domingo, maio 19, 2013

Crise política: “Angela Merkel nunca quis uma troika em Portugal”?

Escreve o jornalista do Jornal I, António Ribeiro Ferreira que "António Lobo Xavier diz que os responsáveis pelo Memorando foram o PSD e o CDS No Conselho de Estado de segunda-feira alguns conselheiros vão dizer ao primeiro-ministro e ao Presidente da República que o governo deve cair. A sétima avaliação foi fechada por “milagre” e a troika vai esperar para ver o que acontece em Portugal antes de avançar para a oitava. O CDS e Paulo Portas vão tremer quando o FMI publicar o seu relatório sobre a sétima avaliação com as medidas, uma a uma, que valem cortes de 4800 milhões para 2014 e o Eurogrupo de 20 de Junho aprovar as maturidades para Portugal e a tranche ainda suspensa de 2 mil milhões de euros. Com a TSU dos reformados e a convergências do sistema de pensões do Estado com o da Segurança Social no menu. O governo está por um fio e o congresso do CDS de 6 e 7 de Julho pode ser o funeral da coligação com o PSD e, quem sabe, o fim de Paulo Portas como líder dos centristas.
Aprendiz de feiticeiro
A crise está instalada. E se à esquerda a contestação não é novidade, a direita em peso começa a mobilizar-se para derrubar o governo e contar algumas verdades que até agora eram mentiras descaradas do governo socialista que pediu ajuda externa em Abril de 2011. Quinta-feira à noite, na “Quadratura do Círculo”, da SIC Notícias, António Lobo Xavier, homem próximo de Paulo Portas e nomeado pelo governo para elaborar a reforma do IRC, veio dizer que afinal a narrativa de Sócrates sobre o chumbo do PEC IV e o pedido de resgate é verdadeira: “A entrada da troika em Portugal resultou da pressão exercida pelo PSD e pelo CDS-PP.” A chanceler Angela Merkel “não queria uma intervenção concertada, regulada, com um Memorando. Este aparato formal de Memorando com regras, promessas e compromissos, tudo medido à lupa”. E António Lobo Xavier disse mais. A entrada em Portugal das três instituições que compõem a troika foi liderada por um “aprendiz de feiticeiro”. Quando lhe perguntaram quem era, clarificou: “O aprendiz de feiticeiro é o primeiro-ministro.”
Troika é álibi de Gaspar
E se no CDS o ambiente é este, no PSD é ainda pior. Quinta-feira, no seu habitual comentário na TVI24, Manuela Ferreira Leite apontou as baterias a Vítor Gaspar a propósito dos cortes de 4800 milhões na despesa pública, em particular os que afectam os reformados públicos e privados. Para a ex-líder do PSD, “há aqui uma encenação e dramatismo à roda dos cortes nas pensões. E o ministro das Finanças quer fazer tudo o que acha que tem a fazer enquanto tem o álibi da troika. Não acredito que a troika tenha imposto isto nesta situação”. Manuela Ferreira Leite foi mais longe ao afirmar que Vítor Gaspar faz isto tudo por “crença”. Pacheco Pereira, crítico de primeira hora do governo, concordou na quinta-feira com António Lobo Xavier quando o centrista chamou “aprendiz de feiticeiro” a Passos Coelho. E numa entrevista ao “Jornal de Negócios” diz que “esta gente está a gozar connosco, está a tratar--nos como súbditos”.
A palavra de Portas
Foi neste ambiente conturbado que Paulo Portas voltou à TSU dos reformados também na quinta--feira à noite: “Sou politicamente incompatível com a chamada TSU dos reformados, tenho uma palavra e não duas ao mesmo tempo.” A última pode estar para breve. A palavra “demissão”, algo que o semanário “Sol” garante ter sido pronunciado por Passos Coelho no dia 12 de Maio em Belém. A exemplo do que terá feito noutras duas ocasiões: TSU e Orçamento de 2013. Três ameaças, tantas como as vezes que Pedro negou Jesus Cristo".