quinta-feira, novembro 07, 2019

Programa de Governo: inclusão, assuntos sociais e cidadania

Inclusão, Solidariedade e Segurança Social

O Governo Regional pretende desenvolver uma estratégia assente em valores humanistas e de cidadania, essencialmente focada na inclusão das pessoas mais vulneráveis e com maiores carências e com uma atenção particular à população mais idosa, àqueles que perderam o seu posto de trabalho, aos mais carenciados, às crianças e jovens em risco e às pessoas com deficiência. Assegurar maior igualdade e coesão social é o caminho privilegiado para viabilizar a sustentabilidade regional. O bem-estar e o desenvolvimento inclusivo são pilares fundamentais de um modelo de crescimento equilibrado, capaz de proporcionar a melhoria das condições de vida das famílias madeirenses e porto-santenses.
Para concretizar tal objetivo, há uma aposta clara na promoção do crescimento, na criação de emprego, na redução da pobreza e da exclusão social. O desafio da coesão social é a conjugação de esforços em todas as áreas da governação e, no caso específico da inclusão social e cidadania, privilegia uma intervenção conjunta, sempre que for mais eficiente e eficaz, com as entidades da economia social e da própria comunidade. Tendo em conta o atrás enunciado, a Intervenção Social do Governo Regional será desenvolvida de acordo com as seguintes orientações estratégicas e medidas.


Orientações Estratégicas

Combater a pobreza e a exclusão social:

·        Elaborar a “Estratégia Regional de Inclusão Social e Combate à Pobreza”, com o estabelecimento de linhas orientadoras de intervenção social nas diferentes áreas de atuação da Segurança Social, com vista à promoção da mudança e empowerment de forma inovadora e diferenciada. Pretende-se que seja um instrumento que congregue e defina toda a resposta a dinamizar e incluirá, de forma organizada, todos os Planos e
·        Projetos Regionais, neste âmbito.
·        Concretizar uma maior proteção e inclusão dos pensionistas e reformados, atribuindo, de forma faseada, um complemento social de apoio.
·        Manter e agilizar o Programa de Emergência Alimentar, por forma a garantir às famílias carenciadas o acesso a géneros alimentícios ou refeições diárias.
·        Garantir a distribuição de géneros alimentícios no âmbito do Fundo de Auxílio Europeu às Pessoas Mais Carenciadas - Programa Operacional de Apoio às Pessoas Mais Carenciadas (FEAC - PO APMC), em todos os concelhos da RAM.
·        Garantir ajuda económica de emergência, através de subsídios de cooperação familiar ou outros instrumentos de ajuda financeira de ação social.
·        Alargar a rede de lojas sociais.

Valorizar e proteger a população idosa:

·        Conceber o Programa Regional para o Envelhecimento Ativo 2020-2023.
·        Reestruturar o Serviço de Ajuda Domiciliária:
- Reforçar o apoio domiciliário aos idosos, bem como aumentar o número de idosos abrangidos pelo Serviço de Ajuda Domiciliária.
- Definir uma nova forma de atuação/intervenção junto da população idosa, através de recurso a uma equipa multidisciplinar, trabalhando numa vertente preventiva de demências e ao nível da mobilidade, para além da introdução de novas tecnologias e metodologias de apoio à população, família e equipas técnicas.
- Valorizar a ação das ajudantes domiciliárias, em termos de carreira.
- Qualificar os recursos humanos afetos ao Serviço de Ajuda Domiciliária.
·        Criar Centros de Noite para idosos, permitindo-lhes que fiquem durante o dia em suas próprias casas e que, à noite, possam estar em segurança nesses centros.
·        Aumentar o número de camas para idosos em lares, bem como dotar os lares oficiais de mais recursos humanos.
·        Reforçar a comparticipação nos medicamentos e ajudas técnicas à população idosa.
·        Dar continuidade ao sistema de alerta integrado para idosos que vivem sós (programa Teleassistência).
·        Criar um sistema de monitorização/sinalização e acompanhamento de idosos isolados, em articulação com os serviços de segurança social e da saúde, instituições da economia social e voluntariado, autarquias e forças de segurança.
·        Promover e implementar o Estatuto do Cuidador Informal.

Valorizar a família, fomentar a natalidade e proteger as crianças e jovens:

·        Dinamizar o Plano Regional para a Família e Intervenção Social 2019-2023.
·        Alargar o Projeto Regional para a Parentalidade às faixas etárias da adolescência e juventude, como forma de potenciar uma resposta especializada e de apoio aos pais, através de aconselhamento, informação, formação e fortalecimento das competências no exercício da Parentalidade Positiva, em toda a Região Autónoma da Madeira.
·        Dinamizar a resposta social de Promoção e Proteção de Crianças e Jovens - “Famílias de Acolhimento” - na RAM e aumento da Rede de Famílias de Acolhimento Credenciadas, reforçando a sua formação e acompanhamento.
·        Promover a capacitação individual e comunitária, através de técnicas inovadoras de intervenção comunitária.

