de votos e da percentagem total dos socialistas, que não podem esconder que entre 2019 - ano áureo do PS-Madeira, nas regionais e nas legislativas nacionais - e 2022, tiveram uma queda, de votos e na percentagem eleitoral, que no entanto não colocou em causa os 3 mandatos que já tinham conseguido eleger três anos antes. Lembro que as legislativas de 2022 foram antecipadas devido ao facto de uma proposta de Orçamento de Estado para 2022 do governo socialista de Costa,  ter sido chumbada na Assembleia da República, incluindo com o voto contra dos antigos parceiros da geringonça liderada pelo PS e que Nuno dos Santos quer agora retomar. De facto, a proposta de Orçamento do Estado para 2022 foi chumbada com os votos contra do PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal, bem como do PCP, do PEV e do Bloco de Esquerda. Foi a primeira vez que tal aconteceu, entre governo eleitos na democracia portuguesa, o que obrigou Marcelo Rebelo de Sousa, perante este resultado, a dissolver a Assembleia da República.

Neste quadro podemos verificar os mandatos eleitos, entre 2011 e 2022 pelo PSD, CDS e também pelo PS. Sabendo-se que a maioria absoluta, em 230 mandatos, é conseguida com 116 deputados, a única situação em que tal se  verificou foi em 2011, com PSD e CDS - que nem formalizaram nenhuma coligação pré-eleitoral, e em 2015 o enorme tombo do CDS impediu a continuidade dos dois partidos no poder, originando o aparecimento da geringonça construída entre os derrotados nas urnas, mas que dispunham da maioria dos deputados, processo que foi conduzido sob a liderança de António Costa.

Este quadro mostra a evolução dos mandatos eleitos, entre 2011 e 2022, pelo PS, PCP, Bloco, PAN e Livre. Sabendo-se que a maioria absoluta, em 230 mandatos, é alcançada com 116 deputados, a esquerda só teve essa maioria absoluta em 2015 (graças à geringonça) com 123 deputados e em 2022 por via da maioria absoluta, 120 deputados, do PS sozinho. Em 2019, apesar de não ter havido uma geringonça, a esquerda com 144 deputados manteve uma folgada maioria absoluta, assente em acordos pontuais, até o fatídico dia em que o OE-2022 caiu em São Bento.

Este quadro mostra a evolução dos votos, da percentagem e dos mandatos, entre 2011 e 2022, pelo PSD+CDS e pelo PS na Madeira. Em 2022, pela primeira vez, e sem mais-valias nenhumas, pelo contrário, PSD e CDS concorreram coligados na Madeira mas não foram além dos 39% do eleitorado regional, o que evidencia uma assinalável perda de apoio nas urnas, pelo menos neste tipo de acto eleitoral. Os números dispensam mais lengalengas e a realidade é a que é, gostem ou não que ela seja mostrada e repetidamente lembrada.

A também chamada esquerda populista sabe que poderá estar mais vulnerável eleitoralmente ante um PS-M renovado, o que a coloca dependente de factores que não controla. Esta conjugação explica que tenha apostado, em bem, perante os factos atrás enumerados, em Filipe Sousa, autarca de Santa Cruz em final de mandato e sem possibilidades legais de se recandidatar - o mesmo que acontece com vários autarcas no PSD-Madeira, um dos quais, Pedro Coelho, lidera a lista social-democrata.

Estas dúvidas, que também assolam outras candidaturas mais à esquerda - casos do Bloco de Esquerda e PCP e o próprio PAN – que provavelmente não esqueceram os resultados das regionais de 2019 que foram eleitoralmente catastrófico para a esquerda regional. Recordo o que se passou:



