segunda-feira, setembro 01, 2025

Nota: O "mistério" na Educação

Sendo um outsdider neste domínio da gestão da Educação, é óbvio que qualquer opinião será sempre pessoal, e não vincula ninguém. Começo por referir que acho muito estranho, esquisito mesmo, gerador de especulação desnecessária mas que vai corroendo pela calada, tudo o que se tem passado na educação desde que Jorge Carvalho, transformado em "bombeiro" de emergência, foi atirado para o terreno para resolver a urgência do  PSD-Madeira em arranjar um novo candidato, conhecido publicamente, com dinâmica e espírito ganhador - sobretudo depois de toda aquela trapalhada que um dia espero que a História se digne explicar-nos a todos o que realmente se passou nos bastidores do processo autárquico. Carvalho, apesar de distante nos últimos anos da vida autárquica, teve uma experiência autárquica há uns anos - lembro-me bem - em São Gonçalo,  viu-se subitamente lançado para o combate autárquico, mas manteve-se, erradamente, no Governo Regional, pelos vistos até 12 de Setembro.

Eu não entendo, nem quero entender, os motivos desta decisão, nem até que ponto isto constitui uma mais-valia para a governação regional para o próprio candidato que, para a coligação PSD-CDS na capital, porquanto pode dar a ideia de um, candidato pouco convicto no abraçar ao desafio autárquico, de jogar em dois tabuleiros diferentes e, pior do que isso, pode até alimentar entre os eleitores funchalenses a ideia de que desvaloriza as demais candidaturas e de não ter grandes convicções, o que é altamente perigoso em termos eleitorais.

O primeiro erro, desastroso, na gestão política deste assunto, reside exactamente aqui. No mínimo, Carvalho deveria ter abandonado a função governativa no dia em que os social-democratas formalizaram a entrega da lista de candidatos ao Funchal, agarrando-se integralmente apenas a este desafio político e eleitoral que não se compadece com a lógica do meio-tempo e muito menos do logo vemos. Ou será que é preciso recordar que o PSD, mesmo coligado ao CDS, obteve no Funchal, entre 2001 e 2021, o seu pior resultado de sempre em 2021?! Acho que Carvalho percebe isto, admito que não tenha culpa nesta desastrosa gestão política da sua candidatura, admito também que tenha pressionado para apenas sair do cargo a 12 de Setembro, sem que eu perceba, repito, as razões políticas para isso. Admito que possa ter sido mal aconselhado porque me recuso alinhar com outras teorias, mais ou menos conspirativas e especulativas, que correm na praça pública, nas redes sociais, em grupos privados no WhatsApp, nem mesmo com a abjecta lotaria de nomes para a sua sucessão (alguns deles esticam os cabelos a qualquer um...), que davam para encher um avião da TAP para Lisboa. Tudo isto a par da especulação algo maquiavélica que tenta descobrir os motivos da continuidade do titular da pasta no cargo.

Acresce que com um novo ano escolar à porta - e quanto a isto ninguém me faz alterar a minha opinião, nem atenuar a minha estranheza confusa - devia ser o novo titular a conduzir o processo, a realcionar-se com as escolas, a tomar decisões, a efectuar visitas naturais próprias do início de um novo ano escolar, etc. 

O que acontece agora?

Esta notícia de Marco Gomes, que não é apenas mais uma banal notícia, é uma bomba. Conheço de vista o Marco Gomes, acho que nunca nos falamos, nunca tive qualquer contacto político ou partidário com ele, mas sei, pelos vários testemunhos lidos e todos os demais que me foram dados ao longo dos últimos anos, que era uma pessoa bem preparada, competente, conhecedora profunda do sector e, por isso, um candidato natural a uma sucessão resolvida em  casa, sem grandes atribulações. Pelos vistos este seu surpreendente alegado regresso à APEL suscita três questões que permanecem sem resposta: a APEL ofereceu a Marco Gomes um cargo de responsabilidade tão importante que o levou a abdicar de cargos públicos? Duvido. Será que Marco Gomes foi obrigado a afastar-se porque seria uma espécie de entrave a uma solução pouco consensual, aventureirista, cozinhada nos bastidores, num sector que não pode ser desestabilizado ou ter "patrões" fora da secretaria, quando deve garantir ao futuro titular todas as prerrogativas, competências e total capacidade de decisão quando obrigado a tal. Admito que sim. Finalmente Marco Gomes terá tomado conhecimento, ou foi informado, que não seria ele o novo titular - muitas vezes as pessoas competentes são afastadas porque se revelam obstáculos e gera, temores e receios no seu sector, e quanto a isto há mais de 40 anos que sei que é assim... - e nessa evidência resolveu bater com a porta antecipando a saída para não ser enxovalhado e diminuído no final deste processo que, em situações normais, dificilmente deixaria de implicar a promoção de Marco Gomes ao cargo de secretário regional.

Finalmente, acresce que no meio de tudo isto, salvo se as coisas andam a ser feitas pela calada, o que constato, todos os dias na comunicação social, é que a as candidaturas do PS, JPP, Chega e PCP - só para falar das mais importantes - andam diariamente no terreno, no Funchal, mas que a da coligação PSD-CDS parece estar ainda "desaparecida", quiçá a preparar motores e elaborar programa.

Sendo Miguel Albuquerque e Jorge Carvalho, mais o primeiro que o segundo, dois dinossauros da política, em termos de experiências e tarimba, ouso recomendar que este assunto seja resolvido imediatamente, que acabem com a especulação de corrói e que sejam tomadas decisões, nomeadamente a indicação imediata do nome do futuro titular da pasta. E que Carvalho anuncie a sua renuncia imediata ao lugar governamental para se dedicar a uma candidatura que ainda não ganhou coisa nenhuma, que vai ter que trabalhar muito no terreno, todos os dias, e que, ao contrário do que alguns pensam, tem muitos desafios pela frente, incluindo alguns que erradamente estão a ser ser desvalorizados. Façam isso por favor! Se acham que não tenho razão, então peço desculpa  pelo incómodo e pela minha falta de conhecimento do que falo, apesar do envolvimento no terreno em 15 anos de campanhas eleitorais.... (LFM)

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