terça-feira, agosto 11, 2020

Covid-19: 75% dos portugueses quer ser vacinado e 70% confia que o antivírus será seguro

Estudo de quatro universidades europeias, entre as quais a NOVA SBE, conclui que os portugueses são quem mais vontade tem de ser vacinado contra a covid-19 e também quem mais confia nas decisões políticas de contenção da pandemia. Sequelas económicas no topo das preocupações. Investigadores da Nova School of Business and Economics (SBE), sedeada em Carcavelos, em conjunto com as equipas da Universidade de Hamburgo, da Rotterdam Erasmus University e da Bocconi University, realizaram um estudo de larga escala para saberem como lida a população europeia com a ameaça do vírus e até que ponto confiam e seguem os europeus as decisões políticas em torno da pandemia. As conclusões da segunda vaga da pesquisa que envolveu sete países – Alemanha, Dinamarca, França, Holanda, Itália, Portugal e Reino Unido – revelam que 75% dos portugueses tencionam ser vacinados contra a covid-19 quando a vacina ficar disponível e 70% estão completamente confiantes de que a vacina será segura. Entre a primeira vaga de inquéritos efetuada em abril e esta segunda vaga, os portugueses mantêm-se como os europeus que maior vontade demonstram de serem vacinados, sendo a faixa etária dos 55 aos 64 anos a que manifesta maior disposição para se submeter à vacina contra a covid-19 (+6 pontos percentuais).

Os homens são os que se mostram mais dispostos a vacinarem-se (78%), assim como indivíduos com alta escolaridade (78%). Quem conhece alguém diagnosticado com o novo coronavírus está ainda mais ansioso em vacinar-se (81%). A pesquisa revela ainda que 70% dos portugueses estão completamente confiantes de que a vacina será segura, subindo a percentagem de confiança nos que têm entre 55 e 64 anos.
Inquiridos quanto à possibilidade da vacina poder não estar disponível em número suficiente para que todos sejam vacinados imediatamente, os portugueses acreditam que a prioridade deve ser definida por uma equipa nacional de especialistas (73%), pelas organizações de saúde que administram a vacina (68%) e pelo e ao Ministério da Saúde (52%).
Embora em comparação com a primeira pesquisa do estudo realizada em abril os portugueses se mostrem agora menos preocupados com o impacto da pandemia na Economia e Saúde (com exceção dos Açores), a apreensão com as consequências da pandemia permanecem altas. De entre os países europeus envolvidos na pesquisa, Portugal é onde existe uma maior preocupação com o impacto do surto, revelando que 67% dos portugueses estão muito angustiados com a eventual sobrecarga do sistema de saúde ou temem perder uma pessoa próxima, enquanto nos restantes países europeus alvo do inquérito a percentagem varia entre 23 e 60%.
Quanto às preocupações económicas, 78% dos portugueses mostram-se receosos quanto à perda de negócios das pequenas empresas (contra 36-71% em outros países da UE) e 57% dos portugueses temem ficar desempregados (contra 13-51% em outros países da UE). 35% dos portugueses estão contra apps de rastreamento de covid-19 nos telefones.
PORTUGUESES SÃO OS MAIS CONFIANTES NAS POLÍTICAS DE CONTENÇÃO
A pesquisa focou-se ainda em perceber o grau de aprovação ou desaprovação de medidas políticas adotadas (ou que provavelmente serão tomadas) pelos governos nacionais para combater o surto, sobretudo em tópicos como encerramento de escolas, proibição de ajuntamentos, fecho de fronteiras, proibição de exportação de equipamentos médicos, multas por violação de quarentena, verificações aleatórias de temperatura, recolher obrigatório, suspensão de transporte público e utilização de dados móveis para monitorizar os casos positivos.
Comparativamente com os resultados da primeira vaga, a percentagem de portugueses que aprovam políticas de contenção diminuiu de 79% para 67%, enquanto que o número de entrevistados indiferentes aumentou em 10 pontos percentuais. Ainda assim, o apoio das pessoas às políticas de contenção em Portugal ainda é o mais alto da Europa. Quanto às medidas, 47% dos portugueses desaprova o levantamento das restrições nas fronteiras na UE e 35% revela-se contra a instalação de uma aplicação de rastreamento no seu telefone.
LOCAIS DE CULTO E GINÁSIOS NO TOP DAS PREOCUPAÇÕES
Esta desaprovação tende a ser mais reprovada por pessoas com nível de educação superior (40% contra). Para 37% dos portugueses o desconfinamento está a acontecer muito rapidamente em toda a Europa, sentimento particularmente sentido entre os residentes nas regiões do Alentejo, Lisboa e Centro do país. Em termos de faixas etárias e género, são os mais novos que percecionam como muito rápido o levantamento das restrições, assim como as mulheres (42% das mulheres vs 31% dos homens). Em contrapartida, 10% das pessoas em Portugal consideram que o retorno à normalidade está acontecer muito lentamente.
Nesta segunda vaga da pesquisa, os inquiridos foram também questionados quando aos locais onde se sentem mais protegidos. O maior ceticismo é encontrado em relação a locais religiosos e academias de fitness, enquanto a visita ao médico causa a menor preocupação, seguida supermercados, restaurantes e cabeleireiros. A da NOVA SBE e das restantes três universidades associadas abrangeu inquéritos a 7000 indivíduos em cada vaga, representativos da população de sete países europeus, tendo em conta a região, idade, género e educação. A primeira vaga de trabalho de campo foi realizada entre 2 e 15 de abril de 2020 e a segunda entre 9 e 22 de junho de 2020 (Expresso, texto da jornalista Isabel Paulo)

Sem comentários: