domingo, novembro 18, 2012

Franceses da Vinci oferecem preço mais alto pela ANA

Segundo o Económico, num texto dos jornalistas Maria Teixeira Alves e Nuno Miguel Silva, “os franceses da Vinci, assessorados juridicamente por José Luís Arnaut, apresentaram a proposta mais alta em termos de preço, soube o Diário Económico. Em segundo lugar, terá ficado a Flughafen Zürich, a empresa que gere o aeroporto de Zurique. Segundo a secretária de Estado do Tesouro, em algumas propostas o valor oferecido representa "12 a 13 vezes" o EBITDA, ou seja, entre os 2,4 e 2,6 mil milhões de euros. Além de ser o maior grupo mundial na área das infra-estruturas, a Vinci já está Portugal, sendo a maior accionista da Lusoponte (37%), e conta com um parceiro financeiro de peso: o fundo soberano do Qatar, através da subsidiária Qatari Diar Real Estate Development Company, que é a maior accionista do grupo francês. Aliás, a vertente financeira foi bem evidenciada ontem no final do Conselho de Ministros onde foram reveladas as cinco propostas que passaram à fase final de privatização da ANA. "O enfoque foi colocado no critério preço, mas também contou a análise do projecto estratégico e, nesse sentido, foi ouvido o conselho de administração da ANA. As propostas que passaram à fase vinculativa coincidem com as que apresentaram os melhores preços", revelou Maria Luís Albuquerque, secretária de Estado do Tesouro. A hierarquia proposta pelos assessores do Governo difere da lista escolhida pelo Conselho de Ministros pois tinha por base um ‘mix' de critérios entre preço e proposta industrial, segundo o Diário Económico soube. Assim, passou à segunda fase a Blink, que é constituído pelos colombianos da Odinsa e a portuguesa Mota-Engil; a Eama, constituído pela Corporación América com parceiros portugueses e brasileiros; os alemães da Fraport; os franceses da Vinci; e a gestora do aeroporto de Zurique, a Flughafen Zurich. As piores propostas financeiras foram a da Ferrovial, da GIP (Global Infrastructure Partners) e o consórcio brasileiro CCR/Odebrecht. Até ao dia 14 de Dezembro os candidatos que passaram à segunda fase terão de apresentar uma proposta definitiva que terá de incluir um plano de financiamento, concreto e estruturado, da operação. Isto implica que os candidatos tenham capacidade de arranjar financiamento. Mais uma vez os franceses da Vinci, pelo facto de terem um elevado ‘cash flow', parecem levar vantagem sobre os que precisam de angariar financiamento bancário.
Consórcios não estão fechados
Alguns dos consórcios que passaram à segunda fase da privatização da ANA ainda poderão sofrer alterações na sua composição. O consórcio liderado pela Corporación América e integrado pela Sonae Sierra, Auto Sueco, Empark e Engevix, admite "não estar fechado". Este consórcio está a ser assessorado na área financeira pelo BPI e pelo banco de investimento asiático Nomura e na área jurídica pela Sérvulo & Associados. É no trilho da reformulação dos consórcios que correm os responsáveis da Odebrecht e da CCR. "Temos o trabalho mais elaborado, mais bem planeado e financiamento assegurado e, por isso, vai analisar alternativas de participação neste concurso", disse ao Diário Económico fonte próxima do consórcio brasileiro, afastado nesta primeira fase. Também ontem o presidente executivo da Odinsa, que lidera o consórcio Blink em associação com a Mota-Engil, à margem do encontro luso-colombiano que decorreu em Lisboa, expôs a mesma ideia e detalhou que as participações com o seu parceiro português na corrida à privatização da ANA ainda não estão decididas. Vítor Manuel Cruz Vega referiu que o objectivo é que a sua empresa tenha a maioria do capital. Quanto aos parceiros financeiros prevê ter a escolha das instituições financeiras em Dezembro. Gérman Efromovitch, presidente do grupo da Avianca, que está a concorrer à privatização da TAP, também ontem em Portugal, respondeu com um caloroso "yes" à notícia de que a colombiana Odinsa tinha sido seleccionada para a privatização da ANA. "A sua presença dá-nos bastante gozo. A empresa colombiana, associada à Mota-Engil, tem demonstrado eficiência na maneira como está a operar o aeroporto na Colômbia e na forma como conduziu a obra de construção da nova operação", disse. Segundo o Diário Económico soube, também o fundo britânico GIP - fundo inglês Global Infrastructure Partners, que detém 42% do aeroporto britânico de Gatwick, e que apresentou uma das propostas derrotadas na primeira fase, poderá juntar-se a um dos consórcios que ainda está na corrida à ANA. Mas há candidatos que já estão fechados na sua composição. É o caso da Vinci, que não se juntará a outros parceiros nesta corrida, e do consórcio liderado pela alemã Fraport e composto pelo fundo australiano IFM, que está a ser assessorado juridicamente por Diogo Perestrelo da Cuatrecasas, e financeiramente pelos bancos JP Morgan e Santander. Em termos de financiamento, e apesar de não ter o mesmo dinheiro em caixa da Vinci, a operadora alemã tem uma grande capacidade de obter financiamento bancário. O Diário Económico soube que há já muitos bancos estrangeiros interessados em financiar a compra da ANA pelo consórcio da Fraport. A Flughafen Zürich apresentou-se sozinha na corrida à ANA, mas como foi a última proposta não vinculativa a ser apresentada à Parpública, o mercado admite que possam agora ir angariar parceiros. A secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís de Albuquerque, adiantou ontem que "de 54 potenciais investidores, 33 assinaram acordos de confidencialidade para ter acesso ao dossier da ANA e daí resultaram oito propostas vinculativas que envolvem 23 entidades". Segundo o Governo, as propostas entregues garantem os postos de trabalho existentes e asseguram a manutenção do desenvolvimento regional, nomeadamente nas ilhas.
ANA ajuda as contas públicas
A concessão da ANA deverá permitir ao Governo português contabilizar este ano 1.100 milhões de euros, o equivalente a 0,7% do PIB, nas contas públicas deste ano. Com este encaixe, o Governo quer apresentar um défice de 5% do PIB, apesar do défice real ficar nos 6%, de acordo com cálculos das Finanças. No entanto, a operação ainda não recebeu luz verde do Eurostat. A secretária de Estado do Tesouro defendeu ontem que "a operação de concessão é necessária e prévia à operação de privatização", garantindo assim "toda a segurança jurídica e regulatória necessária". "A discussão com as autoridades estatísticas [da União Europeia] continua a decorrer. Nada está concluído. Continua a haver esclarecimento de questões técnicas", disse Maria Luís Albuquerque. Apesar da incerteza quanto à resposta do Eurostat, o FMI já sinalizou estar mais preocupado com a consolidação estrutural, que não é afectada pela operação da ANA.
ANAM vai ser privatizada
O aeroporto da Madeira (ANAM) está incluído no processo de privatização da ANA, confirmou ontem a secretária de Estado do Tesouro, sublinhando que está em curso um diálogo com o governo regional sobre o tema. Maria Luís Albuquerque disse que Alberto João Jardim pode os 20% que tem no aeroporto ou vendê-la no âmbito do processo de privatização. Segundo a secretária dos Transportes, Conceição Estudante, o governo da Madeira está disponível para negociar a cedência dos 20% do capital social da empresa, mas fonte do governo regional disse ao Diário Económico que estas negociações ainda não se iniciaram”.