De facto começa a ser tempo de serem os próprios jornalistas, as suas organizações (que precisam de um enorme safanão) e os reguladores - pressionados pelos jornalistas, porque está visto que se tornaram desnecessárias e obsoletos - a saírem da zona de conforto em que mergulharam há uns anos, para que sejam capazes de recomeçar a defender hoje o futuro de uma actividade profissional essencial nas sociedades e na democracia.
Uma actividade profissional que se arrasta penosamente pelos trilhos da dúvida e da insustentabilidade, por isso sistematicamente fragilizada por quem julga que o jornalismo quanto mais dependente (comercialmente) mais vulnerável fica e mais manipulável se torna. Eu sei que uma conversa feita nestes termos algo rudes, incomoda. Mas tenho a consciência que este desabafo corresponde a uma verdade contra a qual nada de concreto existe que seja passível de a contrariar.
A crise está aí, mesmo com todas essas trapalhadas, vemos televisões, rádios e jornais em dificuldade, muitos deles pelas "horas da amargura", arrastando-se penosamente pelos habituais caminhos de dificuldades financeiras que condicionam tudo e que colocam em causa a própria sobrevivência. Durante anos, o problema da comunicação social portuguesa era a alegada pertença ao Estado de alguns meios de comunicação. Resolvida essa questão, e transferida essa titularidade do Estado para grupos financeiros e empresariais que obviamente actuam em função dos seus interesses e objectivos e defendem o que mais lhes convém ou serve - não me venham com palhaçadas para tentarem enganar as pessoas com discursos idiotas sobre esse assunto - a verdade é que tudo continua como antes, provavelmente pior do que antes. Acho que depois do "safanão" na crise de 2011 e dos efeitos sentidos ainda em 2017 e 2018, o ano de 2019 será decisivo para os meios de comunicação social, pressionada também e cada vez mais, por outras alternativas, sem credibilidade, mas com uma projecção social maior. É o caso das redes sociais a reboque das quais se institucionalizou o "jornalismo dos cidadãos" onde vale tudo. Não me espanta por isso que um dos maiores grupos empresariais nacionais dos média, tenha reconhecido há dias dificuldades para pagar os subsídios de natal aos seus trabalhadores, como era habitual juntamente com os vencimentos de Novembro, pretendendo fazê-lo apenas até meados de Dezembro (LFM)
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