"Subitamente, o Governo e a oposição despertaram, embora em campos opostos, para uma realidade que era óbvia e evidente: o esforço de reestruturação da economia portuguesa tem de continuar para além da troika. Ou seja, a partida do trio formado por FMI, BCE e UE não significa o fim da miséria que temos vivido. O desemprego, o combate ao défice - ou se preferirem, sem qualquer eufemismo, o empobrecimento - não vão desaparecer.
Vítor Gaspar, que chamou a atenção para o assunto num documento fastidioso chamado DEO (Documento de Estratégia Orçamental), referiu que durante pelo menos quatro governos esse esforço teria de ser mantido. É o óbvio, que durante dois anos este Governo escondeu, ou tentou esconder, recusando o diálogo e o consenso.
Há 15 dias escrevi aqui (Falem a sério dos cortes no Estado ) que, contas por alto, o corte teria de ser de quase 10 mil milhões até 2030 (faltam 17 anos, pelo menos cinco e não quatro governos). Gaspar já chegou aos 6,5 mil milhões, e a conta não fica por aqui.
Pela enormidade da tarefa e pelo prazo alargado é impensável que não haja um compromisso (é, como diz João Proença, uma palavra mais apropriada do que consenso) entre as principais forças políticas. Fugir a este dever para com o país é absolutamente irresponsável e só pode descambar - e aí o ministro das Finanças diz bem - numa hecatombe pior do que aquela que vivemos: seja a saída do Euro seja a nossa bancarrota definitiva.
Veremos, agora que o PS arrumou, de certo modo, a casa, se há coragem de um lado e de outro, para fazer o que tem de ser feito: equilibrar as contas do país da forma menos injusta e agressiva possível. Porque apesar dos enormes sacrifícios dos trabalhadores e da sua revolta, tantas vezes justa, não se lhes pode - a não ser com desfaçatez e demagogia totais - prometer-lhes o paraíso". (texto de Henrique Monteiro, Expresso com a devida vénia)
Vítor Gaspar, que chamou a atenção para o assunto num documento fastidioso chamado DEO (Documento de Estratégia Orçamental), referiu que durante pelo menos quatro governos esse esforço teria de ser mantido. É o óbvio, que durante dois anos este Governo escondeu, ou tentou esconder, recusando o diálogo e o consenso.
Há 15 dias escrevi aqui (Falem a sério dos cortes no Estado ) que, contas por alto, o corte teria de ser de quase 10 mil milhões até 2030 (faltam 17 anos, pelo menos cinco e não quatro governos). Gaspar já chegou aos 6,5 mil milhões, e a conta não fica por aqui.
Pela enormidade da tarefa e pelo prazo alargado é impensável que não haja um compromisso (é, como diz João Proença, uma palavra mais apropriada do que consenso) entre as principais forças políticas. Fugir a este dever para com o país é absolutamente irresponsável e só pode descambar - e aí o ministro das Finanças diz bem - numa hecatombe pior do que aquela que vivemos: seja a saída do Euro seja a nossa bancarrota definitiva.
Veremos, agora que o PS arrumou, de certo modo, a casa, se há coragem de um lado e de outro, para fazer o que tem de ser feito: equilibrar as contas do país da forma menos injusta e agressiva possível. Porque apesar dos enormes sacrifícios dos trabalhadores e da sua revolta, tantas vezes justa, não se lhes pode - a não ser com desfaçatez e demagogia totais - prometer-lhes o paraíso". (texto de Henrique Monteiro, Expresso com a devida vénia)