Combater a Violência Doméstica:

·        Desenvolver o III Plano Regional Contra a Violência Doméstica na Região Autónoma da Madeira, como instrumento de prevenção da violência doméstica, proteção e autonomização das vítimas e alteração de comportamento dos(as) ofensores(as).
·        Aumentar a capacidade das casas de acolhimento para vítimas de violência doméstica.
·        Criar uma Casa de Emergência para Vítimas de Violência Doméstica na RAM.

Proteger, acompanhar e inserir pessoas portadoras de deficiência:

·        Elaborar o Guia Regional de Cidadania para Pessoas Portadoras de Deficiência, com vista a proteger, acompanhar e inserir estes cidadãos.
·        Proceder à implementação do programa Apoiar+, financiando os produtos e equipamentos para pessoas portadoras de deficiência ou incapacidade técnica.

Proteger e reinserir as pessoas em situação de sem-abrigo:

·        Ampliar e promover a rede de parcerias de apoio e de respostas sociais destinadas às pessoas em situação de sem-abrigo.
·        Apoiar projetos inovadores de inserção social para os sem-abrigo.
·        Reforçar e aumentar as equipas de rua destinadas à identificação e apoio às pessoas em situação de sem-abrigo.

Valorizar e promover o voluntariado:

·        Valorizar o papel do Voluntário da Região Autónoma da Madeira, como agente de cidadania e solidariedade.
·        Sensibilizar para a prática do voluntariado desde a infância e promover o voluntariado na terceira idade.
·        Apoiar as entidades que desenvolvem programas de voluntariado.

Promover a cooperação interinstitucional:

·        Reforçar os apoios e valências das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) e entidades equiparadas, num trabalho em rede, potenciando sinergias em prol da população mais carenciada.
·        Dinamizar um Plano de Formação para os dirigentes e técnicos das entidades de economia social.
·        Promover a Feira de Economia Social e Solidária.
·        Premiar Projetos de Inovação Social.

Emprego

A promoção de políticas de emprego assume-se como um dos eixos essenciais do modelo de desenvolvimento social inclusivo, com políticas proactivas, adaptadas e adequadas, capazes de produzir a necessária coesão social. No combate ao desemprego é determinante a dinamização da economia para que esta propicie a criação de novos postos de trabalho. A aposta será a de desenvolver medidas inovadoras direcionadas a favorecer um crescimento sustentável e inclusivo, que potencie o fomento de postos de trabalho.
As medidas de prevenção e combate ao desemprego passam pela ação junto dos grupos com maiores dificuldades de inserção profissional e para os quais a situação de desemprego é mais gravosa, como sejam os jovens, os mais idosos, os menos qualificados e os indivíduos que perduram em situação de desemprego prolongado. Em complemento, importa adotar medidas tendo em vista a simplificação, a modernização e a eficiência dos serviços prestados pelo Instituto de Emprego, numa lógica de descentralização e proximidade.
O objetivo principal do governo é proporcionar uma resposta mais eficiente à população que se encontra em situação de desemprego e de exclusão social, através da implementação de políticas de emprego que incluam fatores de inovação e de aproximação entre os vários agentes económicos e sociais, públicos e privados.

Orientações Estratégicas

·        Adaptar e criar medidas de emprego, numa lógica de ajustamento constante ao mercado de trabalho.
·        Reforçar a articulação entre os serviços de emprego, as entidades formativas e as empresas, tendo em vista promover ações de formação, dirigidas às necessidades de formação dos desempregados, adequando-os às necessidades das empresas.
·        Simplificar e modernizar o serviço público de emprego, com novas áreas de atendimento e informação e criação de área de acesso a serviços de emprego digitais.
·        Criar um sistema de informação de suporte e gestão da atividade do Centro de Emprego, com novas funcionalidades.
·        Criar uma rede estratégica de relação com as entidades empregadoras, para promoção de oportunidades de emprego.
·        Reforçar a Economia Social, através da criação de uma linha de crédito social no âmbito de apoio à economia social e incentivo ao desenvolvimento das atividades de natureza social e solidária das entidades sem fins lucrativos que integram o setor social com vista à (re)integração profissional de públicos desfavorecidos.
·        Garantir estratégias de intervenção dirigidas a desempregados com maiores dificuldades de Inserção.
·        Dar continuidade à política de criação do próprio emprego, através da concessão de apoios no âmbito do Programa de Estímulo ao Empreendedorismo de Desempregados (PEED).
·        Premiar as entidades que desenvolvam projetos nas áreas da economia verde, azul e circular e nos concelhos com baixa densidade populacional.
·        Criar um Programa de Emprego exclusivamente para pessoas com deficiência.

