Durante anos, percebi que não faltavam os
que achavam que as festas dos partidos influenciavam os eleitores madeirenses.
No caso do Chão da Lagoa - e depois quando o PS regional começou a realizar
festas na serra, agora transferidas para a Madalena do Mar, acredito que por
razões de logística, na medida em que facilita o acesso das pessoas e também
porque, não sendo um espaço de grandes dimensões, é mais fácil
"vender" midiaticamente as imagens da iniciativa.
Lembro-me que não era fácil, diria que era
uma batalha quase inglória, neutralizar essas análises que pecavam por
optimismos exagerados, que associavam votos à afluência registada. Mas quando
se recomendava que olhassem, "com olhos de ver", para os resultados
eleitorais, logo essas ideias estapafúrdias mudavam de figura e tudo voltava ao
normal.
Repito e insisto: as festas partidárias - que representam sempre um investimento financeiro avultado por parte dos partidos organizadores que usam apenas os seus recursos nestas iniciativas - não são determinantes para influenciarem as votações dos partidos nas eleições regionais. E quem persistir no erro de achar que sim, então deve juntar-se rapidamente ao pequeno lote dos que ainda acham que o Pai Natal nos visita todos os anos a 25 de Dezembro! Mas que são livres de acreditarem nisso…
Lembro-me que, no caso da Festa do
PSD-Madeira, pelo menos quando ela realizou no planalto do Chão da Lagoa, a
organização até tinha montado um esquema eficaz, coordenado por um ex-deputado
regional e com vários outros colaboradores, que lhe permitia controlar os
acessos de viaturas ao local - autocarros, viaturas ligeiras, carrinhas, motociclos
– par a que tivesse, através de uma projecção realista e assente nesse movimento nos acessos ao local, uma
ideia aproximada da afluência.
Eu explico.
As festas partidárias valem o que valem e
nelas os partidos são apenas as entidades organizadoras e nada mais que isso.
As festas partidárias são sempre festas de Verão numa terra que gosta de
festas, que mobiliza facilmente as pessoas para acontecimentos festeiros desde
que tenham animação e comes-e-bebes. Muitos são aqueles que marcam presença
pelo convívio, pelo divertimento, para estarem com amigos e familiares, pela
alegria que as festas propiciam, sejam elas organizadas por quem for. Eu
conheci ao longo dos anos que estive ligado à organização muita gente que ia a
todas as festas dos partidos e garantiam que em nada isso alterava ou
influenciava as suas opções eleitorais. Os partidos fazem um esforço enorme -
veja-se os casos do PSD e do PS - para contratarem conhecidas figuras do
universo musical nacional, preferencialmente interpretes populares, porque
esses cartazes, por si só, garantem afluências. Nem precisamos de exagerar na
publicidade. Os discursos políticos são uma parte pouco relevante - diria mesmo
um intervalo - nestas iniciativas e regra geral as intervenções políticas estão
a pensar mais na cobertura mediática e não propriamente em lavar o juízo dos
presentes - e são muitos - que se estão borrifando para esse momento político numa
festa popular.
Por isso, e durante anos isso verificou-se
no caso do PSD-Madeira, os discursos não podiam cair na banalidade do
"mais do mesmo". Para que aquele momento ganhasse alguma cobertura
mediática pretendida, tínhamos que ter "bocas" fortes, polémicas que
marcassem facilmente espaço na agenda política do dia e suscitassem discussão e
análises fora daquele espaço e daquele momento. Obviamente que no caso da Festa
do PSD-Madeira, uma parte significativa dos presentes eram (continuam a ser)
simpatizantes e militantes social-democratas, alguns deles provavelmente nem votam,
caso dos emigrantes e dos estudantes universitários fora da RAM.
O papel mobilizador e organizador das estruturas
partidárias ao nível das freguesias e dos concelhos, sempre foi (presumo que
continua a ser) fundamental, sem esquecer outras estruturas como a JSD, cujo
envolvimento foi crescendo ao longo dos anos, dos TSD e dos Autarcas
social-democratas. Reconhecidamente não há festas populares organizadas por
partidos políticos que não sejam abertas a quem lá comparece, porque são festas
que se realizam em espaços públicos, sem controlo de entradas, logo abertas a
militantes, simpatizantes e eleitores em geral que não são forçados a serem
eleitores dos partidos promotores.
Uma nota final: sempre que fui ao Chão da Lagoa recusei estar no palco. E quem disser que me viu por lá uma vez que fosse, mente com quantos dentes tem! Respeito todos aqueles que acham que precisam de marcar presença, porque acham que precisam de ser vistos e, para isso, acham que devem estar no palco por ocasião dos discursos políticos, repito, alegadamente para serem vistos pelos "seus" e porque eventualmente esse momento lhes dá uma importância e uma visibilidade partidária que, não estando no palco, não seria materializável. Lembro-me que era sempre uma "guerra" porque havia quem lá fosse apenas para estar no palco no momento dos discursos, alguns até escolhiam cautelosamente o local, e rapidamente "desaparecia" do recinto quando esse momento terminava. Mas não tenhamos ilusões, isto acontece com todos os demais partidos, seja o PS-M na Madalena do Mar ou o PCP na Quinta da Atalaia no Seixal, sejam os partidos todos quando promovem acções políticas filmadas pelas televisões ou fotografadas pelos jornais. E neste domínio eu sempre defendei, e mantenho, que Bloco de Esquerda e PCP são mestres na preparação dos cenários, incluindo adoptando um esquema de rotatividade de figurantes que apenas marcam presença nessa acções políticas, sejam elas nas campanhas eleitorais ou não. (LFM)
Sem comentários:
Enviar um comentário