Os novos diretores e quadros de topo da TAP, contratados já com a empresa sob controlo do Estado e sob a liderança da presidente Christine Ourmières-Widener, ganham mais do que os demitidos durante a pandemia, sob a pressão do plano de reestruturação, aprovado por Bruxelas, que obrigava a companhia a cortar 25% da massa salarial. Há salários de €14,5 mil brutos, cerca de mais de €2 mil do que na administração anterior. Com o cutelo do plano de reestruturação sob a cabeça, a TAP viu-se obrigada a cortar custos e convidou a sair, a partir de meados de 2020, a generalidade dos seus quadro históricos. Pagou-lhes indemnizações generosas e varreu praticamente toda a primeira linha de diretores, alguns com mais de 20 anos de casa. Varreu-se muito do know how português, o que tem merecido críticas. Quando Christine Ourmières-Widener chegou à liderança da TAP, o trabalho estava feito. Tinha vindo sem equipa, mas pouco tempo depois de entrar já estava a recrutar pessoas da sua confiança. Primeiro contratou serviços, mais tarde, assim que pôde, abriu-lhes a porta da empresa. O que tem causado mal-estar interno, já que a maioria são estrangeiros e vêm ganhar mais do que quem está há muito numa empresa que tem os seus trabalhadores com cortes salariais.
PÚBLICO PAGA MAIS DO QUE PRIVADO
A diferença de salários é significativa face aos valores praticados na
gestão do acionista privado, David Neeleman, onde os valores pagos aos
diretores de primeira linha se situava entre os €10 mil e os €12 mil brutos. E
ainda maior em relação aos montantes pagos quando a empresa era pública, ou
seja, em 2015.
Dados a que o Expresso teve acesso revelam que há salários de novos
diretores que ascendem a €14,5 mil brutos, como é o caso de Alexandra Groudin,
diretora sénior dos serviços aeroportuários. Henry Charles, braço-direito da presidente
e diretor sénior para a área estratégica e de parcerias, ganha €13 mil,
Frederic Babou, diretor sénior para a área dos clientes, recebe €11 mil. E a
nova diretora sénior com a responsabilidade dos tripulantes de cabina, Karolina
Machura, ganha €9 mil. Não surpreende, ir buscar quadros no competitivo sector
da aviação ao exterior tem um preço, e é mais elevado. Questionada sobre os
valores dos salários dos seus novos diretores e gerentes, fonte oficial da TAP
declinou comentar o assunto. Certo é que a nova TAP tem mais diretores do que
tinha quando foi privatizada. Contas feitas pelo Expresso apontam para 63 —
aquando antes da privatização, em 2015, eram 39 —, e destes, 11 são
estrangeiros. Em fevereiro haverá um novo diretor na área das compras, Pedro
Rodrigues Felício, que irá para o lugar de Ana Novais.
SALÁRIOS NA TAP
Diretores de e-commerce, frota e informática
Ganham entre €8000 e €10.000 mensais
Managers de compensação e benefícios, contabilidade e relação com
investidores
Têm vencimentos entre €5000 e €7000 por mês
Diretores de estratégia e parcerias e customer engagement
Recebem mensalmente entre €11.000 e €13.000
Diretores de estratégia comercial e de direção de cabin crew
Ganham entre €6000 e €9000 por mês (Expresso, texto da jornalista Anabela Campos)
Sem comentários:
Enviar um comentário