domingo, novembro 18, 2012

Rangers: a elite do futebol escocês já não passa de uma simples recordação

“Equipa com mais títulos do futebol mundial sucumbiu com problemas financeiros e foi parar ao quarto escalão na Escócia. Caminho é longo. Falar da grandeza de um clube é sempre uma tarefa complicada porque há demasiadas variantes a afectar o resultado final, mas dificilmente se arranja uma estatística que afaste o Rangers do topo da lista. Com 54 títulos de campeão, 33 Taças da Escócia e 27 Taças da Liga, a equipa de Glasgow é, com uma vantagem confortável, a equipa no mundo que mais títulos conquistou a nível nacional. O Celtic tenta segui-lo de perto e desde a viragem do milénio até tem mais títulos, mas os números absolutos continuam a ser esmagadores. O futebol escocês pode não ter a dimensão de outros campeonatos, mas está a falar-se de uma equipa que também já venceu uma Taça das Taças (1972) e que recentemente atingiu a final de uma Taça UEFA, perdida para os russos do Zenit em 2008. Com jogadores como Capucho ou Pedro Mendes no seu historial, o Rangers atraiu ainda grandes figuras do futebol internacional, como Paul Gascoigne, Gennaro Gattuso, Mikel Arteta ou Ronald de Boer. A ligação a Portugal cresce quando se notam os sucessivos confrontos contra equipas nacionais, destacando- -se o FC Porto – Liga dos Campeões – e o Sporting – uma vez na Taça UEFA e outra na Liga Europa. O domínio partilhado com o Celtic é tão esmagador que é preciso recuar até 1985 para apontar a última vez que o campeão foi um outsider – o Aberdeen orientado por Alex Ferguson. De resto, desde 2006/2007 que os primeiros dois classificados foram sempre Celtic e Rangers, com três títulos para cada um. Este ano isso vai mudar. O Rangers pagou caros os erros a nível financeiro e não conseguiu salvar-se. O escândalo começou a estalar em Fevereiro de 2012, com a dedução imediata de 10 pontos, e passou rapidamente para um estado declarado de falência. O futuro da equipa foi votado por todos os clubes da liga e o destino foi o pior dos dois possíveis: recomeçar a partir do quarto escalão já esta época, e não do segundo, como chegou a ser proposto. A debandada de jogadores foi encarada com naturalidade e o presente envergonha o passado. Os adeptos continuam a acompanhar a equipa para todo o lado – o primeiro jogo em casa contou com uma assistência de 49 118 espectadores – e apostam num regresso meteórico à primeira divisão, mesmo sabendo que isso nunca poderá acontecer antes de 2015/2016.
Exemplos
O Rangers não será a primeira equipa a conseguir subir do quarto escalão até ao primeiro. A começar na edição de 1994-1995 da Third Division, há quatro exemplos. O Livingston é o mais consolidado – cinco anos desde o título no escalão até ser terceiro no campeonato em 2001/2002, apenas atrás do Celtic e Rangers – mas o Inverness Caledonian Thistle e o Hamilton também o fizeram, ambos num espaço de sete anos. O exemplo mais rápido continua a ser o do Gretna, embora o desfecho não seja o mais favorável. Entre 2004/2005 e 2006/2007 o clube foi sempre campeão e chegou à elite em apenas três épocas. Porém, a estreia entre os primeiros ficou marcada por problemas financeiros que ditaram o fim do clube. É disto que o Rangers acaba de sair e a que procura escapar no futuro. Para já, o início não está a ser mau. Como se viu, os adeptos não viraram as costas ao clube e as primeiras jornadas confirmaram o teórico favoritismo de uma equipa que já não tem estrelas. O Rangers lidera a tabela com 21 pontos em dez jornadas, com dois de vantagem sobre o Elgin City, que tem mais um jogo disputado. O primeiro objectivo está a ser cumprido(texto do jornalista Rui Pedro Silva do Jornal I, com a devida vénia)