Tenho para mim, sem convicção porque a volatilidade do eleitorado e a dimensão da abstenção é sempre uma incertezas na Madeira, que a eleição de um mandato do Chega e do JPP ao parlamento nacional, supostamente tendo apenas como referência a proximidade desse desiderato perante os resultados das regionais de Setembro de 2023 que teriam que ser mantidos em Março de 2024 – e quanto a isso já não sei... – dependendo esse “jogo” dos mandatos do que for o comportamento dos eleitorados que votam no centro ou no centro-direita e na esquerda e no centro-esquerda. Uma coisa é certa, manter, no caso do PSD e do PS, os 3 deputados que hoje cada um deles têm na Assembleia da República pode vir a dar uma trabalheira e mais do que uma lista apelativa – também conta.... – é preciso estar no terreno e saber ouvir as pessoas e falar com elas e para elas. E isto é o primeiro grande obstáculo em meu entender: os partidos não têm dinheiro, gastaram muitos recursos nas regionais e estão cansados, as suas máquinas estão ainda estoiradas ao contrário do que aconteceu no Continente e mesmo nos Açores, apesar desta Região ter em Fevereiro eleições regionais antecipadas que não constituíram, ao contrário das legislativas nacionais, nenhuma surpresa, dada a realidade política e parlamentar específica açoriana.

Depois, no caso das legislativas nacionais, há sempre o impacto positivo ou negativo, mobilizador ou dispensador das lideranças nacionais em Lisboa. O que aconteceu na Madeira em 2015, com a eleição de um deputado do Bloco de Esquerda à Assembleia da República – a surpreendente eleição, diga-se em abono da verdade – é testemunha disso mesmo. O discurso do Bloco estava em alta, as principais dirigentes nacionais do Bloco, Catarina Martins sobretudo, estavam em alta e na moda e isso influenciou sobretudo o eleitorado jovem, muito dele nem costuma votar. Só que em 2015 “deram” quase 14 mil votos ao Bloco, algo nunca antes alcançado. Por isso, e por causa disto, não fechol portas a surpresas. Confesso que isso e surpreendeu na altura porque era um cenário que nunca se colocou em cima da mesa, quer por parte de analistas políticos, quer por parte das máquinas partidárias.


Uma coisa é certa, a reboque e impulsionados pelos resultados nas regionais de Setembro, tanto o Chega como o JPP sonham com a eleição de deputados pela Madeira, algo que não deixaria de ser surpreendente, porque isso seria alcançado à custa do PSD – que eventualmente, nesse quadro, seria castigado pelo eleitorqadol flutuante que vota bnos social-democratas, já que nunca elegeu até hoje nebos de 3 deputados – e do PS que será uma incógnita, quer porque não se sabe como vai recuperar da copiosa derrota nas regionais de Setembro deste ano, mas porque ninguem sabe ao certo qual o impacto da liderança socialista do regressado Paulo Cafofo em termos eleitoirais – e são já evidentes as profundas divisões internas, embora elas me pareçam mais circunscritas a alguns sectores mais elitistas e urbanos e a eterna luta pelo poder em que ciclicamente se envolvem e não afectando propriamente as bases e muito menos o universo eleitoral do PS regional.

Duvido – mas depois do que aconteceu com o Bloco de Esquerda em 2015 não afirmo nada de forma peremptória – que Iniciativa Liberal e PAN possam aspirar sequer a um deputado pela RAM, e o mesmo se passará com o PCP e o Bloco, ambos mais empenhados na recuperação do seu eleitorado perdido do que propriamente a pensar em mais altos voos. Além, disso os dois partidos, Bloco e PCP, tal como a Iniciativa Liberal, o PSD e o CDS, enfrentarão as legislativas com novas lideranças.


O teste dos Açores e a abstenção

Dois outros factores – mais ou menos “esquecidos” ou “desvalorizados”, podem influenciar o desfecho das Legislativas nacionais. Falo do fenómeno da abstenção e das regionais antecipadas nos Açores, marcadas para 4 de Fevereiro. E se o PS-Açores com Vasco Cordeiro voltar a ser o partido mais votado na Região como foi nas regionais de 2020, embora perdendo a maioria dos mandatos abrindo caminho à concretização da geringonça de direita entretanto desfeita? E se a coligação PSD-CDS-PPM com todas as suas fragilidades e contradições, finalmente concretizar o que não consegue há muitos anos, vencer umas eleições na Região, algo que nem mesmo ocorreu depois da geringonça de direita? E que impacto, qualquer um desses cenários, poderá ter na campanha eleitoral, para as legislativas nacionais e nas opções dos eleitores a 10 de Março?

Estes quadros mostram a realidade recente das eleições nos Açores:


Ninguém fala no tema, aliás todos parecem desvalorizar, mas os Açores podem ser um importante teste para as legislativas nacionais de 1o de Março. Realizando-se um mês antes, a 4 de Fevereiro, as regionais antecipadas terão um triplo significado em meu entender:

  •      Vão testar a resiliência eleitoral do PS-Açores, vencedor das regionais de 2020 nas afastado do  poder pela geringonça de direita, desconhecendo eu se haverá alguma influência da crise política nacional causa da pelo PS e pelos seus problemas com a justiça, mas sempre tendo presente o peso influente da família César, apoiantes convictos tanto de Costa no passado como agora de Pedro Nuno Santos. Aliás, Vasco Cordeiro, antigo Presidente do Governo e candidato ao lugar pelos socialistas, alinhou pelo mesmo diapasão na balança dos apoiantes na corrida à liderança do PS.
  •      Vão, sim ou não, penalizar o Chega e a Iniciativa Liberal que a coligação PSD-CDS-PP acusa de terem causado a crise política que antecipou eleições, e por terem sido paulatinamente, sobretudo o Chega, o epicentro de problemas políticos que ameaçaram a coligação PSD-CDS-PPM, quase permanentemente, de uma crise que acabou por rebenta. Não vou entrar em pormenores até porque não tenho todos os dados da política açoriana, mas o Chega passou de apoiante da geringonça de direita, por via de um acordo parlamentar, a principal ameaçador da estabilidade política regional, apesar de ter ficado reduzido a apenas 1 deputado, pouco tempo depois de ter elegido 2 parlamentares, um dos quais acabou por abandonar o partido por divergências exactamente na gestão da presença do Chega na coligação açoriana no poder. Estou curioso em saber o que dirão os eleitores açorianos a tudo isto, embora acredite que muitos outros factores, incluindo de política nacional, podem influenciar as opções dos açorianos nas urnas;
  •      Vão testar a competência e resiliência da coligação PSD-CDS-PPM que, para além da responsabilidade pela governação, teve de lidar com constantes ameaças de instabilidade – a dada altura a Iniciativa Liberal local para não deixar o Chega sozinho também alinhou pela mesma atitude de afrontamento da coligação com quem tinha firmado um acordo parlamentar depois denunciado. Pessoalmente acho que a negociata nos Açores, para viabilizar o assalto da direita ao poder, a todo o custo, por via de um entendimento polémico que viria a ter influência decisiva na derrota copiosa do PSD de Rui Rio nas legislativas nacionais de 2022, pode penalizar tanto PSD como CDS, mais estes que o pequeno parceiro PPM que vive da representação eleitoral que consegue em duas pequenas ilhas. Não sei como está o PSD nos Açores, nem o CDS, não sei se existem problemas internos, se as lideranças são ou não contestadas, se há concordância dos eleitores com esta coligação pre-eleitoral de Bolieiro que continuo a achar que é uma menos-valia -  nas regionais de 2020 conseguiram um entendimento negociado depois das eleições no quadro da realidade parlamentar emergente.

Aguardemos pelo que vai acontecer a 4 de Fevereiro e logo veremos.

