sexta-feira, julho 15, 2022

Nota: O "brilharete" eleitoral da direita nos Açores...

Sabiam que em 1996, apesar de ter perdido as regionais para o PS, tanto o PSD como o CDS juntos tinham 27 deputados contra 25 deputados da esquerda (PS e PCP). Só que nessa altura não houve geringonça de direita porque os dois partidos, tal como na Madeira, não se podiam ver... O tempo passa e tudo se resolve, mesmo sem nunca terem ganho eleições regionais nos Açores desde 1996! Depois de 24 anos fora do poder, percebe-se que tudo tenha servido, até o apoio da extrema-direita que o mesmo PSD tanto critica e de quem se distancia (?), e bem, no Continente. Pelo menos até ver... Ou já se esqueceram que o líder do Chega foi militante e autarca do PSD no tempo de Passos Coelho!

Recordemos as regionais açorianas desde 1992 até 2020:

Em 1992 o PSD dos Açores ganhava as regionais com 61.299 votos, 53,6% e elegendo 28 deputados. Contra 41.648 votos do PS, 36,4% e 21 deputados. Abstenção nos 37,6%. 

Em 1988 o PSD tinha obtido 51.503 votos, 48,6% e 26 deputados contra 37.625 votos, 35,5% e 22 deputados do PS. O CDS somou 7.472 votos, 7,1% e 2 deputados. Abstenção nos 41,2%.

Em 1996 o PSD perdeu as eleições não indo alem dos 46.415 votos, 41% e 24 deputados contra 51.880 votos, 45,8% do PS e 24 deputados. O CDS obteve 8.307 votos, 7,3% e 3 deputados. O PCP elegeu 1 deputado. O que é curioso é que neste ano PSD e CDS, com maioria dos mandatos, não formaram governo... Abstenção nos 41%.

Em 2000, tudo piorou. O PS ganhou com 48.931 votos, 49,2% e 30 deputados contra 32.295 votos, 32,5% e 18 deputados do PSD. O CDS não foi além dos 9.515 votos, 9,6% e 2 deputados, os mesmos que o PCP elegeu. Abstenção nos 47%.



Quatro anos depois, em 2004, o PS voltou a ganhar com 60.133 votos, 57% e 31 deputados contra 38.882 votos de uma coligação PSD-CDS, 36,8% e 21 deputados e que foi derrotada. Abstenção nos 44,3%. Nenhum outro partido elegeu deputados.

Em 2008 ganha o PS com uma quebra de votos, 45.070, 50% e 30 deputados, eleição que ficou marcada pela estreia do chamado círculo de compensação. O PSD não foi além dos 27.309 votos, 30,3% e 18 deputados (1 na compensação) e o CDS ficou-se pelos 7.853 votos, 8,7% e 5 deputados (1 na compensação). PPM (1, no Corvo graças aos 75 votos), Bloco de Esquerda (2 ambos na compensação) e PCP 2 mandatos (1 na compensação). A abstenção situou-se nos 53,2%.

Em 2012, volta a vencer o PS com 52.793 votos, 49% e 31 deputados (1 na compensação), contra  35.550 votos, 33% e 20 deputados do PSD (1 na compensação). O CDS somou 6.106 votos, 5,7% e 3 deputados (1 na compensação). Bloco e PCP elegeram 1 deputado (ambos por via da compensasção) e o PPM manteve o seu deputado no Corvo eleito com 86 votos. Abstenção nos 52,1%.

Quatro anos depois, em 2016, com a abstenção nos 59,2%, o PS ganha com 43.266 votos, 46,6% e 30 deputados (1 na compensação). O PSD obteve 28.790 votos, 30,9% e 19 deputados (1 na compensação). O CDS ficou-se pelos 6.674 votos, 7,2% e 4 deputados (2 na compensação). O PCP elegeu um deputado (Flores, com 655 votos!), o Bloco ficou com 2 deputados (1 na compensação) e o PPM lá manteve o deputado no Corvo com os seus 82 votos!

Finalmente em 2020, com a abstenção nos 54,6%, o PS volta a ganhar com 40.701 votos, 39,1% e 25 deputados, contra 35.091 votos, 33,7% e 21 deputados do PSD. O CDS obteve 5.734 votos, 5,5% e 3 deputados (1 na compensação). Bloco alcançou 2 deputados (1 na compensação), o PCP ficou sem deputados regionais, o PAN elegeu 1 deputado na compensação, o PPM perdeu o deputado no Corvo mas elegeu 1 deputado (nas Flores, 360 votos). Duas estreias: o Chega com 5.260 votos, 5,1% e 2 deputados (1 na compensação) e a Iniciativa Liberal com 2.012 votos, 1,9% e 1 deputado (na compensação). No caso do Corvo, o PPM coligado com o CDS elegeu 1 deputado com os seus 115 votos. Graças ao somatório dos mandatos, superior ao PS e demais esquerda, PSD-CDS-PPM formaram governo contando com o apoio parlamentar do Chega e da Iniciativa Liberal. O PSD foi o mais votado apenas na ilha do Faial, PS foi o mais votado em Santa Maria, São Miguel, Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Flores, a coligação PPM-CDS foi a mais votada no Corvo (mais 14 votos que o PS). No círculo de compensação CDS (1), Bloco (1), Chega (1) e Iniciativa Liberal (1) elegeram deputados. Votaram apenas 104.009 eleitores, 45,5% dos 229.002 inscritos. Ou seja, 124.993 eleitores, 54.6% não votaram. Sintomático!

Finalmente refira-se que no caso dos Açores, nas autárquicas de 2021, apesar do PSD (16.169 votos, 13%), ter resistido ao predomínio eleitoral do PS (34.182 votos, 27,5%), que voltou a ser o partido vencedor das eleições, os socialistas conseguiram 9 lideranças das Câmaras Municipais (Vila do Porto, Lagoa, Povoação, Angra, Vila Franca, Lajes do Pico, Lajes das Flores, Santa Cruz das Flores e Corvo) contra 5 do PSD (Nordeste, Ribeira Grande, Ponta Delgada, Madalena e São Roque do Pico), 2 do PSD-CDS-PPM (Horta e Graciosa), 1 do PSD-CDS (Vila Praia da Vitória), 1 do CDS (Velas) e 1 de Cidadãos (Velas). Nestas eleições autárquicas açorianas, a abstenção situou-se nos 45,8%. 

No caso das Legislativas nacionais de Janeiro de 2022, abstenção de 63,3%, o PS voltou a vencer nos Açores com 36.025 votos, 42,8% e 3 mandatos, contra 28.520 votos, 33,9% e 2 mandatos da coligação PSD-CDS-PPM no poder regional. O PS foi o mais votado em 8 ilhas açorianas, contra apenas uma (Faial) para a coligação liderada pelo PSD. No caso do Corvo a coligação PSD-CDS-PPM perdeu para o PS (LFM)

Sem comentários: