O que se passou como deputado Silvano do PSD não tem nada de especial e se não fosse o fato dele ser o secretário-geral do PSD de Rui Rio. Logo a notícia deve ter sido passada para a comunicação social por algum viúvo ou alguma viúva do passismo, motivados pelo seu ressabiamento - porque se não fosse assim nem teria sido notícia.
Esta é uma prática nos nossos parlamentos, há décadas, que está prevista regimentalmente. Trata-se de uma forma de evitar que haja deputados a perder mandatos por excesso de faltas. Há que ter a coragem de o dizer.
Eu sei que há milhares de justificações de faltas parlamentares "por motivos de actividade partidária ou política" argumento que garante ao deputado, repito, que por não ter comparecido não será penalizado. Obviamente que não tendo comparecido no plenário ou numa reunião de comissão não pode auferir o subsídio de deslocação, caso ele exista. Mas isso são questões diferentes.
O problema é que o registo das presenças de Silvano foi feito através do sistema digital do parlamento com recurso a uma segunda pessoa que alegadamente terá usado a password de acesso ao referido sistema e que apenas o deputado Silvano - eventualmente alguns funcionários de apoio no grupo parlamentar - conhecerão.
Muitos sinceramente acho que a especulação tem muito a ver com o facto, atrás referido, de se tratar do secretário-geral do PSD e dos mentores da tramóia terem pensado que se fragilizarem o responsável da máquina laranja, indirectamente estariam a dar um "coice" em Rui Rio que no fundo é o principal alvo de tudo isto, não o deputado Silvano e as suas idiotices.
Quando a este, é evidente que tratando-se do secretário-geral do PSD a sua responsabilidade é acrescida pelo que estas porcarias nunca poderiam acontecer, muito menos com ele. Silvano deveria ter adivinhado - ainda por cima é deputado que conhece bem as regras da casa e tudo o que se passa os bastidores - que mais cedo ou mais tarde este assunto viria à tona de água porque basta , por exemplo, cruzar as presenças de deputados constantes do diário das sessões com as notícias sobre a actividade do deputado A, B ou C, já como dirigente partidário, e a sua presença em determinado local e hora coincidentes com a actividade parlamentar.
Este caso nada têm a ver nem com a polémica surgida recentemente com os deputados da Madeira e dos Açores - e que deixou de ser polémica depois de devidamente esclarecido por quem de direito, dele ficando apenas algumas alterações que a AREP deverá fazer no controlo processual. Nada tem a ver também com uma outra coisa diferente, a possibilidade - que não é nova - de haver deputados que estão a dar moradas de residência falsificadas (falsificadas porque não são a sua verdadeira residência fiscal, socorrendo-se de moradas de familiares) para terem direito a um subsídio diário atribuído pelo parlamento sempre que há reuniões do plenário ou das comissões. Mas este assunto, como ficamos hoje a saber, está a ser investigado pelo Ministério Público/PGR a quem cabe decidir se existe ilegalidade ou não.
Lamento profundamente que exista - com a responsabilidade de alguns meios de comunicação social - uma certa distorção da realidade que visa, mais do que denegrir ainda mais políticos, partidos e instituições políticas, lançar sobre a politica de uma maneira geral um clima de suspeição que a fragilizas e apenas favorece - e sabemos disso - o avanço de teses populistas que são o alimento de movimentos extremistas de direita que ameaçam a Europa e podem assumir uma maior gravidade já nas eleições europeias de 2019.
Para se perceber melhor este caso do deputado Silvano e as suas consequências, direi que uma coisa é justificar a falta por "motivos partidários ou políticos" outra coisa é assinar o livro de presença para alegadamente (foi o que li, não sei se será mesmo assim) ter acesso às verbas correspondentes à deslocação para essa reunião.
Hoje foi noticiado que o deputado Silvano negou que tenham sido motivações financeiras, pediu à AREP que não processo qualquer pagamento nesses dias e solicitou igualmente que a sua ausência nas comissões em vez de serem faltas justificadas sejam consideradas faltas não justificadas.
Em todo o caso, repito e insisto, o deputado Silvano tem que mostrar que tem perfil para ser secretário-geral do PSD, ou seja, que tem cabecinha para perceber por antecipação, que qualquer asneirada que faça terá repercussão negativa porque há no GP do passista PSD em São Bento um conjunto de deputados do PSD, ressabiados e que querem manter lugares ou desejam ajustar contas com a liderança de Rui, como se a substituição de Passos tivesse sido uma imposição e não uma necessidade urgente (LFM)
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