Finalmente a questão velha da abstenção, olhada em função dos interesses e das lógicas valorativas ou não, de quem analisa o tema. Continuo a achar que a abstenção não coloca obstáculos à legitimidade dos eleitos, mas pode questionar a efectiva representatividade dos mesmos. Uma coisa é ser eleito num universo de 50% de abstenções, outra coisa é ver esse valor situar-se nos 35% ou próximo disso.  Esta questão do recenseamento eleitoral tem muito que se diga e provavelmente não se limita às Regiões Autónomas e ao alegado desajustamento dos cadernos eleitorais da realidade. Uma coisa é certa, ninguém quererá alterar procedimentos para a actualização de cadernos eleitorais – nem sei como isso pode ser agora feito com as novas regras... – porque provavelmente Madeira, Açores e muuitos distritos continentais perderiam deputados em São Bento, já que os mandatos são distribuídos proporcionalmente considerando os eleitores inscritos em cada um dos círculos. No momento em que escrevo este texto o quadro dos deoputados paera a Assembleia da República ainda não era conhecido, mas o dos Açores, para as regionais de Fevereiro, sim:



Este quadro mostra a evolução das abstenção nas últimas eleições legislativas nacionais na Madeira:

(LFM)

sábado, dezembro 16, 2023

Nota: os pedregulhos no caminho de Montenegro pouco mobilizador

Alguns dos grandes problemas do PSD e de Montenegro, e que os condicionam fortemente, estão facilmente identificados: por um lado a incapacidade de percepção do que realmente se passa e por outro a incapacidade deste PSD de Montenegro em desligar-se do legado passista, que hipocritamente tanto reclama, mas que foi a causa do PSD estar hoje numa penosa travessia do deserto da qual ainda não criou condições para sair. Eu entendo, primeiro aspecto, que Montenegro tenha dificuldade em lidar com esse tempo recente - estamos a falar da Legislatura 2011-2015 - não só porque foi um dos  protagonistas com maior visibilidade nesse tempo para esquecer e alimentador de um discurso parlamentar radicalizado em São Bento (ele era o líder do PSD na Assembleia da República que perseguiu deputados social-democratas da Madeira só porque não votaram a favor de orçamentos de Estado que deliberadamente penalizavam a Madeira no quadro de um ajuste de contas político entre Passos/Gaspar e Alberto João Jardim, na altura com cumplicidades locais bem identificadas).

Um segundo aspecto tem a ver com o facto de, no plano nacional, uma coligação pré-eleitoral PSD-CDS ressuscitar fantasmas adormecidos passíveis de assustar e afastar um significativo número de eleitores - reconhecidamente a base eleitoral do PS de Costa - sobretudo os pensionistas e muitos funcionários públicos, que foram os grandes sacrificados com as políticas restritivas e fundamentalistas do governo de Passos e de Portas, mesmo que vigiados pela troika que a direita tentou ultrapassar, ultrapassou mesmo, no radicalismo das medidas aprovadas e que tanto se vangloriou disso.

Terceiro aspecto não menos importante, tem a ver com a lenga-lenga em torno das contas certas. Em 2011 foi um governo socialista, de Sócrates e Teixeira dos Santos, que faliu o pais e obrigou Portugal a mendigar ajuda externa urgente para poder cumprir compromissos assumidos trazendo a troika de volta a Lisboa - a troika que também tinha estado duas vezes antes de Sócrates, ambas consequência do descalabro da governação socialista, uma das quais personificada por Mário Soares.

O problema é que, devidamente comprovado por instâncias internacionais independentes, a gestão deste governo de Costa caracterizou-se pela devolução de rendimentos, por alguma redução da carga fiscal e pela manutenção das contas públicas, incluindo o nível de endividamento do pais, dentro dos limites exigidos pela UE, pelo BCE e pelo FMI e demais instituições financeiras, incluindo as agências de rating. Não creio que o PSD de Montenegro ou o CDS de Melo tenham a veleidade de achar que os eleitores portugueses vão acreditar num discurso contrário a tudo isto por parte do PSD e da bengala insignificante CDS e não naqueles organismos internacionais. Patético!

Ou seja, se não mudarem o discurso político que os marcaram, nestas eleições de Março de 2024, se não estabelecerem linhas vermelhas, se não definirem prioridades que cativem o interesse e o apoio das pessoas, se forem capazes, finalmente, de encontrarem os pilares renovados e essenciais de um discurso político remodelado, realista, credível e adaptado aos factos e à realidade e não refém de uma ficção ridícula, se mantiver o mesmo caminho que desde 2015 não ajuda o PSD que não consegue construir esse novo cartão de visita junto dos eleitores, a derrota nas urnas pode muito bem ser ainda pior do que foi no passado recente.

