segunda-feira, janeiro 02, 2023

Opinião: Factos, ponto!

 

I - Foi noticiado há dias que a indústria têxtil e do vestuário, uma das mais importantes de Portugal e com grande impacto económico sobretudo no norte do país, vai terminar 2022 com um volume de exportações recorde próximo dos 6.000 milhões de euros, bem acima do máximo superior ao ano anterior (5.419 milhões). Contudo, o reverso da medalha, os empresários do setor estão sem grande vontade de festejos na medida em que "parte desse acréscimo se deve à subida de preços por efeito da inflação," mas porque as novas encomendas para 2023 "estão a travar desde o verão, com os clientes receosos de uma recessão". A Associação Têxtil e Vestuário de Portugal deixa um alerta, mas não comenta a "desaceleração” situação que é justificada negativamente pelo “efeito da guerra e pela antecipação de alguma recessão que vai existir na Europa, nomeadamente na Alemanha”, um dos mercados importadores mais importantes. Ou seja, sem apoios, vamos ter crise!

II - Às vezes fico com a estranha sensação de que Costa das duas uma: ou brinca com os portugueses e a oposição política, socorrendo-se da garantia de uma maioria absoluta que vai funcionar sempre e do voto “encarneirado” na Assembleia da República, ou usa abusivamente essa maioria absoluta para "outorgar" comportamentos absolutamente autocráticos, abusivos, provocatórios e condenáveis, quer no exercício quotidiano do poder, quer no combate político com a oposição, quer na escolha de colaboradores, quer no desleixo generalizado que vem demonstrando, quer numa sucessão de casos que fragilizam não o PS e a sua maioria absoluta mas a democracia em geral e o próprio sistema democrático constitucional em que vivemos. E isso é perigoso, lamentavelmente perigoso. E abusivo.

III - Um dos muitos oficiais militares que a guerra transformou em comentadores televisivos - na sua esmagadora maioria favoráveis à Ucrânia e, por isso, sem a isenção e equidistância que se exige numa informação rigorosa e liberta de sentimentalismos - revelou que "não há nenhuma ponte para estabelecer conversações entre a Rússia e a Ucrânia", apesar das declarações recentes, absolutamente patéticas, dos dois lados do conflito. Que, segundo ele, e eu concordo em absoluto, são uma "parte da retórica, num manto de hipocrisia". Isto numa altura em que todos esperam pretensas "grandes ofensivas" de ambos os lados, numa guerra que já percebemos não terá uma vitória militar no terreno e que vai continuar a esgotar recursos financeiros de países, cada vez mais a braços com orçamentos em ruptura e com dificuldades para manter a situação, em detrimento das prioridades, pressões e necessidades das populações nacionais. Uma coisa é certa: nesta guerra criminosa e bandidesca nenhuma das partes, digam o que disserem, quer negociar porque negociações implicam cedências que nem Moscovo nem Kiev querem fazer.

IV - Recorrentemente ouvimos políticos e a opinião pública em geral, queixarem-se, e com razão, do aumento da insegurança nas nossas principais cidades, Funchal incluído. Se tivermos uma crise recessiva geradora de uma crise económica e social, esta realidade tende a piorar ainda mais. Mas como perceber a causa destas preocupações? O Sindicato dos Profissionais de Polícia ajuda-nos a entender, quando acusa o ministro da Administração Interna de anunciar na comunicação social matérias que deveria negociar antes com as estruturas sindicais e de passar uma imagem errada das remunerações dos policias. "Se eles (PSP) recebessem bem, não faltariam candidatos. No entanto, verificamos que não existem candidatos suficientes para preencher as vagas disponíveis", afirma o sindicato. Numa reação a declarações do ministro Carneiro, o sindicato sublinhou que existem suplementos que não estão acessíveis à maioria dos polícias, casos do suplemento de residência "que inclusivamente é recebido pelo senhor MAI"… (LFM, texto publicado no Tribuna da Madeira)

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