"Desiludam-se os que julgam que existe uma alternativa clara capaz de nos conduzir por caminhos diferentes, de menos austeridade. É triste reconhecê-lo, mas a verdade é esta: os discursos demagógicos e populistas da oposição, particularmente do PS, que tenta aproveitar-se para fins eleitorais de qualquer desleixo ou tiro-no-pé deste governo de coligação, como se a asneirada não passasse de uma mera mais-valia eleitoral e não mais do que isso, não resolvem coisa nenhuma, rigorosamente nada e muito menos constroem alternativas governamentais sustentadas e viáveis.
É mais do que evidente o descontentamento existente entre os cidadãos. Penso que já atingimos os limites. Forçá-los significa que estamos a incentivar a revolta. Uma sondagem publicada no passado fim-de-semana mostrou um PS muito longe da maioria absoluta, mas com uma dimensão eleitoral, em termos percentuais, preocupante porque superior ao somatório dos valores atribuídos aos dois partidos da coligação. Outra conclusão curiosa prende-se com o facto dos chamados partidos de esquerda – PS, PC e Bloco - somarem cerca de 60 por cento dos valores constantes da referida sondagem, a que se junta a acentuada queda da imagem e da popularidade de Passos e de Cavaco – outra coisa não seria de esperar… – mas com Paulo Portas a controlar essa perda e a resistir nos valores que normalmente lhe são atribuídos. Ao contrário do CDS que passou a ser o último entre os partidos políticos.
Penso que o parceiro de coligação do PSD começa a olhar para esta realidade de forma preocupada e que dificilmente permitirá uma maior degradação da situação política e eleitoral que hoje se coloca a um partido que não só luta pela sua sobrevivência no actual contexto político-eleitoral, mas que provavelmente será confrontado com a inevitabilidade de cuidar da sua própria existência, evitando o desaparecimento puro e simples da cena política nacional. Portas sabe disso e por isso não quer eleições.
Esta sucessão de sondagens e de resultados negativos para o CDS farão com que Paulo Portas não abdique da reafirmação da sua oposição a um agravamento da penalização das reformas e pensões. Embora não o assuma – ao invés de Coelho que foi obrigado a afirmar num jantar do PSD que mesmo que perca as eleições autárquicas, o que vai acontecer inevitavelmente, faltando apenas conhecer a dimensão desse descalabro eleitoral, não se demitirá – Portas teme pelo futuro do CDS fora do governo na actual conjuntura. Por isso, preferirá sempre todas as piruetas possíveis e imaginárias - na esperança de ganhar tempo e que uma pretensa melhoria da situação no país possa, politica e eleitoralmente, beneficiar o seu partido - a provocar uma crise política que se volte contra ele.
Neste quadro, é certo que não perspectivo, num momento de tensão inegável, qualquer jura de fidelidade total ao governo e ao acordo com o PSD da parte de Portas. Garantem-me que há pressões internas junto de Portas apelando à defesa das chamadas bandeiras eleitorais mais tradicionais do CDS, tudo devido ao temor que um descalabro eleitoral em Outubro, nas autárquicas, lance o partido no caos interno. O CDS, no fundo tal como o PSD, temem que um desaire eleitoral em Outubro possa ser um previsível rastilho para uma revolta interna acompanhada da exigência da demissão das lideranças, sobretudo, no caso do CDS, por alguns notáveis e estruturas de militantes que têm vindo a distanciar-se da coligação e das medidas propostas por Gaspar, que é na realidade quem manda no governo.
Estamos a falar de uma personagem execrável aos olhos dos cidadãos, um falhado funcionário bancário promovido a ministro por pressão externa, depois de falhadas outras tentativas, uma personagem conhecida, aliás já antes de ser ministro quando induziu um anterior ministro das finanças a erros sistemáticos que vieram a causar-lhe a demissão, um ministro que tem falhado todas as previsões - não acertou uma que fosse - que se comporta de forma arrogante e convencida, sem razões para tal e que é incapaz, a par da incompetência que demonstra, de separar a diferença, o tremendo fosso, entre a teoria do excel, na qual ele pode ter a pretensão de ser especialista, e o país real, o quotidiano dos cidadãos. Além disso, é politicamente desastrado e insignificante, tendo demonstrado de forma absolutamente patética uma compreensível aversão proto fascizante à própria possibilidade de ser eleito. Mas que se revela um sabichão manipulador no que toca a cuidar da sua imagem pessoal e que usa uma pretensa credibilidade em Bruxelas como instrumento de chantagem e de pressão junto de Coelho, ganhando facilmente a dependência deste. Na realidade Gaspar é um pau-mandado do ainda amais asqueroso ministro alemão das finanças.
