sexta-feira, janeiro 01, 2021

Quando a histeria e a palermice aparecem: Primeira enfermeira vacinada em Itália ameaçada nas redes sociais

 


Claudia Alivernini, de 29 anos, saltou para a ribalta em Itália no passado domingo quando se tornou na primeira pessoa no país a receber a vacina contra a covid-19. A enfermeira combateu o coronavírus na linha da frente. Agora, teve de enfrentar ameaças por ter sido vacinada. Enfermeira do hospital de doenças infecciosas Lazzaro Spallanzani em Roma, Claudia Alivernini recebeu a primeira de duas doses da vacina desenvolvida pela Pfizer e pela BioNTech na mesma altura que a bióloga Maria Capobianchi, responsável pelo laboratório de virologia que, em fevereiro passado, isolou o coronavírus pela primeira vez, e do auxiliar de saúde Omar Altobelli.

Claudia Alivernini fez parte das equipas de apoio domiciliário e realizou testes à covid-19 em postos destinados a ocupantes de veículos automóveis. Foi a primeira italiana a ser vacinada e, no domingo, recebeu a vacina de sorriso aberto. Mas desde essa exposição mais mediática, radicais antivacinas em Itália têm atacado Claudia Alivernini nas redes sociais com diversas ameaças. Já prevendo a repercussão que teria a sua imagem por ser a primeira pessoa a ser vacinada no país, bloqueou previamente os seus perfis na véspera do arranque da vacinação. Mas isso não impediu que criassem perfis falsos com o seu nome para a poderem "atacar".

"Agora veremos quando morres" foi uma das mensagens que lhe foi dirigida, a par de muitos insultos, nomeadamente nos comentários das notícias sobre a sua vacinação em órgãos institucionais, meios de comunicação social e vários grupos nas redes sociais. A enfermeira italiana está a ponderar agir judicialmente mas, garante, voltaria mil vezes a vacinar-se. "Vi demasiada gente a morrer", afirma.

Desconfiança


As ameaçadas ocorrem num país onde a desconfiança em torno das vacinas é alta e o movimento antivacinas é muito popular, sobretudo desde que em 2017 passou a ser obrigatório a vacinação de crianças contra dez doenças (como a varicela, poliomielite e sarampo). Segundo dados da Comissão Europeia, 46% dos italianos acreditam que as vacinas têm efeitos secundários graves, 32% dizem que debilitam o sistema imunitário e 34% creem que podem provocar a doença que deveriam evitar. 
Em Turim, um médico de família foi punido com um corte de 20% do salário por difundir em vídeo teorias negacionistas contra a vacina da gripe.

Segundo o primeiro-ministro Giuseppe Conte, Itália irá receber 470 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech por semana, prevendo que até ao fim de janeiro estejam vacinados mais de dois milhões de italianos. Na quarta-feira, Itália registou 16 mil novos casos e mais 575 mortos associados à covid-19, que elevam o total para 73.604 óbitos no país desde fevereiro (Jornal de Notícias)

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