A sondagem da Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e
Público revela que 56 por cento dos portugueses tem uma opinião negativa sobre
o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República, considerando a sua
atuação má ou muito má. Esta visão é ainda mais prevalecente entre os
inquiridos que são eleitores do PS. Numa apreciação geral, mais de dois terços
dos portugueses dá má nota ao estado atual da justiça portuguesa.
O relatório do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESPOP) da
Universidade Católica de Lisboa sobre a avaliação que os portugueses fazem da
Procuradoria-Geral da República e do estado atual da Justiça denota uma
apreciação muito negativa que é transversal aos eleitores de vários partidos.
Em concreto sobre o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da
República, mais de metade dos portugueses faz uma avaliação negativa da atuação
de ambos nos últimos tempos (34 por cento considera que foi “má”, outros 22 por
cento dizem que foi “muito má”).
Há ainda 35 por cento dos inquiridos que considera que a atuação do MP e da PGR tem sido “razoável”. Só um total de sete por cento dá nota positiva.
De notar que a avaliação negativa é ainda mais contundente entre os
eleitores socialistas: 66 por cento consideram que a atuação da PGR e do
Ministério Público nos últimos tempos tem sido “muito má” ou “má”. Entre os
eleitores da Aliança Democrática, são 47 por cento os que fazem esta
apreciação.
Já entre os eleitores do Chega, 49 por cento dá nota negativa ao órgão liderado pela procuradora Lucília Gago. Entre os eleitores do PS, apenas 26 por cento dá nota “razoável” à PGR. A visão não é tão negativa entre os eleitores da AD e Chega, com 44 por cento e 42 por cento, respetivamente, a considerarem a atuação “razoável”.
Avaliação negativa da Justiça em Portugal
A sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e jornal Público revela um quadro ainda mais negativo quando se pede uma avaliação global ao estado da Justiça em Portugal. Questionados sobre o “estado da Justiça em Portugal”, mais de dois terços dos inquiridos dá nota negativa. No total, 72 por cento diz que o estado da Justiça em Portugal é “muito mau” ou “mau”. Apenas 23 por cento vê a Justiça em Portugal.
A percentagem de inquiridos que vê como “muito bom” o estado da Justiça em Portugal é de 0 por cento. Neste parâmetro, a avaliação negativa é transversal entre os eleitores dos três partidos mais votados, sendo mais percetível entre apoiantes do Chega (81 por cento consideram que o estado da Justiça em Portugal é “muito mau” ou “mau”). Para os inquiridos que votaram no PS e AD, 70 por cento dos eleitores fazem uma avaliação negativa da Justiça.
Apenas 16 por cento dos eleitores do Chega falam de uma situação “razoável”, percentagem um pouco mais elevada nos eleitores da AD e PS (27 e 26 por cento, respetivamente). Entre os eleitores dos três partidos, a avaliação positiva do estado da Justiça (“muito bom” ou “bom”) é residual, não passando dos três por cento nos três casos.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa
para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 13 e 18 de maio de 2024. O
universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos
foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel,
também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por
telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e
demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 965 inquéritos válidos, sendo
43% dos inquiridos mulheres. Distribuição geográfica: 32% da região Norte, 21%
do Centro, 33% da A.M. de Lisboa, 7% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira
e 1% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo
com a distribuição da população por sexo, escalões etários, região e
comportamento de voto com base
nos dados do recenseamento eleitoral e das últimas eleições legislativas. A taxa de resposta foi de 28%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 965 inquiridos é de 3,2%, com um nível de confiança de 95%. Foram contactadas 3439 pessoas. De entre estas, 965 aceitaram participar na sondagem e responderam até ao fim do questionário (RTP, texto da jornalista Andreia Martins)
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