domingo, janeiro 22, 2023

Nota: sim a pobreza existe!

A pobreza na Madeira e no País ou na Europa é uma realidade triste que não se compadece com trocadilhos habilidosos de palavras.
A prioridade não é saber se os dados se reportam a 2020 ou 2021 ou se estão ou não sintonizados com a realidade dos nossos dias. Hoje em dia, sabemos todos, devido ao processo manipulativo que caracteriza o uso e divulgação de estudos por parte de protagonistas políticos e governamentais, já nem nas estatisticas ditas oficiais as pessoas acreditam. Lamentavelmente! Tal como outros trabalhos, tambem este do INE deve contar com a mesma receptividade e tolerância que atribuimos a outros trabalhos do INE qe a classe politica usa, porque lhes convém, de forma repetida e barulhenta.
A Madeira tem índices de pobreza elevada?
Tem e só compete a quem governa, nos diferentes patamares, regional e autárquico, pugnar para que esses valores sejam reduzidos, o que não me parece plausível sem a garantia de emprego e de rendimentos nem mantendo as negociadas especulativas no imobiliário, por exemplo, em contraste com milhares de pessoas, sobretudo jovens, que continuam a não ter acesso à habitação por que não têm rendimentos suficientes para fazerem face à especulação criminosa num sector que já foi a origem de graves crises sociais, económicas, financeiras e bancárias no passado recente e que nada garante que não volte a sê-lo nos próximos tempos.
Mas Portugal não tem elevados índices de pobreza? Tem e precisa de combater de forma contundente essa realidade.
A Europa não tem, cada vez mais - e mais ainda com a guerra na Ucrania e a crise dos refugiados - índices de pobreza e de privação social graves? Tem e parece que neste contexto da guerra e da inflação especulativa essa realidade possa ser combatida eficazmente.
Não se pode combater a pobreza social numa sociedade, que cresce ou se mantem não só por causa dos baixos salários e dos baixos rendimentos, quando não se garante o acesso das pessoas nessas condições a uma habitação condigna, pelo que não resta mais nada ao sector público que não seja o regresso em força ao que aconteceu no passado recente, logo depois do 25 de Abril, quando era apenas o Estado a garantir a habitação a milhares de famílias.
Portanto, mais do que palavras ôcas, precisamos de acção e da consciencialização, a começar pelo poder e pela classe política em geral, que o combate à pobreza, em nome da nossa dignidade colectiva, é uma prioridade, tem que ser a prioridade.
A pressão causada pela guerra da Ucrânia, a pressão causada pela inflação galopante que tem lixado milhares de pessoas e famílias, a pressão causada pela subida descontrolada imposta por Bruxelas, das taxas de juro bancárias, agravando os rendimentos das famílias e ameaçando muitas delas de uma crise sem precedentes que até as podem privar de bens pelos quais lutaram e se empenharam ao longo da sua vida, com muito esforço, certamente que agravaram os indicadores finais e as conclusões do estudo do INE. Dois anos, nestas condições de forte pressão e de muita incapacidade (e incompetência) europeia e nacional de combater esta nova ameaça, é muito tempo.
As entidades, públicas ou privadas, sobretudo estas, vocacionadas para o apoio aos mais necessitados, estão cada vez mais sujeitas a uma forte pressão social e à falta de recursos para fazer face ao aumento das necessidades de intervenção num ano, 2023, em que todos garantem que será pior que 2022 e relativamente ao qual ninguém consegue garantir que não será um ano de recessão económica e social.
Sim a pobreza existe, na Europa, em Portugal, na Madeira, a níveis demasiado elevados, e todos sabemos que o problema não se resolve atirando tudo para debaixo do tapete (LFM)

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