Trabalho, Igualdade e Cidadania

Num programa de governo marcado pelas preocupações sociais, o desafio que se impõe é o da procura do crescimento económico, sem detrimento da melhoria das condições de vida da população em geral e dos trabalhadores em particular, do fomento do empreendedorismo produtivo, dignificando o Trabalho, diminuindo as desigualdades socioeconómicas, na procura de condições de coesão social, através de políticas humanizantes e de inclusão, sem injustiças e desequilíbrios.
A harmonia nas relações laborais, o entendimento entre os agentes do processo laboral – empregadores e trabalhadores, através das respetivas associações profissionais – assente em padrões de equilíbrio e justiça social, através da ação conciliadora dos órgãos e serviços governamentais do sector, é essencial para a manutenção de um clima de paz social, gerador de um quadro de estabilidade, sustentabilidade e confiança, propiciador do investimento e da criação de emprego, com qualidade e preocupações sociais.
O diálogo social, construtivo e eficaz, constitui um pilar essencial na política laboral, e como tal, uma forma participada, responsável de agir em tripartismo, para a superação de constrangimentos e conflitos, na procura de soluções consensuais e justas, de modo a convergir para a necessária retoma económica, com empresas sólidas e trabalho em condições de satisfação e dignidade.
Numa Região em que se assume o diálogo e a coesão social como desígnios fundamentais, torna-se necessária a mobilização e compreensão de todos para o exercício de uma cidadania ativa e plena.
Assim, a cidadania assumirá um especial enfoque neste mandato. O reforço da cidadania é, aliás, um dos grandes desafios dos tempos atuais, porque é pelo exercício da cidadania, nos seus diferentes contextos, que uma sociedade se desenvolve mais coesa, atenta, acessível e inclusiva.
É este exercício, portanto, uma condição para a pertença a uma comunidade plural e democrática, que se constitui como pilar para uma melhor e mais justa organização social.
Uma organização transversal às mais distintas faixas etárias, realidades e estratos sociais que deve equilibrar sem discriminar, garantindo igualdade de oportunidades e uma vivência onde as diferenças coexistem e são respeitadas e há interligação entre entidades, e enfoque em torno da consciência comum. E aqui o Governo tem um papel preponderante, nomeadamente no minimizar das barreiras que possam existir, sejam elas étnicas, raciais, de género, de idade, de orientação sexual ou outras.
Uma verdadeira cidadania exige ainda transparência e frontalidade nos atos e nos processos políticos, um modo de fomentar a democracia e de potenciar o envolvimento da população. E exige, ainda, o papel presente, ativo e insubstituível dos diferentes órgãos de comunicação social que, em liberdade, prestam verdadeiro serviço público de escrutínio à sociedade e à população.
Neste enquadramento, o Governo Regional define que a sua estratégia visa aprofundar e valorizar a cidadania como uma prerrogativa de todos e de cada um, que ajude a valorizar os cidadãos e a enriquecer a democracia.


Orientações Estratégicas

Valorização do Trabalho, Igualdade e Cidadania:

·        Reforçar a concertação social, ampliando os setores abrangidos pelos Contratos Coletivos de Trabalho e incentivando, junto dos parceiros sociais, a opção pelos Acordos de Empresa.
·        Assegurar a revalorização dos acréscimos ao salário mínimo nacional.
·        Dinamizar programas e ações no domínio da Segurança e Saúde no Trabalho acentuando a ação informativa, formativa e preventiva em geral.
·        Reforçar a ação da Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CRITE), de composição tripartida.
·        Dinamizar o Conselho Económico e de Concertação Social da Madeira.
·        Melhorar a capacidade inspetiva e de atuação em matéria laboral, por forma a aumentar a capacidade de regulação do mercado de trabalho.
·        Promover ações de formação/informação relativas às matérias do mundo laboral (princípios, legislação, “boas práticas”, segurança/prevenção) junto das escolas, ensino superior, associações sem fins lucrativos, entidades sindicais e empregadoras.
·        Dinamizar os objetivos definidos na II Estratégia Regional para a Segurança e Saúde no Trabalho.
·        Implementar o Plano de Ação para a Segurança e Saúde no Trabalho (SST) na Administração Pública 2020, definido pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 28/2019, de 13 de fevereiro.