É voz corrente, retomando o tema deste meu texto de hoje, que Portas ficou agastado com o facto de que, apesar de ser o líder do CDS, parceiro de coligação - e todos sabermos que sem o CDS não havia governo de coligação - Coelho tivesse desvalorizado o posicionamento hierárquico de Portas no governo de uma forma que vários sectores internos do CDS classificaram de provocatória e desnecessária. Sabe-se que quando isso aconteceu, numa reunião política do CDS posterior a essas declarações de Coelho numa entrevista televisiva, vários dirigentes centristas lembraram que apesar da influência que o anterior ministro das finanças Teixeira dos Santos tinha no governo socialista e sobretudo junto de Sócrates, nunca se passou nada semelhante relativamente aos demais ministros socialistas, mormente os com maior peso político no governo do PS.
Acresce o facto, mais recente, de que Portas terá ficado irritado quando, depois da crise política que chegou a colocar em causa a continuidade do governo, Coelho tenha solicitado uma audiência a Cavaco Silva fazendo-se acompanhar apenas de Gaspar, deixando de parte o líder do parceiro de coligação, que ainda por cima ficou propositadamente em Lisboa, depois de cancelar uma deslocação a países árabes. No CDS houve quem tivesse falado num acto de indelicadeza e de provocação deliberada de Coelho a Portas e ao CDS, havendo hoje também quem associe essa insatisfação à estranha ausência de Portas, dias depois, na posse dos novos ministros.
E já não falo nos frequentes sinais de perda de paciência no PSD que nem mesmo o facto de estarmos perante declarações oportunistas incentivadas pela proximidade das autárquicas, podem servir de explicação. Começa a haver da parte de certos dirigentes intermédios – e fala-se num conturbado jantar, na semana passada, na sede do PSD entre Coelho e os dirigentes distritais – a preocupação de transmitir interna, mas também publicamente, a insatisfação que reina entre as bases social-democratas o que indicia que alguma instabilidade poderá ocorrer por ocasião da anunciada derrocada eleitoral nas autárquicas.
Não havendo uma alternativa política, neste momento, viabilizada por um cenário de eleições antecipadas, e existindo o risco de mergulhar o país numa crise política, paralisando-o durante alguns meses, desfecho esse que terá efeitos altamente nefastos para todos nós, quer em termos financeiros e orçamentais, dada a nossa dependência face aos credores e à tróica, mas quer sobretudo pelo espectro de um impasse político grave resultante do falhado desfecho de eleições antecipadas, em termos de governação sustentada e estabilizada. Corremos muito claramente o risco de nos confrontarmos perigosamente com uma situação semelhante à da Itália onde provavelmente nem faltarão palhaços à imagem e semelhança de Pepe Grillo. Estou altamente preocupado, confesso" (LFM-JM, a publicar na próxima edição e escrito antes dos acontecimentos políticos nacionais que ameaçam nova crise)
É mais do que evidente o descontentamento existente entre os cidadãos. Penso que já atingimos os limites. Forçá-los significa que estamos a incentivar a revolta. Uma sondagem publicada no passado fim-de-semana mostrou um PS muito longe da maioria absoluta, mas com uma dimensão eleitoral, em termos percentuais, preocupante porque superior ao somatório dos valores atribuídos aos dois partidos da coligação. Outra conclusão curiosa prende-se com o facto dos chamados partidos de esquerda – PS, PC e Bloco - somarem cerca de 60 por cento dos valores constantes da referida sondagem, a que se junta a acentuada queda da imagem e da popularidade de Passos e de Cavaco – outra coisa não seria de esperar… – mas com Paulo Portas a controlar essa perda e a resistir nos valores que normalmente lhe são atribuídos. Ao contrário do CDS que passou a ser o último entre os partidos políticos.
Penso que o parceiro de coligação do PSD começa a olhar para esta realidade de forma preocupada e que dificilmente permitirá uma maior degradação da situação política e eleitoral que hoje se coloca a um partido que não só luta pela sua sobrevivência no actual contexto político-eleitoral, mas que provavelmente será confrontado com a inevitabilidade de cuidar da sua própria existência, evitando o desaparecimento puro e simples da cena política nacional. Portas sabe disso e por isso não quer eleições.
Esta sucessão de sondagens e de resultados negativos para o CDS farão com que Paulo Portas não abdique da reafirmação da sua oposição a um agravamento da penalização das reformas e pensões. Embora não o assuma – ao invés de Coelho que foi obrigado a afirmar num jantar do PSD que mesmo que perca as eleições autárquicas, o que vai acontecer inevitavelmente, faltando apenas conhecer a dimensão desse descalabro eleitoral, não se demitirá – Portas teme pelo futuro do CDS fora do governo na actual conjuntura. Por isso, preferirá sempre todas as piruetas possíveis e imaginárias - na esperança de ganhar tempo e que uma pretensa melhoria da situação no país possa, politica e eleitoralmente, beneficiar o seu partido - a provocar uma crise política que se volte contra ele.
