domingo, abril 24, 2022

Sondagem: PS segue sólido na frente, liberais aproveitam vazio de poder no PSD



Os principais blocos políticos sem alteração face às legislativas de janeiro passado. Mas há ajustamentos à Direita, com a Iniciativa Liberal a ultrapassar o Chega. As legislativas já foram há três meses; a guerra da Ucrânia começou há dois; o Governo tomou posse há um; o Orçamento do Estado foi apresentado há duas semanas. Nada que abale as preferências dos eleitores. De acordo com uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF, o PS continua destacado na liderança (40,7%), com o PSD um pouco mais longe (25,2%) e em perda para a Iniciativa Liberal (7,9%), que passa o Chega (7,8%).

O vazio de poder nos sociais-democratas - Rui Rio está de saída - parece ter sido o único (não) acontecimento a forçar um movimento eleitoral. Quando se comparam os resultados de janeiro passado com esta sondagem, as oscilações não ultrapassam as décimas. Com duas exceções: o PSD perde quatro pontos percentuais, enquanto a Iniciativa Liberal cresce três. Parece confirmar-se o aforismo: a política tem horror ao vazio.

Tudo igual à Esquerda

O único movimento significativo faz-se, portanto, dentro de um mesmo bloco político (e inclui a ultrapassagem dos liberais ao Chega) e sem qualquer efeito nos restantes. O conjunto da Direita parlamentar (sem o CDS) continua a valer o mesmo que os socialistas: cerca de 41 pontos, tal como há três meses. Um empate percentual que, como se sabe, não tem equivalência no número de deputados, uma vez que o PS conseguiu a maioria absoluta (120 contra 97 à Direita).

À esquerda do PS também permanece tudo igual, com PCP (4,1%), BE (4%) e Livre (1,5%) a somarem um pouco menos de dez pontos percentuais, ou seja, sem que bloquistas e comunistas deem qualquer sinal de que é possível recuperar do colapso das legislativas (no conjunto, o três partidos ficaram reduzidos a 12 deputados). O PAN está igualmente congelado (1,5%) e o CDS dá sinais ténues (mais seis décimas) de melhoria (2,2%).

O "socialistão" de Lisboa

Quando se analisam as cinco "regiões" em que divide a amostra, percebe-se que a vantagem socialista é maior no Centro e Sul do país, com destaque para a Área Metropolitana de Lisboa: capta quase metade das preferências (47,2%) e é também aqui que a distância para o PSD é maior (26 pontos). O melhor resultado dos sociais-democratas, confirmando uma tendência já registada no ciclo político anterior, é na Região Norte (33,6%).

O terceiro lugar é distribuído pelos maiores entre os mais pequenos: o Chega de André Ventura no Centro e em Lisboa; e a Iniciativa Liberal de João Cotrim de Figueiredo na Área Metropolitana do Porto, no Sul e ilhas e no Norte. O melhor resultado do PCP é por agora no Centro, o do BE no Porto, o do CDS no Sul e ilhas, o do PAN em Lisboa e o do Livre no Norte.

Um partido envelhecido

Se o ângulo de análise se focar nas faixas etárias, concluiu-se que tanto o apoio aos socialistas como a distância que os separa do PSD vai aumentando com a idade do eleitor: nos que têm 65 ou mais anos o PS marca 52,7% e está 28 pontos acima dos sociais-democratas, que revelam uma grande estabilidade nos quatro escalões em que se divide a amostra.

Também nestes segmentos o terceiro lugar é sempre dividido entre liberais e radicais de Direita, com vantagem para os primeiros, que vão à frente entre os mais jovens (18/34 anos) e nos dois grupos etários mais velhos (50 em diante). Para o Chega fica o último lugar do pódio na faixa dos 35/49 anos. BE, PAN e Livre estão melhor nos dois grupos mais jovens, o PCP nos dois mais velhos, com o CDS, a exemplo do PSD, sem grandes oscilações.

Testosterona no Chega e PCP

Um destaque final para algumas divisões de género. Sendo que o barómetro atual confirma algumas das tendências mais sólidas dos anteriores. Desde logo, o pendor marcadamente masculino dos eleitorados do Chega e do PCP. Em ambos os casos, o eleitorado masculino vale nesta altura três vezes mais do que o feminino. Ao contrário, no PAN o desequilíbrio é no sentido feminino (elas valem quatro vezes mais do que eles). Nos restantes partidos, o equilíbrio é desta vez a norma (Jornal de Notícias, texto do jornalista Rafael Barbosa)

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