E finalmente, por favor não se deixem manipular, inclusivamente por alguns meios de comunicação transformados em vuvuzelas de papagaios isolados que fazem a apologia de insignificantes bengalas, apenas porque querem ver o PSD de novo metido em trabalhos, sem sair dos cuidados intensivos em que se encontra. Essas ratazanas têm uma estratégia pessoal, têm propósitos corporativistas, e para eles quanto pior estiver o PSD, melhor. As coligações. Montenegro, sobretudo quando não são mais-valia nenhuma num sistema eleitoral que não assenta um círculo único, revelam fragilidade, medo das urnas e das escolhas livres dos portugueses, reconhecimento da incapacidade em ganharem sozinhos eleições. Se o PS as tem ganho sozinho, até com maioria absoluta, o que impede o PSD de o fazer também, como no passado?! Afinal o PSD, sozinho, tem ou não o apoio dos portugueses? Se não têm então que promova a refundação, que mude tudo, que se renove 1000 por cento mas não tenha medo das urnas, de enfrentar as escolhas livres das pessoas, de mostrar o que vale e quanto vale. Um PSD que precisa de bengalas insignificantes corre o risco de prejudicar diálogos posteriores. A Madeira, este ano, não serviu de exemplo? Coligação qual carapuça, menos  votos, menos mandatos, isso sim. Não fosse o PAN e tudo tinha ido de cana, com novas eleições. E se porventura o PSD-Madeira se sentir ameaçado, chantageado, pressionado, usado, se ficar refém seja do que for e de quem for, então vamos para eleições antecipadas sem, medo com dignidade, com história, com património, com novos horizontes, com renovação e as mudanças que tiverem que ser feitas. E logo veremos o desfecho, sem truques, sem fragilidades assumidas, sem medo das urnas. O PSD-Madeira, ao contrário de outros não é um partido a se definhar.

É isto tudo que Montenegro tem que entender, mas não é capaz disso, porque continua amarrado ao passado e a saudosismos que representaram o princípio do fim. O PSD precisa, por exemplo, desde Cavaco Silva, ele sequer diz alguma coisa a alguém salvo à mulher que o espera em casa para o jantar? Ridículo. Ele teve o seu tempo, teve o seu lugar, eventualmente deixou um legado que o PSD pode preservar, caso queira. Mas não exageremos. O país é futuro, é caminhar em frente, sem olhar para o passado como se dependêssemos dele ou de alguém. Cavaco alimenta uma vingança pessoal e política com o PS e com Costa por causa da geringonça feita contra sua vontade.

De uma vez por todas Montenegro, os eleitores, naturais e/ou potenciais do PSD, querem saber o que o líder do PSD quer, pensa, diz, propõe, promete, compromete-se, etc, não o que dizem os Cavacos deste mundo mas de outro tempo, sem eles quem forem. Sempre respeitados, obviamente, mas nunca endeusados, muito menos pintados como pretensas referências de um partido que tem que saber olhar para a frente, que precisa de olhar em frente, para o futuro, que tem que saber comunicar com as pessoas, que tem que identificar as prioridades das pessoas e não achar que as tretas que algumas elites da treta sentadas à volta de uma mesa atiram para o ar, resolvem tudo. O PSD tem que  voltar ao terreno, não para visitas montadas para a comunicação social com o líder rodeado das nomenclaturas dessas localidades que não fazem mais do que são obrigados a fazer. Nada disso, se o PSD precisa de pontes novas para chegar de novo às pessoas, só Montenegro as tem que construir, sem bengalas, sem cedências, sem coligações que fragilizam e instalam a dúvida: afinal o PSD deixou sozinho de ser alternativa e de ganhar eleições?! Que tristeza. O povo mudou muito nos últimos anos e também se farta de políticos (LFM)