terça-feira, maio 14, 2013

Opinião: "A praga dos "famosos" domina a televisão"

"Se uns têm profissões ligadas ao espectáculo, outros são famosos só por serem famosos, construções dos próprios media, para atrair espectadores e encher tempo e espaço em programas de entretenimento, entrevista, palhaçada, brincadeira, conversa.Estão por todo o lado – até num programa sobre cães, ‘A Estrela Lá de Casa’ (RTP 2), porque cães interessantes só mesmo os dos famosos. Algures no cabo, há experiências paranormais de famosos, porque são decerto mais paranormais do que as das pessoas comuns. Num programa, a RTP 1 reduziu a História a antepassados de conhecidos; naturalmente, todos descendem de reis, ou não fossem eles reis do ecrã. Os talk-shows ‘Herman 2013’ e ‘5 para a Meia-Noite’ (RTP 1) ou ‘É a Vida, Alvim’ (TVI) vivem dos conhecidos no sofá, num modelo comum em todo o mundo. Em ‘Feitos ao Bife’ (RTP 1), os conhecidos fazem palhaçada e também compõem o júri, como em ‘A Tua Cara Não Me É Estranha’ (TVI). Em ‘Vale Tudo’ (SIC), mais palhaçada e brincadeira de famosos. Já ‘Alta Definição’ (SIC) serve para os conhecidos poderem chorar. Os talk-shows matinais e vespertinos alimentam-se de famosos e alimentam-nos. Em ‘Fama Show’ (SIC) espraia-se a frioleira de famosos, com banalidades que adquirem "valor" por serem de famosos e a TV as tornar "importantes". O ‘Big Brother’ começou com anónimos, mas alguns tornaram-se famosos profissionais e a TV logo os substituiu por pré-famosos nos ‘BB Celebridades’, ‘1ª Companhia’, ‘Perdidos na Tribo’ e agora no ‘BB VIP’. Há pseudo reality shows com nome de famosos, como umas tais Kardashians.  Esta praga é um passatempo como qualquer outro, mas não nos ajuda a sermos melhores. Se não anula, diminui o interesse da TV por programas com mais conteúdo e mais enriquecedores do que as emoções, as festas e as férias dos conhecidos. O interesse desloca-se do trabalho, do estudo, da criatividade e dos conseguimentos de vida para a privacidade e personalidade de pessoas que na maioria não têm nada para nos ensinar. Passámos da era das estrelas para a era dos cometas e dos asteróides, calhaus que percorrem o ecrã e desaparecem ou se estatelam no chão. Do outro lado do ecrã, está a celebridade como indústria, com a sua economia, transacções de produtos e de dinheiro. Na maioria dos casos, cria-se a ilusão de os famosos merecerem realmente a fama que têm, mas essa fama é produzida como latas de salsichas, só existe enquanto os canais de TV quiserem. Na verdade, os verdadeiros famosos são os canais de TV.
A VER VAMOS
A SIC NÃO CONSEGUIU IMPOR AS SUAS AUDIÊNCIAS AO MERCADO

A TVI e a RTP abandonaram na segunda-feira a CAEM, o órgão que deveria auto-regular os media e outras instituições no que toca à medição de audiências de televisão. A CAEM teve o que quis: maltratou dois dos três operadores generalistas ao negar uma nova auditoria à medição trapalhona da GfK, que ela adoptou num processo sem transparência e prejudicial ao mercado de televisão. A decisão da TVI e da RTP torna a CAEM inútil, o que a obriga a tentar um compromisso a partir de uma posição de fraqueza se quiser TVI e RTP de volta. Acabou em desastre a chefia da CAEM pela PT e pela SIC, a principal interessada na audimetria da GfK. A telenovela continua agora com um representante dos anunciantes a presidir à CAEM.
JÁ AGORA
ELE HÁ CADA COINCIDÊNCIA

Qual é a agência de "comunicação" da empresa presidida por Luís Mergulhão, o anterior presidente da CAEM, e principal responsável pela escolha da GfK? A agência LPM. E qual é a agência da CAEM? A LPM. E a agência da APAN, dos anunciantes, sempre do lado da GfK? A LPM. E a agência da GfK? A LPM. Mas nem com tanta "comunicação" concertada "resolveram" o problema GfK" (texto de Eduardo Cintra Torres, Correio da Manhã com a devida vénia)