segunda-feira, abril 25, 2022

Confirma-se que cerca de um terço do gás natural consumido na Europa provém da Rússia?

 

O QUE ESTÁ EM CAUSA?

Esta informação é veiculada através de um gráfico sobre a "dependência da Europa do gás natural da Rússia", com dados referentes a cada país ("percentagem de gás natural consumido proveniente da Rússia"), que está a ser difundido nas redes sociais. O Polígrafo verifica.

"Cerca de um terço do gás natural consumido na Europa provém da Rússia", destaca-se no post de 5 de março no Facebook que mostra o gráfico em causa. As percentagens indicadas englobam todos os países da Europa, o que resulta num valor ligeiramente inferior ao da média da União Europeia.

Ora, de acordo com o "Center on Global Energy Policy", integrado na Escola de Relações Públicas e Internacionais da Universidade de Columbia, no ano de 2020 a Europa (incluindo a Turquia) "importou cerca de 185 mil milhões de metros cúbicos de gás russo", o que "equivale a cerca de 36% das importações de gás da Europa". Em 2021, as previsões do estudo apontam para que a Europa importe a mesma quantidade, sendo que agora equivale a aproximadamente 34% das importações.

Segundo um boletim do Eurostat, no qual se destaca que a Rússia é o principal fornecedor de petróleo bruto, gás natural e combustíveis fósseis sólidos da União Europeia, "a estabilidade do fornecimento energético da União Europeia pode estar sob ameaça se uma elevada proporção das importações estiver concentrada em relativamente poucos parceiros externos. Em 2019, quase dois terços das importações de petróleo bruto da União Europeia eram provenientes da Rússia (27%), Iraque (9%), Nigéria e Arábia Saudita (ambos 8%) e Cazaquistão e Noruega (ambos 7%)".

Relativamente a 2019, uma análise similar indica que "quase três quartos das importações de gás natural da União Europeia vieram da Rússia (41%), Noruega (16%), Argélia (8%) e Qatar (5%), enquanto que mais de três quartos de combustível sólido (principalmente carvão) provenientes da Rússia (47%), Estados Unidos (18%) e Austrália (14%)"

"A taxa de dependência mostra até que ponto uma economia depende de importações para atender às suas necessidades energéticas. É medido pelo peso das importações líquidas (importações - exportações) no consumo bruto de energia interior (ou seja, a soma da energia produzida e das importações líquidas)", explica-se no boletim do Eurostat.

"Na União Europeia, em 2019, a taxa de dependência era igual a 61%, o que significa que mais de metade das necessidades energéticas da União Europeia foram satisfeitas por importações líquidas". Esta taxa varia entre mais de 90% em países como Malta, Luxemburgo e Chipre e vai até aos 5% na Estónia. "A taxa de dependência das importações de energia aumentou desde 2000", ano em que era de apenas 56%.

Em Portugal, a taxa de dependência de petróleo bruto, gás natural e combustíveis sólidos rondou, em 2019, os 74%, sendo que no ano de 2000 era superior a 85%. Como já foi referido, a União Europeia depende principalmente da Rússia para as importações dos três tipos de energia, sendo a Noruega o segundo principal fornecedor de petróleo bruto e gás natural.

Em 2020, e segundo esta infografia do Eurostat, o gás natural importado por Portugal tinha origem maioritária na Nigéria, seguida pelos EUA e só depois pela Rússia. O cenário é parecido para países como a Alemanha, a França e a Itália, onde a Rússia estava pelo menos nas três primeiras posições de fornecedores de gás natural em 2020. Avaliação do Polígrafo: VERDADEIRO (Polígrafo, texto da jornalista Salomé Leal)

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