sexta-feira, julho 15, 2022

Opinião: Tempos...

Este é um tempo para insistirmos no alerta para uma crescente ameaça de uma potencial crise económica e social - que especialistas dizem poder ser pior que a crise de 2008 com a queda do banco Lehamans Brothers - ameaça esta que está associada aos efeitos da guerra da Ucrânia e ao ricochete das sansões lançadas em catadupa contra a Rússia sem que a Europa as tivesse estudado antecipadamente afim de apurar com rigor quais as consequências dessas medidas para os europeus. Tempo para lamentar o que se passa nos aeroportos nacionais (e não só) com cancelamentos de voos, com a TAP em posição negativa e em queda livre já que é responsável por mais de 75% dos cancelamentos em Portugal, situação que me leva a duvidar da viabilidade de uma empresa renacionalizada a martelo e que hoje está mergulhada claramente em crise que é de sobrevivência, ainda por cima entregue a uma administradora francesa contratada por Costa e o PS, sem se perceber porque motivo. Tempo também para alertar para a necessidade, mesmo em regiões como a Madeira que hoje estão distantes de uma nova vaga dos dramas dos incêndios que todos os dias nos chegam do Continente, de investir sem hesitações em recursos que nos permitam defender a nossa floresta, manter os terrenos limpos, fazer um cadastro actualizado num país em que 97% da área florestal é privada - na Madeira julgo que esse valor é inferior. Mas nunca desleixando esse investimento público, só porque, felizmente, estamos longe dos dramas de incêndios florestais/urbanos que num passado bem recente nos penalizaram, criando muitos dramas humanos e provocando muitos prejuízos que ainda hoje deixam marcas sociais em muita gente.
Mas porque é um tempo também para enfrentar o "boi pelos cornos", sobretudo impedindo a valorização de situações absolutamente ridículas e dispensáveis, uso esse meu tempo neste espaço de opinião para reafirmar o que penso sobre temática política que não abona a favor de ninguém, que não deve constar de cartilhas políticas tolerantes e construtivas, e fazendo-o com a minha liberdade pessoal de opinião da qual nunca abdicarei, gostem ou não, doa a quem doer.
De facto, politicamente falando, há temas que, em situações normais, recuso desenvolver. Pelo absurdo dos mesmos, e por que julgava que faziam parte do passado. Quando se entra numa espiral de ameaças num partido democrático (e por isso há sempre recurso de decisões a quem de direito), das duas uma: ou esse partido perde os pilares da sua tolerância democrática e corre o risco de ficar numa espécie de estado de refém de uma qualquer lei do "come e cala", ou não hesita em abandonar o respeito pela liberdade dos seus militantes (perspectiva que alimentou certos discursos feitos entre 2011 e 2015, sobretudo nas organizadas redes sociais...). Isto por que os simpatizantes estão-se borrifando para discursos que porventura escondem situações concretas, que pelo incómodo não importa encarar de frente - o que seria mau demais para ser verdade. Por isso, limitando-me a assistir a tudo isto de fora, permanecendo fora do radar de tudo o que é repetidamente vendido para alguns média, continuarei exactamente a ser quem sempre fui e a assistir a tudo da mesma forma e onde sempre estive, bem distante de tudo e de todos. Esperando que, tal como já aconteceu antes, a vingança e o prejudicar deliberado de pessoas e familiares, apenas por causa da política e de formas de pensar diferentes, não volte a ser um dos recursos de afirmação de lideranças. E sim, concordo, os problemas internos, se existem (desconfio que alguns, poucos, existem e precisam ser superados), resolvem-se internamente, com cotagem, falando aos alvos e não generalizando, dizendo tudo aos protagonistas visados e contando tudo o que se passa, repito, tudo o que realmente se passa, lá dentro, entre-portas, incluindo as causas de alegadas guerras pessoais entre as chamadas elites partidárias - porque é lá que tudo acontece, não entre os "patas-rapadas" dos partidos - tudo por causa de ambições de tipos que não devem ter espelhos em casa.
Quanto a mim, com a mesma liberdade que tive na minha vida, continuarei exactamente a me comportar da mesma forma, opinativamente falando, sobre temas que entenda dever comentar. Porque é essa, sempre foi essa, a minha vida (LFM, texto de opinião publicado na edição de 15.7.2022 do Tribuna da Madeira)

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