segunda-feira, julho 11, 2022

Pandemia agravou risco de pobreza de famílias monoparentais de 25% para 30% num ano


No Dia Mundial da População, a Pordata divulga um conjunto de mais de 50 indicadores que permitem fazer uma "radiografia abrangente" do país nos últimos três anos. Pandemia prejudicou os rendimentos das famílias e trouxe mais dívida pública. A pandemia agravou o risco de pobreza a nível nacional e quem mais sofreu foram as famílias monoparentais, com pelo menos um dependente. A conclusão é da base de dados Pordata que detalha que, entre 2019 e 2020, houve um aumento de 4,7 pontos percentuais na taxa de risco de pobreza das famílias monoparentais, passando de 25,5% para 30,2%. No mesmo período, a taxa de risco de pobreza da população em geral também aumentou, em 2,2 pontos percentuais, passando de 16,2% para 18,4%.

São números preocupantes e que poderão agravar-se em 2022, tendo em conta a subida em flecha da inflação que afeta o custo de vida de famílias e empresas. Segundo a última atualização do Eurostat, a inflação estimada para Portugal (9%), em junho, estava acima da média da Zona Euro (8,1%). Mas a tendência de aumento da inflação já era visível no período estudado. De acordo com os dados da Pordata, a taxa de inflação estava nos 0,3% em 2019, o último ano pré-pandemia, tendo crescido para 1,3% em 2021, com a reabertura da economia a permitir o regresso do consumo.

A pandemia beneficiou também a poupança das famílias portuguesas, tendo aumentado 5,7 pontos percentuais entre 2019 e 2020.

Os dados são divulgados no Dia Mundial da População e fazem parte de um conjunto de mais de meia centena de indicadores estudados durante o período pandémico. O objetivo é oferecer "uma compilação rigorosa" que permita "fazer uma radiografia abrangente dos acontecimentos nos últimos três anos em Portugal", explica a Pordata.

Debruçando-se sobre áreas como a população, a economia do país, as comunicações ou o emprego, o conjunto dos dados divulgados esta segunda-feira mostra ainda que, no período estudado, a dívida pública em percentagem do PIB também sofreu variações. Se em 2019 estava cifrada nos 116,6%, no ano seguinte esse valor subiu para 135,2% e, em 2021, voltou a descer, tendo terminado o ano nos 127,4%.

Outro indicador em destaque é o acesso à internet, com mais famílias a estarem em rede, num total de 87,3% dos agregados a terem acesso em 2021. Em 2019, por exemplo, a percentagem de famílias era de 80,9%. Ainda que não seja especificado nos dados, este aumento no alcance da internet pode ser explicado pelos períodos de confinamento provocados pela covid-19, que obrigaram a teletrabalho e ensino à distância. O mesmo se passou com os consumos de energia que aumentaram 4,8% entre 2019 e 2020.

Por fim, o desemprego subiu 22,5% entre 2019 e 2020. Isto significa um total 384,9 mil pessoas inscritas nos centros de emprego em 2020. Com isto, a taxa de desemprego aumentou para 7%, mas, em 2021, voltou a baixar para 6,6% (o valor de 2019) - atualmente é de 6,1%. Ao mesmo tempo, o número de beneficiários de prestações sociais também aumentou, passando para 240 148 pessoas em 2020, ou seja, um aumento de 41,7% face ao ano anterior, em que se registaram 169 485 beneficiários (DN-Lisboa, texto do jornalista Rui Miguel Godinho, infografias de Rui Leitão)

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