Neste quadro, é certo que não perspectivo, num momento de tensão inegável, qualquer jura de fidelidade total ao governo e ao acordo com o PSD da parte de Portas. Garantem-me que há pressões internas junto de Portas apelando à defesa das chamadas bandeiras eleitorais mais tradicionais do CDS, tudo devido ao temor que um descalabro eleitoral em Outubro, nas autárquicas, lance o partido no caos interno. O CDS, no fundo tal como o PSD, temem que um desaire eleitoral em Outubro possa ser um previsível rastilho para uma revolta interna acompanhada da exigência da demissão das lideranças, sobretudo, no caso do CDS, por alguns notáveis e estruturas de militantes que têm vindo a distanciar-se da coligação e das medidas propostas por Gaspar, que é na realidade quem manda no governo.
Estamos a falar de uma personagem execrável aos olhos dos cidadãos, um falhado funcionário bancário promovido a ministro por pressão externa, depois de falhadas outras tentativas, uma personagem conhecida, aliás já antes de ser ministro quando induziu um anterior ministro das finanças a erros sistemáticos que vieram a causar-lhe a demissão, um ministro que tem falhado todas as previsões - não acertou uma que fosse - que se comporta de forma arrogante e convencida, sem razões para tal e que é incapaz, a par da incompetência que demonstra, de separar a diferença, o tremendo fosso, entre a teoria do excel, na qual ele pode ter a pretensão de ser especialista, e o país real, o quotidiano dos cidadãos. Além disso, é politicamente desastrado e insignificante, tendo demonstrado de forma absolutamente patética uma compreensível aversão proto fascizante à própria possibilidade de ser eleito. Mas que se revela um sabichão manipulador no que toca a cuidar da sua imagem pessoal e que usa uma pretensa credibilidade em Bruxelas como instrumento de chantagem e de pressão junto de Coelho, ganhando facilmente a dependência deste. Na realidade Gaspar é um pau-mandado do ainda amais asqueroso ministro alemão das finanças.
É voz corrente, retomando o tema deste meu texto de hoje, que Portas ficou agastado com o facto de que, apesar de ser o líder do CDS, parceiro de coligação - e todos sabermos que sem o CDS não havia governo de coligação - Coelho tivesse desvalorizado o posicionamento hierárquico de Portas no governo de uma forma que vários sectores internos do CDS classificaram de provocatória e desnecessária. Sabe-se que quando isso aconteceu, numa reunião política do CDS posterior a essas declarações de Coelho numa entrevista televisiva, vários dirigentes centristas lembraram que apesar da influência que o anterior ministro das finanças Teixeira dos Santos tinha no governo socialista e sobretudo junto de Sócrates, nunca se passou nada semelhante relativamente aos demais ministros socialistas, mormente os com maior peso político no governo do PS.
Acresce o facto, mais recente, de que Portas terá ficado irritado quando, depois da crise política que chegou a colocar em causa a continuidade do governo, Coelho tenha solicitado uma audiência a Cavaco Silva fazendo-se acompanhar apenas de Gaspar, deixando de parte o líder do parceiro de coligação, que ainda por cima ficou propositadamente em Lisboa, depois de cancelar uma deslocação a países árabes. No CDS houve quem tivesse falado num acto de indelicadeza e de provocação deliberada de Coelho a Portas e ao CDS, havendo hoje também quem associe essa insatisfação à estranha ausência de Portas, dias depois, na posse dos novos ministros.
E já não falo nos frequentes sinais de perda de paciência no PSD que nem mesmo o facto de estarmos perante declarações oportunistas incentivadas pela proximidade das autárquicas, podem servir de explicação. Começa a haver da parte de certos dirigentes intermédios – e fala-se num conturbado jantar, na semana passada, na sede do PSD entre Coelho e os dirigentes distritais – a preocupação de transmitir interna, mas também publicamente, a insatisfação que reina entre as bases social-democratas o que indicia que alguma instabilidade poderá ocorrer por ocasião da anunciada derrocada eleitoral nas autárquicas.
Não havendo uma alternativa política, neste momento, viabilizada por um cenário de eleições antecipadas, e existindo o risco de mergulhar o país numa crise política, paralisando-o durante alguns meses, desfecho esse que terá efeitos altamente nefastos para todos nós, quer em termos financeiros e orçamentais, dada a nossa dependência face aos credores e à tróica, mas quer sobretudo pelo espectro de um impasse político grave resultante do falhado desfecho de eleições antecipadas, em termos de governação sustentada e estabilizada. Corremos muito claramente o risco de nos confrontarmos perigosamente com uma situação semelhante à da Itália onde provavelmente nem faltarão palhaços à imagem e semelhança de Pepe Grillo. Estou altamente preocupado, confesso" (LFM-JM, a publicar na próxima edição e escrito antes dos acontecimentos políticos nacionais que ameaçam nova crise)