Fortalecer a Igualdade e Cidadania:

·        Implementar o IV Plano Regional para a Igualdade e Cidadania Ativa.
·        Elaborar e divulgar o Guia Regional para a eliminação de estereótipos de género.
·        Reformular e promover o “Guia Regional para a Conciliação da Vida Profissional e Familiar”.
·        Coordenar e promover a ação da Comissão Regional para a Igualdade no Trabalho e no Emprego.

Habitação Social

A Habitação constitui um dos eixos fundamentais da política pública, que possibilita uma intervenção social transversal de apoio à população da Região Autónoma da Madeira. A intervenção pública deve adequar-se às necessidades. Devem ser privilegiadas soluções que permitam recuperar as habitações próprias, procurando-se encontrar mecanismos de apoio à população com dificuldades de pagamento das habitações adquiridas. A falta de rendimento de algumas famílias para fazer face aos créditos bancários e rendas, entrando em situações de incumprimento, requerem programas proactivos evitando que as famílias percam as suas habitações. A política de proximidade é indispensável na concretização da política habitacional pelo que é necessário inovar na intervenção social integrando as famílias, os parceiros públicos e privados através do desenvolvimento de projetos de cariz social.

Orientações Estratégicas

·        Aumentar o Parque Habitacional público, através da construção, reabilitação e aquisição, adequando-o às novas realidades sociais e demográficas, nomeadamente aos grupos mais vulneráveis (famílias desempregadas, monoparentalidade, idosos, sem-abrigos, vítimas de violência doméstica, entre outras realidades vividas em contexto familiar).
·        . Atribuir apoios às famílias que recorrem ao mercado privado de arrendamento ou à
·        aquisição de habitações, criando, assim, um verdadeiro incentivo à dinamização do
·        mercado de arrendamento e aquisição de habitações a custos económicos.
·        Criar um mercado social para aquisição e arrendamento, através de uma bolsa de imóveis privados existentes na Região e criação de um sistema de apoios, a conceder aos candidatos para aquisição ou arrendamento de imóveis incluídos nessa bolsa.
·        Criar incentivos à descentralização na procura de uma habitação, por parte das famílias, com acréscimo nos apoios a conceder pelo Governo Regional à aquisição ou arrendamento de imóveis para habitação permanente, beneficiando os concelhos com menor pressão urbanística.
·        Apoiar as famílias na reabilitação das suas habitações, alargando o âmbito de intervenção do Programa Regional de Recuperação de Imóveis Degradados (PRID).
·        Incentivar as famílias à compra de terrenos constituídos em direitos de superfície, através da alteração da portaria que determina o cálculo para os preços de venda.
·        Reforçar a aposta da melhoria das condições habitacionais públicas, nomeadamente o conforto, segurança e acessibilidades a pessoas com mobilidade reduzida, com a consequente valorização patrimonial de um ativo do Governo Regional.
·        Melhorar a intervenção física, social e desenvolvimento integrado nos complexos habitacionais:
·         
- Articulação com outras entidades regionais e fomento de parcerias com instituições particulares de solidariedade social para apoio às famílias, nas áreas de proteção social, saúde, educação, desporto e emprego.
- Reforço das ações de educação para os Direitos e Deveres dos moradores dos complexos habitacionais.
- Promoção da integração urbanística e paisagística do parque habitacional público e privado.
- Promoção da gestão habitacional pública e privada nos domínios de administração, conservação e reabilitação.
- Combater os problemas de marginalização e exclusão social nos bairros, através da estreita cooperação entre municípios, organizações e outras áreas de tutela do Governo.
- Concretização da celebração de acordos de colaboração com o Governo da República, com vista à construção, aquisição e recuperação de habitações para arrendamento social, sobretudo no domínio dos financiamentos nacionais;
- Conclusão dos investimentos aprovados no quadro comunitário 2014-2020;
- Garantir financiamento no quadro comunitário 2021-2027 na área da Habitação para a RAM.
·        Obter apoios nacionais e europeus - Manutenção do recurso aos programas nacionais e da afetação de financiamentos comunitários.
·        Modernizar e adequar a estrutura organizacional aos novos desafios do setor da habitação.

Defesa do Consumidor

Compete ao Governo Regional zelar pela defesa da população, numa ótica de informação acerca dos seus direitos e deveres em matéria de consumo dos bens e serviços colocados à sua disposição.

Orientações Estratégicas

·        Desenvolver ações e campanhas de informação, formação e sensibilização, bem como através dos meios de comunicação social, para capacitação dos consumidores.
·        Promover o Incentivo à mediação como meio alternativo ao recurso aos tribunais, privilegiando este mecanismo de resolução extrajudicial de conflitos de consumo.
·        Promover o consumo sustentável e a economia circular através de ações/campanhas que visem a consciencialização para a emergente necessidade de alteração de comportamentos e hábitos de consumo, cumprindo o dever de consciência ambiental.

Sem comentários: