O que se passou em torno da desnecessária e
patética moção de censura que a Iniciativa Liberal decidiu apresentar esta
semana na Assembleia da República, foi um absurdo, sobretudo quando tudo se
transformou numa palhaçada ridícula demonstrativa de que a pretensa oposição do
centro-direita não passa de um bluff, protagonizado por entidades partidárias
que se atropelam umas às outras num oceano de contradições, de histórias mal
contadas e de argumentações inconstantes e inconsequentes.
Basicamente o que quero dizer, e digo-o sem
qualquer hesitação, é que os partidos da pretensa oposição de centro-direita ao
governo do PS e de Costa, preferem o oportunismo mediático e saloio e as
palhaçadas efémeras a trazer seriedade e coerência para a política. As agendas
políticas são o epicentro de tudo o que acontece nos partidos e das suas votações.
Há uma evidência que condiciona tudo: o PSD
não quer que o governo socialista caia nesta altura, porque todas as sondagens
mostram que o PS voltaria a vencê-las, mesmo sem maioria absoluta, e o próprio
PSD percebe que tem ainda que partir muita pedra num caminho demasiado penoso
que tem que percorre até que consiga convencer os portugueses de uma
alternativa que os social-democratas tardam a construir de forma consistente. E
quanto a isso não há dúvidas: são mais as fragilidades, hesitações, contradições
e temores no PSD de Montenegro, que certezas e convicções.
O Chega corre atrás de tudo, porque acha
que as sondagens que lhe dão mais votos e mais deputados é que valem e são as
verdadeiras atirando para o lixo a outra face da moeda, as sondagens que o
mostram em queda e a perder votos e mandatos.
A Iniciativa Liberal, que acha que é
diferente e todos os demais partidos, resolveu avançar com uma moção de
censura, que não discutiu previamente com os demais partidos da sua área
política e parlamentar, alegadamente para derrubar o governo quando ainda nem
resolveu o problema interno da escolha da sua própria liderança, processo que
promete muita polémica e fragilização. Porque não existe nenhum consenso
interno.
Quanto ao CDS é o costume: saltita
histérico sempre que se fala em dissolução ou em eleições antecipadas, na
expectativa de conseguir regressar ao parlamento de onde foi previsivelmente
escorraçado em 2022. Não se sabe é se o CDS sozinho, como quer o seu líder, desaparece
em definitivo ou se vai conseguir algo de concreto, sem ter que se montar às
costas de terceiros (PSD), como é costume nalgumas regiões e eleições do pais...
Perante tudo isto o que temos de concreto?
Nada, zero. Temos uma maioria absoluta parlamentar estranhamente ameaçada por
um Presidente da República que confunde repetidas vezes o seu próprio espaço de
manobra e as suas competências constitucionais com tudo o resto, num pais que
não é presidencialista e cujo Presidente, por imposição constitucional, regra
geral é uma espécie de “rainha de Inglaterra” bem acomodada em Belém. Aliás
suspeito que se aproxima o momento em que Marcelo será posto na ordem, faltando
apenas saber por quem, em que condições, como e com que consequências.
O PSD decidiu abster-se na votação da moção de censura da IL, que apenas conseguiu o voto a favor do Chega. À esquerda, e sem perder tempo com as piruetas e fragilidades do PAN e do Livre, percebe-se que PCP e Bloco refugiam-se na argumentação costumeira e ridícula, de que a moção de censura, só porque foi apresentada pela Iniciativa Liberal, visa derrubar um governo e não censurar as suas políticas, num discurso vago, vazio, inconsequente e contraditório, mas que os antigos parceiros da geringonça (ainda não refeitos das porrada eleitoral de 2022.) repetidamente usam quando não querem fazer nada de coerente (LFM, publicado no Tribuna da Madeira, 6.1.2023)
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