Li aqui que “depois de ter falhado as projecções para o desemprego, para as receitas fiscais e para o défice orçamental, o ministro das Finanças veio ontem desvalorizar a "precisão das previsões". "Não faz sentido pensar que previsões económicas vão revelar-se correctas à décima do ponto percentual", afirmou Vítor Gaspar, em resposta às críticas do Bloco de Esquerda sobre as sucessivas falhas nas projecções. O ministro fez questão de salientar que "o sucesso do ajustamento" não depende do "grau de precisão das previsões", frisando que o importante é prosseguir com o esforço de consolidação e reforma. "Como num barco no meio de uma tempestade, é crucial manter o sentido do rumo, independentemente de a viagem ocorrer [ou não] no calendário previsto", concluiu. Vítor Gaspar foi também confrontado com novas críticas à "passividade" do Governo nas negociações com os credores. "Cresce a convicção de que o executivo não está a aproveitar as oportunidades" para melhorar o programa de assistência e que está a "subalternizar" o papel de Portugal no palco europeu, acusou o deputado do PS Fernando Medina. O ministro disse que essa ideia é "totalmente falsa" e deu como exemplo a recente revisão dos limites para o défice e dívida. O deputado do BE João Semedo foi mais longe e disse mesmo que, face ao isolamento do Governo, resta-lhe pedir a demissão e fazer a campanha eleitoral da chanceler alemã Angela Merkel. Gaspar não gostou, considerando "inaceitável e insultuosa" a "repetição da insinuação" de que o Governo está ao serviço de interesses estrangeiros. E lembrou aos deputados que "é possível discordar do Governo sem entrar na vulgaridade e baixeza de política".
